Originada nos Estados Unidos, a crise econômica que eclodiu no último trimestre de 2008 logo se espalhou por todo – ou quase todo – o mundo, interrompendo consistentes ciclos de crescimento, levando à ruína muitas empresas, comprometendo grandes instituições bancárias, e, o que mais nos interessa, empurrando milhares de pessoas à situação de desemprego. A real dimensão do problema enfrentado, no entanto, permanece bastante nebulosa. Este assunto foi debatido na 98.a Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, que teve como resultado a adoção de uma recomendação intitulada Pacto Mundial para o Emprego. Com base nos princípios contidos no Pacto, cada país pôde formular seu pacote personalizado de medidas para sua realidade, observadas suas prioridades. No Brasil, o governo federal implementou ou ampliou diversas medidas, que vão desde a injeção de liquidez no mercado de crédito e a redução da taxa básica de juros da economia até a ampliação da cobertura do Programa Bolsa Família, a concessão de parcelas extras do seguro-desemprego e a criação de programas de qualificação profissional. A fim de delinear os verdadeiros impactos da crise econômica no mercado de trabalho brasileiro, bem como avaliar se as políticas adotadas pelo governo brasileiro foram eficazes, diversos indicadores foram pesquisados e comparados. Considerando, contudo, a diversidade de contextos entre os vários segmentos econômicos, bem como a extensão territorial brasileira, o estudo dos dados coletados foi desenvolvido de forma fragmentada: primeiramente de acordo com os três principais segmentos econômicos (agropecuária, indústria e comércio) e posteriormente segundo um critério geográfico (regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte, Distrito Federal, Recife e Porto Alegre). Os dados analisados demonstraram prima facie duas questões: a) que a crise econômica afetou a economia brasileira de forma bastante segmentada; b) que a reação esboçada pelo mercado de trabalho foi relativamente heterogênea em todo o território brasileiro.