Imagens de migrantes na poesia de Mário de Andrade
Mário de Andrade acreditava na possibilidade da língua falada no Brasil se tornar independente da portuguesa. Por conta disso, adotou o procedimento recomendado por Maiakóvski: escrever de acordo com a língua falada, sem se preocupar com as regras gramaticais (portuguesas) vigentes. Vivendo numa cidade como São Paulo, impensável sem os imigrantes que a construíram, não seria de admirar que os sons, palavras e expressões por ele ouvidos nas ruas da cidade acabassem aparecendo na sua poesia.
Nos anos 20, quando Mário de Andrade começou a escrever poesia moderna, São Paulo era uma cidade que mostrava em sua paisagem imigrantes de diversas nacionalidades. principalmente italianos. E Mário usava suas palavras e expressões em sua poesia. Por outro lado, a cidade integrava-se aceleradamente ao mundo industrializado, de modo que também estavam no ar as línguas inglesa e francesa. A primeira sobretudo nas relações econômicas e a segunda como índice de “cultura erudita”. Com essas informações, mesmo sumárias, é possível decodificar tanto o emprego simpático quanto o crítico de expressões em línguas estrangeiras nos poemas do livro Paulicéia Desvairada, publicado em 1922.