Uma socióloga na cidade: Sylvia Ostrowetsky em Brasília
Descreve a visita da socióloga francesa a Brasília e à Universidade de Brasília.
Descreve a visita da socióloga francesa a Brasília e à Universidade de Brasília.
Brasília: as controvérsias da utopia modernista na cidade das palavras é uma pesquisa que busca fazer emergir da “cidade das palavras” a “cidade real”. Considera-se, aqui, que a justaposição do discurso sociológico ao discurso literário permite o desvelar de Brasília: a cidade modernista. Na tentativa de estabelecer uma leitura da cidade construída sob os preceitos da arquitetura modernista, procura-se nesta tese, sob o prisma de uma leitura sociológica, analisar os textos literários que têm Brasília como lugar para a tessitura da crônica, do conto, do romance e da poesia. Nas análises dos textos literários, procura-se a configuração de uma cidade moderna que, ao longo do seu processo de urbanização, passa por várias transformações. Nesta pesquisa, trabalha-se com a hipótese de que o texto literário é um locus privilegiado para se perceber o processo de “megalopolização” vivenciado pela cidade. Sensível às profundas transformações nas relações sociais que são responsáveis por transfigurar a racionalidade e a aura de metrópole modernista planejada, ele decodifica as metamorfoses por meio de uma linguagem subjetiva. Com sensibilidade, a cidade vista pela linguagem literária torna-se suporte para a imersão de estudos pertinentes à sociologia urbana. A “cidade-texto” capta o dinamismo da vida urbana e os diversos sentidos atribuídos à cidade. Assim, Brasília ora é utopia, ora é solidão, ora é a megalópole em construção. E é dessa diversidade de significações que a “cidade das palavras” produz a “fisiognomia” da “cidade real”.
O autor analisa a relação entre a literatura que trata da configuração das instituições democráticas, em décadas recentes, e aqueles trabalhos que abordam as características da cultura política dos espaços urbanos. Argumenta sobre a necessidade de se viabilizar o diálogo entre as perspectivas teóricas culturalista e institucionalista, que, até agora, se desenvolvem de forma paralela e estanque.
Essa pesquisa objetiva discutir o grafite na cidade de São Paulo (SP), como uma manifestação territorial - criadora de materialidades que se relacionam de formas distintas nos lugares -, proporcionando, assim, diferentes usos do território. Estas manifestações, mesmo tendo natureza efêmera, congregam uma memória visual aos ambientes aos quais estão inseridos e, por se tratar de expressões genuínas do indivíduo que as produzem, em consonâncias com suas experiências cotidianas, a dialética socioespacial contida em si as tornam importantes instrumentos de representação da cidade. A partir da distinção de circuitos de grafite na cidade - circuitos de “grafite para a metrópole”, de valor artístico/mercadológico, e circuitos de “grafite da metrópole”, de valor artístico/cultural -, propôs-se discutir o grafite por dois vieses distintos. O primeiro, ligado aos circuitos de “grafite para a metrópole” buscou compreender como o capital hegemônico pode atuar a partir dessas manifestações, cooptando o discurso do grafite para se promover e se reproduzir no espaço. O segundo, ligado aos circuitos de “grafite da metrópole”, abordou o grafite pautado em solidariedades criadas pela força do lugar cotidiano, guiado pela racionalidade dos de baixo, atuando como elo entre as pessoas e o lugar na produção de cidadanias insurgentes. Tratou-se de argumentar como o grafite pode metamorfosear seu sentido ao realizar-se em diferentes lugares e esclarecer como o meio ambiente construído, conduzido pelas contradições da metrópole corporativa e fragmentada, ao abrigar algumas situações geográficas, resulta em formas de usar o território alicerçada em solidariedades variáveis e intencionalidades distintas.
The current developments in Rio de Janeiro in the wake of the 2014 International Federation of Association Football (FIFA) World Cup and the 2016 Summer Olympic Games have accelerated the transition from a hybridurban order to a new urban order of intensified neoliberalization and commodification. This transition is a complex and contradictory process that entails both rollback and rollout features of neoliberalism, as well as a permanent restructuring of sociospatial relations and political arrangements. By discussing the on going policies and politics of urban restructuring, we examine the creative destruction of urban structures, institutional arrangements, and regulations of urban space with the transformation of 3 sites in Rio de Janeiro — Barra da Tijuca, the port district, and the South Zone. The process of variegated neoliberalization generates new modes of production and reproduction, which threaten the principles of democratic governance and universalization of rights to the city.
On the same October day in 2009 that the International Olympic Committee announced the 2016 Summer Olympics would be held in Rio de Janeiro, the mayor of Rio de Janeiro announced that Vila Autódromo — a fairly small favela in the west part of the city, crowded between a lagoon, an automobile racetrack, and a busy highway, and ultimately the Olympic Park — would be removed as part of the infrastructure plan designed to prepare the city for the Games. This article examines the case of Vila Autódromo, and the resistance of favela residents to being forcibly removed from their community, to provide insight into the sources of opposition and resistance to urban development. The practice of force devictions in the name of urban development will be explored as a manifest form of marginalization in the context of Olympic development. Rather than concealing urban problems, urban spectacles such as the Olympics serve to highlight social inequalities and display highly contradictory urban representations that can spawn agendas of resistance that serve to complicate elite redevelopment agendas and divide progrowth coalitions.
The critical geography scholarship on mega-events mostly adopts the framework of accumulation by dispossession, highlighting the disruptive legacies such as displacement and gentrification wrought upon host cities. Though the critique is largely correct, it has failed to capture the complex layers of historical and institutional contexts that underlie urban social change in mega-event cities. This article makes a case for broadening our analytical perspective by introducing the concept of aspirational urbanism, which refers to the diverse practices and discourses launched by state and business elites in an attempt to remake their cities bourgeois and world-class. Aspirational urbanism underscores the gap between global aspirations and local realities and draws our attention to the ad hoc economic, political, and cultural strategies used by state and business elites to bridge the gap. The concept is particularly useful for studying transformations in mega-event cities in the Global South, because these are the places marked by sharp contrasts between global city ambitions and developing-country realities. By way of introducing this special issue on urban transformations and spectacles in Brazil, this article presents a comparative analysis of the Rio de Janeiro 2016 and Beijing 2008 Olympics to examine how aspirational urbanism unfolded differently in the 2 cities.
Despite the broad celebration of Brazil’s urban reform movement, recent events in Brazil have called attention to a paradox focused on the disappointing results of this movement to deal with Brazil’s complex urban context.Taking this “impasse” as a starting point, this article focuses on the role of politics and its relationship to economic interests in urban development in which much decision making around urban policy takes place to understand why Brazil’s progressive legislation has not succeeded in creating a more just and equitable urban environment. Using a case study of the city of Niterói, I show that patterns of state and nonstate actors are connected through both formal and informal relationships, and connections between public and private actors have a considerable impact on urban politics and policies. Focusing on the limits of participatory processes in Niterói, I call attention to the contradictions of participatory planning in Brazil.
In June 2013, Brazil witnessed one of its largest protest movements in history when more than 1 million Brazilians marched on city streets to demand improvements to urban life. As the epicenters of protests, cities have become an important location for examining the demands, politics, and social change strategies of contemporary citizenship. In this article, we analyze the evolution of Brazil’s protest movement. Based on participant observation, archival research, secondary data, and thick description, we conduct a historical event analysis. By examining the narratives, practices, and forms that emerged in Brazil’s 2013 protests, we argue that contemporary urban citizenship is transformed in important ways in response to both global and local changes. Policymakers and planners need to be prepared to deal with the realities of urbanization, and we offer perspectives on how citizenship can better accommodate new growth and societal changes.
Este trabalho aborda o tema da segregação urbana por meio do estudo da relação entre a Cruzada São Sebastião, conjunto habitacional popular criado há mais de 50 anos para abrigar famílias remanescentes de favelas, e o bairro onde este se localiza, o Leblon, um dos mais valorizados comercial e simbolicamente do Rio de Janeiro, moradia de classes abastadas. A pesquisa empírica centrou-se na análise do olhar de cinco intérpretes, de “dentro” e “de fora” do conjunto habitacional, na tentativa de compreender os modos particulares de leitura da relação entre os dois espaços em questão. Partindo da hipótese de que há entre a Cruzada São Sebastião e o Leblon tensões decorrentes de uma fronteira urbana estabelecida, reanimada e reavivada por meio da força dos estereótipos e do estigma territorial relegados à Cruzada, pretendeu-se, assim, contribuir para a discussão dos processos de segregação urbana.