Juventudes Transfronteiriças: (Re)Existência Cultural e Transnacional de um Coletivo Angolano em São Paulo
Vive-se hoje em tempos de globalização, um cenário marcado pelas grandes circulações de bens materiais, capital, informação e, sobretudo, de pessoas. A tecnologia propicia maior fluxo, troca, compartilhamento de conteúdo, imagens e imaginários. Os cenários são reformulados e, de alguma forma, as pessoas de todo o globo podem se conectar tanto com outros sujeitos quanto com outros territórios. As fronteiras tornam-se porosas, conformam cenários marcados por disputa e conflito e são redesenhadas por seus sujeitos em deslocamento. Dentro desse grande compartilhamento, mais especificamente em São Paulo, inserem-se os jovens do coletivo angolano Muxima na diáspora. Conjuntamente às suas narrativas e trajetórias, esta dissertação objetiva entender as formas pelas quais as práticas juvenis e imigrantes são capazes de criar um cenário vivo, pulsante e simbólico no interior da experiência metropolitana contemporânea, na qual a inserção da cultura, da política e da comunicação na vida cotidiana destes sujeitos é capaz de contribuir para transformações na perspectiva "inevitável" de permanência em contextos de segregação e exclusão urbanas. Da mesma forma, como em suas lutas contra o racismo, promovem e reformulam estruturas e configuram contranarrativas emergentes de forma "local" e "global". O percurso metodológico esteve ancorado na combinação de referenciais teóricos com técnicas qualitativas (observação etnográfica, entrevista em profundidade e etnografia virtual), a fim de mergulhar empiricamente neste universo e responder de que forma esses imigrantes criam novas maneiras de (re)existirem e resistirem, assim como (re)constroem suas vidas em transfronteira, atrelando, revisitando e ressignificando memórias trazidas em seus corpos.