BAIXE AQUI O CATÁLOGO BIBLIOGRÁFICO!
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APRESENTAÇÃO
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No início dos anos 2000, o Centro de Estudos da Metrópole (CEM), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDS) da FAPESP, sediado na USP e no CEBRAP, interessou-se por mapear as teses e dissertações que se voltavam a diferentes dimensões do urbano em São Paulo (a capital e/ou qualquer um de seus 645 municípios). A equipe do UrbanData-Brasil: banco de dados bibliográfico sobre o Brasil, então liderada por Licia do Prado Valladares, foi convocada. Cerca de 2000 títulos defendidos, sobretudo em programas de pós-graduação brasileiros, entre os anos de 1940 e 2004, foram coletados e classificados. Em 2018, demos início à atualização desse levantamento, estendendo o recorte temporal em dez anos (2005-2015) e mantendo no horizonte a intenção de produzir meta-análises a partir desse rico material.
São Paulo em Teses: catálogo bibliográfico (1940-2015) insere-se, portanto, em um investimento de pesquisa mais amplo, longevo e coletivo, composto por diferentes iniciativas que gravitam em torno do UrbanData-Brasil/CEM. Fruto da vontade visionária de Licia do Prado Valladares¹, desde fins dos anos 1980 o UrbanData produz e disponibiliza um conjunto de informações concernentes a pesquisas publicadas, sob diferentes formatos editoriais, acerca das várias dimensões do urbano brasileiro.
Referência incontornável da sociologia urbana, Valladares foi pioneira tanto no desenho de percursos socioetnográficos para a compreensão das favelas cariocas quanto na incorporação de ferramentas tecnológicas no trabalho de levantamento e análise de fontes bibliográficas e documentais pertinentes às cidades de todo o país. Partindo da premissa de que não há inovação científica sem escrutínio do conhecimento acumulado, era sua intenção que o UrbanData subsidiasse, em um contexto pré-Internet e de forma sistemática, o acompanhamento, registro, classificação e difusão do conhecimento acadêmico sobre o urbano brasileiro.
Ao longo dos anos 1990, o banco de dados passou a ser nacionalmente reconhecido como uma central de pesquisas que fazia jus ao caráter multidisciplinar e pluritemático dos estudos urbanos². Nesse processo, tão importante quanto o financiamento de agências brasileiras e internacionais, foram as parcerias tributárias das várias redes de que participava Valladares e que permitiram enfrentar dificuldades de toda ordem. No texto franco de apresentação de 1001 Teses sobre o Brasil Urbano: catálogo bibliográfico (1940-1989), Celso Lamparelli³, então Presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (ANPUR), destaca justamente as costuras institucionais tecidas por Licia Valladares e seus colaboradores face às limitações financeiras:
Este Catálogo é [...] o primeiro produto do projeto URBANDATA, coordenado pela Prof.ª Lícia do Prado Valladares, iniciativa muito bem acolhida pela comunidade científica, desde o II Encontro Nacional [da ANPUR] em 1987 [...]. O URBANDATA desde então vem vencendo grandes obstáculos e desventuras, iniciadas pelo incêndio dos arquivos do extinto Ministério do Desenvolvimento Urbano, em que se perdeu o processo de financiamento do projeto, até os efeitos do Plano Collor que, por pouco, inviabilizam o financiamento do CNPq. Finalmente, no início de 1990, se concretizou o auxílio, complementado pela FAPERJ. A nova diretoria da ANPUR continuou apoiando o URBANDATA, incluindo [...] nas solicitações de recursos à FINEP parcela específica para a publicação do Catálogo de Teses. Recursos que se tornaram insuficientes, pelo atraso na sua liberação. Ainda bem que podemos contar com a ajuda da FAU/USP [...]. É inacreditável que para um simples projeto de Banco de Dados documental e bibliográfico tenham-se mobilizado tantos colaboradores, mas faz parte deste nosso incrível país…
Publicado em 1991, o catálogo foi celebrado pelo Jornal do Brasil como consequência de um “trabalho monumental”, que trazia o devido reconhecimento a teses e dissertações muitas vezes de circulação restrita aos seus centros produtores⁴. No ano seguinte, uma parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) resultou em O Rio de Janeiro em Teses: catálogo bibliográfico (1960-1990)⁵, organizado mais uma vez por Valladares e Maria Josefina G. Sant’Anna (professora da UERJ e colaboradora fiel do UrbanData ao longo dos anos). Nos dois casos, têm-se um rico panorama da produção científica em nível de pós-graduação, ganhando particular relevância os trabalhos pioneiros na abordagem de certos territórios ou na formulação de conceitos, cujas defesas ocorreram antes de 1987. Seguiram-se diversos levantamentos, balanços críticos da literatura e agendas propositivas de pesquisa que se beneficiaram, em menor ou maior medida, do acervo e/ou dos protocolos classificatórios do UrbanData-Brasil⁶.
A partir da segunda metade dos anos 2000, a crise financeira do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) refletiu-se em uma obsolescência das bases tecnológicas do UrbanData-Brasil. Sob supervisão do Professor Luiz Antônio Machado da Silva, a equipe formada por mestrandos e doutorandos seguia tentando, em vão, superar as dificuldades operacionais até que, em 2013, me foi passada a incumbência de resgatar, por assim dizer, o projeto. Àquela época eu era Professora Associada da Escola de Ciências Sociais da FGV/RJ, onde se iniciou a recuperação do banco de dados. Dois anos depois, com minha incorporação ao quadro docente do Departamento de Sociologia da FFLCH/USP, o UrbanData-Brasil foi acolhido pelo Laboratório de Pesquisa Social/LAPS. Desde então, a equipe combina atividades sistemáticas de pesquisa e de difusão do conhecimento, com destaque para Urbanidades: O podcast sobre o urbano brasileiro⁷.
O projeto vinculou-se ao Centro de Estudos da Metrópole em 2018, o que permitiu atualizar toda a base bibliográfica, os parâmetros classificatórios, o sistema de armazenamento de dados e as ferramentas de busca. Graças à expertise da Professora Mariana Giannotti, coordenadora da Área de Transferência Tecnológica, e do esforço de bolsistas e colaboradores/as, conseguimos implementar nosso site. Além de disponibilizar o acervo a toda a comunidade científica, o site possibilita que a alimentação da base seja feita de forma colaborativa, vez que autoras e autores cadastradas/os podem inserir suas próprias produções. Retomamos também a produção de balanços críticos e propositivos, marca do UrbanData-Brasil desde sua origem, com o trabalho realizado para a Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais (RBEUR), um dos principais periódicos científicos da área de estudos urbanos no país, como exemplo mais recente⁸.
Como dito antes, São Paulo em Teses: catálogo bibliográfico (1940-2015) deriva desse investimento intelectual de ampla latitude, largo no tempo e feito a muitas mãos. Sem o apoio do Centro de Estudos da Metrópole, todo esse trabalho não teria encontrado a sistematicidade necessária. Agradeço ao Prof. Eduardo Marques, diretor do CEM, pela acolhida generosa e paciente. À incansável equipe de jovens bolsistas devo o entusiasmo que venceu toda sorte de problemas técnicos, a tragédia da pandemia e a lama bolsonarista.
Vida longa à democracia brasileira! Vida longa ao UrbanData-Brasil!
Bianca Freire-Medeiros
São Paulo, agosto de 2023
¹ A trajetória profissional de Licia do Prado Valladares e sua relevância para os estudos urbanos têm sido discutidas – e celebradas – em várias frentes. Ver: GONDIM, L. M. A trajetória de Licia do Prado Valladares e a Constituição do campo dos estudos urbanos no Brasil. Caderno CRH, v. 35, 2022; FREIRE-MEDEIROS, B. Licia do Prado Valladares. In LIMA, J. C., BOMENY, H. (orgs.) SBS Memória Retratos: sociólogos e sociólogas brasileiras (vol.1). Florianópolis: Tribo da Ilha, 2021; SANTANA, G. C. A. A sociologia da favela no Rio de Janeiro: círculos e configurações sociais a partir de Licia do Prado Valladares. 2019. Tese (Doutorado em Sociologia Política) – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; CUNHA, J. B. et al. Encontros com Licia do Prado Valladares: biografia, trajetória acadêmica e reflexões sobre o seu trabalho de campo na Rocinha em 1967-1968, Antropolítica, v. 44, p. 282-313, 2018. Vale acessar, no site do UrbanData- Brasil, o registro audiovisual referente a três eventos: i) "Celebrando Licia Valladares”, realizado em 2019 na UERJ; ii) “Seminário de lançamento do site UrbanData-Brasil/CEM e homenagem a Licia Valladares”, realizado de modo remoto em março de 2022; Mesa de Homenagem a Licia do Prado Valladares no 46 Congresso Anual da ANPOCS em outubro de 2022.
² Ela mesma recupera as desventuras desses primeiros anos de concepção e implementação do banco de dados em entrevista concedida a Helena Bomeny e a mim, no contexto do projeto "Cientistas Sociais de Língua Portuguesa”. Ver: Licia do Prado Valladares: depoimento [2013], 37: CPDOC/FGV; LAU/IFCS/UFRJ; ISCTE/IUL; IIAM, Rio de Janeiro, 2013.
³ LAMPARELLI, C. M. Apresentação. In VALLADARES, L.; SANT'ANNA, M. J. G.; CAILLAUX, A. M. L. (orgs.). 1001 Teses.
⁴ JORNAL DO BRASIL. 1001 teses e utilidades. Seção “Universidade”, 29 de junho de 1991.
⁵ VALLADARES, L., SANT'ANNA, M. J. G. (orgs.). O Rio de Janeiro em Teses: catálogo bibliográfico (1960-1990). Rio de Janeiro: CEPRio (UERJ)/URBANDATA/IUPERJ, 1992. 196p.
⁶ Sob encomenda do Management of Social Transformations (MOST) Programme da UNESCO: VALLADARES, L. do P.; COELHO, M. P. Urban Research In Latin America. MOST – Discussion Paper Series, [s. l.], n. 4, 1995. Em 2002, escrevemos juntas um balanço da produção da sociologia urbana brasileira: VALLADARES, L. do P.; FREIRE-MEDEIROS, B. Olhares sociológicos sobre o Brasil Urbano. In: Lippi de Oliveira, L. (Org.). Cidade: História e Desafios. Rio de Janeiro: FGV/CNPq, 2002. VALLADARES, L. do P.; MEDEIROS, L.; CHINELLI, F. Pensando as Favelas do Rio de Janeiro, 1906-2000: uma bibliografia analítica. Rio de Janeiro: Relume Dumará, FAPERJ, URBANDATA, 2003.
⁷ Com apoio do Programa Unificado de Bolsas da USP e dos parceiros do UrbanData-Brasil/CEM, entre julho de 2019 e julho de 2023 o Urbanidades produziu 90 episódios, todos disponíveis no nosso site e em outros agregadores de podcasts. Acumulamos uma audiência de mais de 8 mil ouvintes no Spotify, nosso principal canal de difusão, e estamos entre os 5% programas mais ouvidos do mundo na categoria Educação (cf. Spotify for podcasters).
⁸ A parceria entre o UrbanData-Brasil e a RBEUR foi estabelecida em 2020, quando Márcio Valença era presidente da ANPUR. Agradecemos aos editores Fernanda Ester Sánchez Garcia (UFF) e Pedro de Novais Lima Jr. (UFRJ) pelo acompanhamento cuidadoso e interlocução instigante. Acesse o relatório completo em: https://urbandatabrasil.fflch.usp.br/publicacoes-urbandata-brasil.
- EXPEDIENTE SÃO PAULO EM TESES: CATÁLOGO BIBLIOGRÁFICO (1940-2015)
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Coordenação:
Licia do Prado Valladares (in memoriam), Bianca Freire-Medeiros
Autoras/es:
Bianca Freire-Medeiros, Alexandre Magalhães, Gleicy Silva, Ana Carolina Machado, Gabriela Rocha
Equipe de assistentes de pesquisa:
Bruno Vieira Borges, Isis Gabrielle Belon Fernandes, Jacqueline Custódio da Silva e Mateus Cardoso de Almeida
Bolsistas UrbanData-Brasil/CEM (2018-2023):
Beatriz Lobo, Danilo Gonçalves Cursino, Francisco da Cunha Costa Santos, Luis Guilherme Nobrega Amorim, Luma Mundin, Marcelo Mikley Vinturini, Marcos Filipe Ratte Claro, Matheus Gastão de Matos Batista e Victoria Boim
Bolsistas responsáveis pelo Design:
Clara Campetelli Amaral e Maria Sofia Garcia Roche
Colaboradoras/es:
Apoena Mano, Diego Peralta, João Freitas, Martha Lins Michelino, Mauricio Piatti Lages e Nathalia Pereira da Silva
Para Licia do Prado Valladares, por sua inspiração criativa e infinita generosidade.
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- O URBANDATA-BRASIL E SEUS INDEXADORES: BREVE INTRODUÇÃO
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A estrutura de funcionamento do UrbanData-Brasil/CEM organiza-se em torno de quatro eixos principais: monitoramento, coleta, classificação e análise. De início, o monitoramento e a coleta eram feitos em visitas presenciais a bibliotecas e a outros repositórios de dados bibliográficos. Ainda que nossa rotina atual de busca privilegie as bases e plataformas disponíveis na Internet, muitas vezes precisamos acessar fisicamente os documentos para verificação de informações e a subsequente coleta de dados (sobretudo para redação do “resumo” que deverá acompanhar as referências bibliográficas na base).
No processo de coleta, uma pergunta orienta a verificação da pertinência para o nosso banco bibliográfico: o recorte empírico da obra permite conhecer melhor algum aspecto do urbano brasileiro? Atendem ao critério, portanto, trabalhos acadêmicos que aportam empiricamente em alguma cidade brasileira, podendo incluir, em perspectiva comparada, espacialidades urbanas de regiões e países. Uma vez coletadas, as referências são classificadas segundo os indexadores convencionais, a que se somam outros cinco que imprimem originalidade ao nosso trabalho classificatório e analítico:
Referência Espacial: da escala do logradouro mais específico à escala global, onde a pesquisa aporta? Incluem-se, portanto, localidades específicas (uma praça ou rua) e quaisquer outros países que apareçam em estudos de caráter comparativo.
Referência Temporal: a que período cronológico a pesquisa se refere? A maior parte dos trabalhos não explicitam essa informação no resumo ou mesmo no corpo do trabalho. Quando a leitura da introdução não permite apreender um período específico, trabalhamos com a década em que a pesquisa foi realizada.
Sexo da Autoria: definido a partir da leitura dos nomes. Em caso de dúvida, buscam-se informações na plataforma Lattes do CNPq e em outros endereços institucionais, ou seja, trata-se aqui de uma heteroidentificação binária (mulher ou homem) dessa variável.
Disciplina: diz respeito à área do conhecimento a que se vincula o trabalho. Utiliza-se a área do conhecimento em que o Programa de Pós-Graduação está inserido, no caso de trabalhos de conclusão como dissertações e teses, e, no caso de publicações em periódicos científicos, ao departamento a que a publicação pertence e/ou à área de conhecimento informada no escopo do periódico. Na impossibilidade da identificação a partir destes critérios, considera-se a área de conhecimento em que cada autor(a) atua.
Áreas Temáticas (ATs): permitem agregar referências bibliográficas conforme os vários corpora da literatura, num nível de maior de generalização e precisão do que encontramos nas palavras-chave. Ainda que sejam recortes limitadores, vez que respondem a campos semânticos previamente elencados, as ATs pretendem ser suficientemente flexíveis para contemplar temas consolidados, quanto incorporar outros que surjam⁹. Esses campos semânticos advêm do nosso Tesauro de Áreas Temáticas, ferramenta por meio da qual reunimos, para cada AT, um conjunto específico de termos orientados à indexação e à recuperação das referências catalogadas na base. A cada referência bibliográfica podem ser atribuídas até cinco de um total de 35 ATs, o que permite uma cartografia conceitual traçada pelo encadeamento dos termos contidos em uma mesma AT ou no contraste entre ATs diferentes.
Figura 1. Áreas Temáticas
Fonte: UrbanData-Brasil/CEM-USP
Uma vez classificada de acordo com os critérios acima¹⁰, cada uma das milhares de referências bibliográficas que compõem o banco de dados do UrbanData-Brasil/CEM passa a integrar um campo considerável de interseções quantitativas e qualitativas. Torna-se possível, por exemplo, revelar a frequência das “referências espaciais” (localidades em diversas escalas) presentes em dois tipos de material (livros e teses, artigos e capítulos de livros), em uma ou mais disciplinas (sociologia, geografia etc.) a partir de um recorte temporal específico (anos ou décadas) em uma ou mais ATs. A intenção não é substituir uma aproximação qualitativa, voltada ao conteúdo de cada obra, mas prover dados que sirvam como ponto de partida para análises e avaliações críticas da produção acadêmica sobre o urbano brasileiro.
Gráfico 1: Base bibliográfica do UrbanData-Brasil/CEM por tipo de produção
Fonte: UrbanData-Brasil/CEM-USP
⁹ Inicialmente havia um repertório de 25 ATs. Em duas décadas, algumas perderam a relevância ou passaram a responder a novas nomenclaturas; outros temas, antes subsumidos em determinada AT, ganharam volume. Esse remanejamento nos levou a incluir dez novas ATs as quais, queremos crer, permitem a classificação da totalidade dos trabalhos que vêm sendo produzidos. As novas ATs são: Arte e estética; Gênero/sexualidade; Memória, preservação e patrimônio; Mídia e comunicação; Novas tecnologias e meio urbano; Relações étnico-raciais; Religiões, rituais e comemorações; Turismo e cultura de viagem; Serviços, espaços e padrões de consumo; Serviços, espaços e práticas de lazer. Outras já existentes, foram renomeadas: de Transporte urbano para Mobilidade urbana; de Aumento populacional e migração para Fluxos populacionais e migração.
¹⁰ A classificação de um trabalho só é finalizada depois de ao menos dois membros da equipe checarem as informações, o que diminui as chances de erros de digitação e garante maior consistência da informação. Após esse processo de validação, o trabalho torna-se disponível para consulta no site do UrbanData-Brasil/CEM.
- TESES E DISSERTAÇÕES SOBRE O URBANOS EM SÃO PAULO: FONTES, PROTOCOLOS METODOLÓGICOS E ALGUNS ENQUADRAMENTOS GERAIS
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No que se refere especificamente ao acervo do São Paulo em Teses, a coleta das dissertações de mestrado, teses de doutorado, teses de livre docência e de provimento de cátedra foi realizada em duas etapas, separadas por um intervalo de uma década. A primeira iniciativa (SP1) contou com uma equipe coordenada por Licia Valladares e contemplou a produção, sobretudo nacional, a respeito da questão urbana no estado de São Paulo entre os anos de 1940 e 2004. Cerca de 30 catálogos, 28 bases de dados on-line (incluindo-se CAPES, IBICT e a Base Dedalus da USP), assim como inúmeras listagens de teses publicadas em periódicos da área, foram consultados.
Em 2018, o UrbanData-Brasil/CEM deu início à atualização do levantamento (SP2), estendendo o recorte temporal em dez anos (2005-2015). Enquanto uma parte da equipe se dedicava ao monitoramento e coleta das novas referências, outra revia minuciosamente a totalidade do banco de dados original, tanto em função das dez novas Áreas Temáticas criadas no contexto do Centro de Estudos da Metrópole, quanto do preenchimento de informações que se encontravam incompletas ou inconsistentes. Finalizamos com 5.930 referências. Ou seja, em dez anos produziu-se, em média, três vezes mais teses e dissertações sobre o Estado de São Paulo do que nos 65 anos anteriores.
Gráfico 2: Dissertações e teses sobre São Paulo urbano: comparativo entre os levantamentos realizados
Fonte: UrbanData-Brasil/CEM-USP
Gráfico 3: Teses e Dissertações sobre São Paulo por ano (todos os idiomas)¹¹Fonte: UrbanData-Brasil/CEM-USP
No caso dos trabalhos em português, as coletas começaram pelas bibliotecas digitais de todas as universidades do estado de São Paulo que tinham “cursos avaliados e reconhecidos", ou seja, apenas os programas de pós-graduação com avaliação igual a três ou superior nas áreas de Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas (critérios da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/CAPES) foram considerados. Note-se que cada banco possui um sistema próprio de classificação. No caso da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo (BDTD/USP), por exemplo, era preciso buscar por “área de conhecimento”, que basicamente equivale aos PPGs da universidade, mas que pode conter também o nome das linhas de pesquisa internas aos programas e outras pequenas variações. Essas “áreas de conhecimento” são diferentes das “áreas de avaliação” utilizadas por CAPES e CNPq. No Dedalus (para as teses de livre docência e provisão de cátedra), a busca foi feita por “unidade USP”, ou seja, colocando o nome das escolas, faculdades e institutos.
Recorremos ao banco de teses e dissertações da CAPES para localização de trabalhos defendidos nos demais estados. Os documentos estão ali disponibilizados por ano de publicação, em bases de dados que incluem todas as áreas do conhecimento e que assumem uma configuração de variáveis distintas para os períodos de 1987 a 2012 e de 2013 em diante. Diante do volume desse banco (são mais de 900 mil referências) e suas variações (a subdivisão por Grandes Áreas só passa a vigorar a partir de 1996, por exemplo), utilizamos o software RStudio para padronizar e concatenar as bases. Só então realizamos a filtragem dos dados, o que reduziu gradualmente o escopo.
Em seguida, conduziu-se um trabalho de manipulação com variáveis textuais (strings) de modo a extrair os trabalhos que tratassem do estado de São Paulo (“SP”, “São Paulo”, “paulista” e “paulistano” no título, resumo ou palavras-chaves). A última etapa de seleção dos dados se deu por meio da leitura de cada referência, começando pelo título, palavras-chaves e resumo. Em alguns casos, esses indexadores ofereciam informações tão vagas e imprecisas que foi necessário passar ao sumário ou à introdução. Também recorremos ao CV Lattes nos casos (infelizmente frequentes) em que um mesmo trabalho era atribuído a dois autores.
Para as teses e dissertações em língua inglesa, a busca concentrou-se no acervo disponibilizado pela base ProQuest: Thesis & Dissertations. Esse procedimento foi basicamente manual, com a busca iniciando-se pelos termos “Brazil”, “São Paulo” e “Sao Paulo”, e daí seguindo com a leitura do título e resumo de cada documento para a checagem da pertinência de sua inclusão. Tal procedimento não se mostrou tampouco tarefa simples. As informações nem sempre eram completas, com frequente abreviaturas na indicação do nome do/a autor/a, além da ausência de palavras-chaves, nome do/a orientador/a e até mesmo do ano de defesa. Um número significativo de trabalhos (especialmente os defendidos antes dos anos 1980) não continham resumos. Quando era disponibilizado o documento na íntegra, passávamos à leitura da introdução (em alguns casos, selecionamos trechos e editamos no formato de resumo). Para a localização do nome do/a orientador/a, inúmeras vezes fomos aos “agradecimentos” da tese ou aos sites de cada universidade.
Ao final desse trabalho minucioso de garimpagem, padronização e classificação, chegamos a um panorama das opções temáticas e dos recortes espaciais, das filiações institucionais e disciplinares de mestres e doutoras/es quando elegem o urbano paulista como objeto em si ou como continente de processos diversos. Trata-se de um material de grande valia tanto para quem tem São Paulo como plano de referência, quanto para as que se interessam pela questão urbana sob diferentes formas. Ainda que não esgote a totalidade da produção, o acervo que compartilhamos aqui permite identificar algumas características duradouras, lacunas e temáticas emergentes.
Tabela 1: Total de trabalhos por campo disciplinar (frequência > 100)
Fonte: UrbanData-Brasil/CEM-USP
Entre as resiliências mais positivas, destacamos o caráter multidisciplinar desse acervo (Tabela 1). A partir dos anos 2000, a um repertório já consagrado de disciplinas somaram-se outras, como Psicologia, Ciência Ambiental e Artes. Chama particular atenção a presença da Educação e Serviço Social, antes ausentes no ranking das disciplinas mais frequentes (gráfico 4), e que passam do 15º para o quarto lugar e do 18º para o sexto lugar respectivamente (gráfico 5).
Gráficos 4: As 10 disciplinas mais frequentes de 1940 a 2004
Fonte: UrbanData-Brasil/CEM-USP
Gráficos 5: As 10 disciplinas mais frequentes de 2005 a 2015
Fonte: UrbanData-Brasil/CEM-USP
Se o eixo disciplinar aponta para diversidade, o eixo espacial (i.e a área contida no estado de São Paulo sobre a qual incidiu o estudo empírico) avança em direção oposta: o privilegiamento da capital e sua região metropolitana atravessa as décadas e se faz presente em todas as áreas do conhecimento. Observa-se, porém, o que pode ser lido como um impacto positivo gerado pela interiorização dos campi universitários na diversificação dos recortes espaciais das teses e dissertações.
Gráfico 6 – Distribuição espacial das teses e dissertações
Fonte: UrbanData-Brasil/CEM-USP
Com relação às Áreas Temáticas, observam-se algumas dinâmicas interessantes. Comecemos pelo período compreendido entre 1940-1980, quando a profissionalização da carreira universitária e o incremento do financiamento público à pesquisa ocorreu em um contexto de controle das expressões intelectuais imposto pela ditadura civil-militar. A passagem para uma sociedade urbano- industrial, capitaneada por São Paulo e Rio de Janeiro¹², marcada pela criação das regiões metropolitanas em 1974, mobilizava a atenção acadêmica em várias frentes disciplinares. O legado da Escola de Chicago de Sociologia e Antropologia reverberava em certos contextos institucionais¹³, mas o paradigma marxista gozava de hegemonia. Sua ênfase na infraestrutura econômica, no mundo do trabalho e na luta de classes¹⁴ reflete-se no privilegiamento do tripé composto pela AT Estrutura econômica e mercado de trabalho em primeiro lugar, seguida pelas ATs Estrutura regional e metropolitana e Estrutura social.
Gráfico 7 – AS 10 Áreas Temáticas (ATs) mais frequentes entre 1940-1980
Fonte: UrbanData-Brasil/CEM-USP
No gráfico 8, relativo às duas últimas décadas do século 20, vemos a AT Pobreza e desigualdade subir uma posição em um período no qual o Brasil experimentou aumento acelerado da pauperização e espoliação da população urbana, com novas correntes teóricas orientando as pesquisas sobre esses processos de empobrecimento, segregação e discriminação em direção às periferias. A retomada democrática, com destaque para a promulgação da Constituição de 1988 e as lutas pela reforma urbana, trouxe à cena novos grupos e atores coletivos¹⁵. Os desafios empíricos e teórico-conceituais postos por esses arranjos se refletem no salto dado pela AT Modo de vida, imaginário social e cotidiano¹⁶ da sexta para a segunda posição. Vale lembrar que foram anos de drástica redução dos investimentos em C&T e do número de bolsas via CNPq¹⁷.
Gráfico 8 – As 10 Áreas Temáticas (ATs) mais frequentes entre 1981-1999
Fonte: UrbanData-Brasil/CEM-USP
No último arco temporal que consideramos aqui, houve uma diversificação significativa das atividades econômicas no estado de São Paulo, com novas nuances no esquema centro-periferia na capital. As dinâmicas urbanas foram se tornando acentuadamente marcadas pela presença dos mercados ilícitos e dos regimes normativos do crime¹⁸.
Gráfico 9 – As 10 Áreas Temáticas (ATs) mais frequentes entre 2000-2015
Fonte: UrbanData-Brasil/CEM-USP
Se a criação do Ministério das Cidades em 2003 intensificou a produção no campo dos estudos urbanos no sentido amplo, a criação de novos campi universitários renovou as espacialidades e temáticas abordadas. Aqui cabe olhar para além das ATs mais frequentes e observar, por exemplo, o crescimento significativo de trabalhos que abordam questões raciais (i.e. classificados na AT Relações étnico-raciais). Certamente reverberam aqui as alterações no perfil dos discentes provocadas pelas políticas de ações afirmativas, que tiveram início em 2002 no país, e que contaram com iniciativas institucionais específicas, fruto do diálogo e pressão de atores sociais internos e externos à academia. O nosso recorte vai até 2015, então não temos como mensurar o impacto da Lei 12.711, estipulada em 2012 (popularmente conhecida como Lei de Cotas nas universidades), que impulsionou outras transformações nas dinâmicas de seleção em nível de graduação e pós-graduação de estudantes negra(o)s e indígenas em todo o território nacional. Note-se que havia uma ausência significativa dessa temática mesmo entre pesquisas que aportavam em espaços racializados, como é o caso das favelas e periferias, e mesmo no caso das disciplinas que, a princípio, deveriam ser mais sensíveis a esse debate. Das 930 teses e dissertações da área de Sociologia, apenas 86 (ou 9,2%) foram classificadas na AT Relações étnico-raciais. Já na Antropologia, a frequência aumenta, mas não chega a 20% do total de trabalhos.
Gráfico 10 – Evolução da AT Relações étnico-raciais entre 1940 e 2015
Fonte: UrbanData-Brasil/CEM-USP
O interesse pelo repertório das práticas criminosas e das instituições garantidoras da ordem – ilicitudes, linchamentos, violência doméstica e de gênero, políticas de segurança pública, militarização do espaço, violência estatal, entre outros – também assumiu proporções inéditas na virada para o século 21. A pesquisas de cunho etnográfico e documental somam-se outras que recorrem a métodos quantitativos e a técnicas de geoprocessamento. A temática encontra acolhida em programas de pós-graduação os mais variados, da Comunicação Social à Saúde Pública, passando pela Psicologia e pela Engenharia.
Gráfico 11 – Evolução da AT Violência entre 1940 e 2015
Fonte: UrbanData-Brasil/CEM-USP
Há 6 ATs que não chegam a congregar 250 trabalhos: Serviços, espaços e padrões de consumo (228); Religiões, rituais e comemorações (227); ONGs e Terceiro Setor (184); Novas tecnologias e meio urbano (168); Setor informal/informalidade (133); Turismo e cultura de viagem (127). Nesse conjunto tão diverso, temos temáticas que gozaram de alta popularidade em um momento específico – o glossário das organizações não-governamentais nos anos 1990 talvez seja o melhor exemplo – e outras que estão em curva ascendente, como é o caso das pesquisas que tratam das ferramentas digitais empregadas na gestão das cidades e de todo o repertório que orbita em torno das smart cities. Podemos interpretar ascendência ou decadência dessas ATs como derivadas tanto de mudanças sociohistóricas que redirecionam os interesses de pesquisa quanto de certos modismos, por assim dizer.
Talvez o mais intrigante do ponto de vista analítico seja o comportamento de ATs cujo léxico remete a agendas de pesquisa bem estabelecidas em contextos acadêmicos internacionais ou que protagonizam a cena pública e impactam o planejamento urbano, mas que não chegaram a repercutir entre os trabalhos aqui analisados. Dado que São Paulo “concentra enormemente os ativos nacionais muito relevantes tanto para a indústria quanto para os serviços, assim como o mercado consumidor e os estratos sociais de alta renda”¹⁹, como explicar que a AT Serviços, espaços e padrões de consumo abrigue um número tão reduzido de teses e dissertações? Se “a cultura, o turismo e as ditas indústrias criativas têm ganhado lugar proeminente nas novas governanças urbanas”²⁰ e grandes eventos -- Virada Cultural, Carnaval, Parada LGBTQIA+, Bienal do Livro, Bienal de Arte, festivais de música (Lollapalooza Brasil, Primavera Sound, The Town), Réveillon na Avenida Paulista, GP Fórmula 1, São Paulo Fashion Week – ocupam a cena, especialmente na capital, como interpretar o gráfico abaixo?
Gráfico 12 – Evolução da AT Turismo e cultura de viagem entre 1940 e 2015
Fonte: UrbanData-Brasil/CEM-USP
Entendemos que muitos esforços têm sido feitos por estudiosas/os do urbano na elaboração de balanços do campo e de análises bibliométricas. Esta publicação é mais uma contribuição a essa cartografia intelectual coletivamente produzida, cujo potencial reside na identificação de correlações entre temáticas ao longo do tempo. Uma das consequências desejáveis da leitura e uso desta publicação seria promover reflexões tanto sobre as formas de indexação quanto sobre as possibilidades de nomeação dos processos que colocamos sob análise. Este levantamento nos deixa com a certeza – e a com a frustração – de que, em virtude da precária circulação das teses e dissertações, perde-se de vista trabalhos pioneiros, assim como são ignoradas reflexões centrais que teriam muito a contribuir na formulação de agendas de pesquisa e intervenção, dentro e fora da academia.
¹¹ Estão contabilizados aqui trabalhos em português, espanhol, francês e inglês.
¹² LOPES, J. B. Desenvolvimento e mudança social: formação da sociedade urbano-industrial no Brasil. Brasília e São Paulo: Companhia Nacional, 1968; TASCHNER, S. P. e BÓGUS, L. M. M. Mobilidade espacial da população brasileira: aspectos e tendências. Revista Brasileira de Estudos de População, 3(2), 87–129, 1986; OLIVEIRA, F. "O Estado e o urbano no Brasil". Espaço & Debates, n. 6, 1982.
¹³ Nessa influência, destaca-se a tradução e publicação do livro O fenômeno urbano, organizado por Otávio Velho (1967). Ver também: VALLADARES, L. (Org.). A escola de Chicago. Impacto de uma tradição no Brasil e na França. Belo Horizonte, UFMG; Rio de Janeiro, Iuperj, 2005; FRÚGOLI, H. Sociabilidade urbana. Rio de Janeiro, Zahar, 2007.
¹⁴ KOWARICK, L., BRANT, V. C. e CAMARGO, C. P. de (orgs.). São Paulo 1975: crescimento e pobreza. São Paulo: Loyola, 1976; MARICATO, E. A produção capitalista da casa (e da cidade) no Brasil industrial. São Paulo, Alfa-Ômega, 1979; SINGER, P. e BRANT, V. C. (orgs.). 1980. São Paulo: o povo em movimento. São Paulo e Petrópolis; Cebrap e Vozes; SANTOS, M. A cidade nos países subdesenvolvidos, Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1965.
¹⁵ CARDOSO, R. Movimentos sociais urbanos: balanço crítico. In: SORJ, B. e ALMEIDA, M. H. T. de (orgs.). Sociedade e política no Brasil pós-1964. São Paulo, Brasiliense. 1983, p. 215-238; CARLOS, A. F. (org.). Os caminhos da reflexão sobre a cidade e o urbano. São Paulo, Edusp, 1994.
¹⁶ Nessa influência, destaca-se a tradução e publicação do livro O fenômeno urbano, organizado por Otávio Velho (1967). Ver também: VALLADARES, L. (Org.). A escola de Chicago. Impacto de uma tradição no Brasil e na França. Belo Horizonte, UFMG; Rio de Janeiro, Iuperj, 2005; FRÚGOLI, H. Sociabilidade urbana. Rio de Janeiro, Zahar, 2007.
¹⁷ “Em 1995 a queda dos investimentos foi de 36% em relação ao último ano do governo Itamar. (...) Ao compararmos os investimentos do último ano do governo Itamar Franco com o último dos governos FHC vemos que a queda foi de 55%”. Ver: OLIVEIRA, A. e BIANCHETTI, L. “CNPq: política de fomento à pesquisa nos governos Fernando Henrique Cardoso (FHC)”. In Perspectiva, v. 24, n. 1, p. 161-182, jan/jun. 2006.
¹⁸ MARQUES, E. (org.). As políticas do urbano em São Paulo. São Paulo: Editora Unesp e Centro de Estudos da Metrópole, 2018; TELLES, V., CABANES, R. (orgs.) Nas tramas da cidade: trajetórias urbanas e seus territórios. São Paulo, Humanitas, 2006; FELTRAN, G. Crime e castigo na cidade: os repertórios da justiça e a questão do homicídio nas periferias de São Paulo. Cadernos CRH. v.23, n.58, jan/abr. 2010.
¹⁹ COMIN, A. “Cidades-regiões ou hiperconcentração do desenvolvimento? O debate visto do Sul”. In: KOWARICK, L.; MARQUES, E. (orgs.) São Paulo: novos percursos e atores (sociedade, cultura e política). São Paulo: Editora 34; Centro de Estudos da Metrópole, 2011, 157-177.
²⁰ MARX, V. e GUIMARÃES, R. Apresentação ao dossiê "Novas agendas urbanas", Cadernos Metrópole, v.25, n.57, p. 359-369, 2023.
- COMO USAR A BASE DE DADOS DE SÃO PAULO EM TESES: UM CATÁLOGO BIBLIOGRÁFICO EM SUAS PESQUISAS?
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Segue o passo a passo de dois cruzamentos feitos a partir da nossa base de dados. Note-se que a planilha traz as informações básicas sobre cada documento e um pequeno dicionário de termos. Para acesso ao resumo completo, basta buscar pelo nome do autor ou o título da tese na aba “Pesquisa bibliográfica” no site do UrbanData-Brasil.
Exemplo 1
Suponha que o interesse seja verificar a progressão de teses e dissertações sobre o mundo do trabalho em três cidades do ABC Paulista no século 21. É preciso criar três tabelas dinâmicas (uma para cada cidade)²¹:
- Na opção colunas insira a variável “ano de publicação”;
- Na opção linhas insira a variável “referência espacial”;
- Na opção valores insira a variável “instituição”, para contagem dos trabalhos;
- Na opção filtros insira a variável “referência espacial” e digite as cidades desejadas (Santo André; São Bernardo do Campo; São Caetano do Sul);
- Adicione outro filtro, a variável AT Estrutura econômica e mercado de trabalho.
A partir das tabelas dinâmicas é possível gerar gráficos como o abaixo:
Gráfico 13 – Teses e Dissertações com recorte espacial ABC Paulista e AT “Estrutura econômica e mercado de trabalho” (2000-2015)
Fonte: UrbanData-Brasil/CEM-USP
Exemplo 2
Considere que o interesse seja conhecer todas a teses e dissertações defendidas nos Programas de Pós-Graduação em Antropologia, Ciência Política e Sociologia da USP que tratam da AT Espaço Urbano. Mais uma vez, o procedimento implica a criação de uma tabela dinâmica²²:
- Na opção colunas insira as variáveis “instituição” e “programa”;
- Na opção linhas insira a variável “área temática”;
- Na opção valores insira a variável “instituição”, para contagem dos trabalhos;
- Na opção filtros, insira as seguintes variáveis: i) “área temática”, digitando o tema desejado, no caso a AT Espaço Urbano; ii) “instituição”, digitando a desejada, USP; e iii) “programa”, digitando os programas de Antropologia, Ciência Política e Sociologia.
A partir da tabela dinâmica, é possível gerar gráficos (por ex. gráfico de pizza) que permitem visualizar o volume de trabalhos produzidos por cada PPG no âmbito da USP.
Gráfico 14 – Teses e dissertações defendidas nos PPGs de Antropologia, Ciência Política e Sociologia da USP que abordam a AT “Espaço Urbano” (por PPGs)
Fonte: UrbanData-Brasil/CEM-USP
²¹ Gerada pelo programa de planilhas Google Sheets.
²² Gerada pelo programa de planilhas Google Sheets.