Direito
Horizons of Inclusion: Life Between Laws and Developments in Rio de Janeiro
In this article we explore current debates about social inclusion in the Brazilian city of Rio de Janeiro. Through a comparison of two initiatives that aim to redress socio-economic segregation in Rio, we analyse the ontological position that these programs adopt towards their subjects, paying particular attention to the programs' assumptions regarding the legality and development status of residents in informal neighbourhoods. Our aim is to demonstrate how some social inclusion programs recognize and respect the diversity and life experience of marginalized subjects, whereas other nominally successful programs do not achieve such objectives. In our view, such recognition ensures that social inclusion programs become substantive avenues for justice, rather than instruments of technocratic or economic programming, or the seeds of new forms of violence.
The Myth of Personal Security: Criminal Gangs, Dispute Resolution, and Identity in Rio de Janeiro's Favelas
This article examines the politics of how drug traffickers resolve disputes and maintain order in the favelas of Rio de Janeiro. Much popular discourse and some scholarly studies argue that drug traffickers play a major role in controlling crime and minimizing conflicts there. This article shows that traffickers enforce community norms under a variable political calculus in which well-connected and respected residents are less likely to be punished for rule violations than are individuals who are marginal to the life of the community. This allows many favela residents who conform to local norms to feel a degree of control over their own safety, a "myth of personal security" in otherwise violent neighborhoods.
The Violence of Structural Violence: Ethical Commitments and an Exceptional Day in a Brazilian "Favela"
The concept of ‘structural violence’ dates back at least to the 1960s when it was first used by Latin American liberation theologians to refer to ‘sinful social structures characterized by poverty’ (Farmer, 2004, p. 307). A strong connection between ‘spaces of poverty’ and ‘structural violence’ is often taken for granted in most discussions around the latter concept. This article critically examines the constitution of Brazilian favelas as spaces belonging to a broader structure of urban violence. I concern myself with questions such as: what approach to the question of violence can do greater justice to the experiences and aspirations of people with whom I shared my life in one of the largest shantytowns of Latin America? The discussion explores violence as a multifaceted phenomenon in the city of Rio de Janeiro and raises questions regarding the specific type of violence that is generated by urban scholars themselves through their constitution of certain urban spaces as belonging to assumed structures of violence. People living in favelas themselves do not always appreciate or agree with the classificatory structures deployed by scholars. What is the least violent position that one can take when it comes to the study of favelas and urban violence? Based on ethnographic experiences, I come to the proposal that more desirable studies of violence should give priority to the daily experiences of people argued to be the victims in our narratives.
Ocupar para garantir direitos?: o discurso telejornalístico no contexto da política de “pacificação” das favelas cariocas
Tem como objetivo analisar e discutir a apropriação que a mídia hegemônica em geral, e o telejornalístico em particular, faz dos direitos humanos fundamentais e da cidadania no contexto da política de “pacificação” das favelas cariocas. Discute conceitos e características apresentados por alguns autores acerca de temas ligados à televisão e ao telejornalismo, bem como a relação que se estabelece entre estas instâncias e o discurso acerca dos direitos humanos fundamentais, estes últimos analisados a partir da perspectiva da teoria crítica. Discorre sobre o histórico e a evolução da televisão no Brasil, destacando o seu caráter privado e as consequências que este modelo, identificado como intransitivo e antidemocrático, teve para um debate pouco equilibrado no contexto da política de “pacificação” das comunidades da cidade do Rio de Janeiro. Defende a ideia de que a ocorrência e a recorrência dos direitos humanos fundamentais e da cidadania na pauta dos telejornais brasileiros se deu como tentativa, pelos menos em parte, de se justificar o processo de intervenção das forças policiais, angariando, antes de tudo, apoio da opinião pública, inclusive dos moradores das comunidades afetadas. A conclusão a que se chega é que ao mesmo tempo em que as ações repressivas do aparato policial/militar continuavam sendo plenamente utilizadas no processo de “pacificação”, os telejornais procuravam estabelecer e fixar sentidos segundo os quais as ações em curso visavam a garantia dos direitos e o (r)estabelecimento da cidadania perdida.
Direitos Humanos e Segurança Pública: O Caso das Unidades de Polícia Pacificadora
O funcionamento da instituição policial no Brasil é com frequência associado ao desrespeito aos direitos humanos, especialmente ao que tange a sua atuação dentro das favelas. O presente trabalho propõe-se a fazer uma reflexão a respeito dessa relação, a partir do estudo das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no estado do Rio de Janeiro. A maneira como o projeto das UPPs foi formulado parece ser uma mudança no modo de gestão construído historicamente. Sendo assim, a pergunta central é: as UPPs apresentam uma ruptura no padrão de relação violenta entre polícia e sociedade civil? A nossa hipótese é a de que apesar da formulação das UPPs ter sido estruturada baseada em uma lógica de atuação diferente da praticada até então, não teve grande impacto na forma de agir da instituição dentro desses espaços. Para tanto, faremos uma análise dos dados empíricos para o período entre 2007 a 2018, em todas áreas do Rio de Janeiro a receber essa política.
Aspectos do desenvolvimento dos complexos portuários de Santos e de Roterdã: uma contribuição à modernização do maior Porto Brasileiro
A primeira parte deste trabalho aborda as principais características do porto de santos, como sua infra-estrutura, administração, terminais, segurança e estrutura tarifaria. A modernização portuária brasileira e discutida e a lei n.8.630/93 e analisada, mostrando-se as consequências de sua implementação. A segunda parte e dedicada ao Porto de Roterdã. Como feito na primeira parte, sua infra-estrutura, administração, terminais e aspectos sociais são apresentadas
Gestão jurídico-política dos conflitos ecológicos: um estudo sobre as reformas de proteção judicial do meio ambiente em Cubatão (1981-1987)
A dissertação tem por objeto reformas tendentes a proteção judicial do meio ambiente implementadas pelo e no estado de São Paulo no início dos anos 1980 e os conflitos sociais a que as mesmas se dirigem. As reformas se apresentam como um meio judicial de prevenir e/ou reparar danos ambientais e como um meio de solução dos conflitos ecológicos de modo a permitir pelo acesso a justiça de sujeitos coletivos, a participação democrática no âmbito do judiciário. Propõe-se avaliar, sob o ângulo da sociologia do direito, a eficácia jurídica e a função política dessas reformas. Tal avaliação é feita com base em um estudo de caso referente a gestão jurídica-política dos conflitos emergentes em torno a crise política e socio-ambiental no município de Cubatão, Estado de São Paulo, entre os anos de 1981 e 1987. O estudo de caso permite concluir que as reformas em Cubatão não atingem a eficácia pretendida ou seja, não conduzem a uma efetiva prevenção e/ou reparação de danos ambientais pela via jurisdicional. Conclui-se ainda que as reformas cumprem uma função política, não de solucionar os conflitos e de possibilitar a participação democrática pela via judicial, mas de neutralizá-los, contribuindo para a legitimação de uma política estatal do meio ambiente que mantém a população alheia a discussão e a condução desta política.
Estudo médico-forense da violência letal no município de São Paulo nos últimos 25 anos: estudo vitimológico
O autor conceitua o que se entende por violência e por vítima. Apresenta uma breve história da vitimologia no mundo e no Brasil. Pretendendo fornecer subsídios capazes de facilitar a prevenção da violência letal urbana, estudou as cópias de 153.722 laudos necroscópios arquivados no Instituto Médico Legal do município de São Paulo, de 1 de janeiro de 1965 a 31 de dezembro de 1989, pois é sabido que os conhecimentos do passado possibilitam soluções futuras. Destes laudos anotou o sexo das vítimas, sua idade e seu estado civil ao morrerem, a cor de sua pele, a modalidade da violência que as atingiu e o instrumento empregado para matá-las. Estudou a evolução de cada uma destas variáveis ao longo dos 25 anos, assim como o perfil das vítimas. Deste estudo, apresentado em 60 tabelas e 67 gráficos, conclui que as medidas preventivas devem visar, especialmente, o grupo de adultos jovens, de sexo masculino, solteiros e brancos, por serem o grupo que o maior tributo pagou a letalidade violenta.
Investigação Acerca dos Valores Morais Associados à Conduta de Tráfico de Drogas e do Juízo Moral de seus Agentes
No presente trabalho, elabora-se uma revisão bibliográfica dos vários discursos pró e antidrogas sob três enfoques principais, quais sejam, saúde, economia e política, procurando-se, ressaltar os vários aspectos que explicam as abordagens proibicionistas ou liberais com relação ao fenômeno. Em seguida, recupera-se historicamente, desde os antigos filósofos gregos, as principais linhas de pensamento filosófico que visam conceituar o "bem" e o "mal", assim como definir a Justiça. Procura-se, ainda, trazer subsídios às diferenças e similaridades entre Moral e Ética e os respectivos significados de tais expressões no presente trabalho. Finalmente, busca-se verificar como a Psicologia trabalha com o conceito de moral revisando-se teorias que trataram do tema de maneira científica, destacando-se a teoria do desenvolvimento moral de Lawrence Kohlberg, fortemente influenciada pelos trabalhos de Jean Piaget e baseada na noção de Justiça, conceito de fundamental importância em nosso estudo. Procura-se, ademais, identificar os elementos estruturais comuns presentes nos discursos supracitados e, utilizando-se dos conceitos de moral, valorar esses elementos, visando-se a sistematização da matéria. Analisam-se os conteúdos de entrevistas, conduzidas a título meramente ilustrativo, sem qualquer objetivo de se estabelecer um padrão comportamental, e utilizando-se a teoria do desenvolvimento moral de Lawrence Kolhberg, junto a seis condenados em regime fechado por tráfico ilícito de substâncias entorpecentes e recolhidos a uma das unidades do sistema penitenciário do Estado de São Paulo, seguindo-se breve discussão sobre os resultados obtidos. Conclui-se, em síntese, não haver diferenças significativas nos estágios de desenvolvimento moral dos entrevistados em relação aos condenados por outros delitos que justifiquem, pelo menos sob esse prisma, as diferenças de tratamento penal atualmente em vigor.