Jovens imigrantes angolanos no Rio de Janeiro: imagens, relatos e diálogos
Migrações induzidas ou forçadas por situações de guerra e conflitos armados são fenômenos muito antigos e significativos na história da humanidade. Tais movimentos migratórios foram, tradicionalmente, estudados mais com a preocupação de mensurar a população deslocada, identificar seus locais de destino ou, ainda, seus movimentos de retorno uma vez terminados os conflitos. Fenômenos políticos, sociais e econômicos, tem-se deles uma visão muito geral ao tratá-los somente como deslocamentos no espaço, fluxos, correntes migratórias, e aos seus atores como meros números nesses fluxos. Segundo Sayad, se a migração é, em primeiro lugar, um deslocamento no espaço e, antes de mais nada, no espaço físico, é preciso destacar que o espaço dos deslocamentos é também qualificado em outros sentidos: socialmente, economicamente, culturalmente, politicamente (Sayad: 1998, p.15).Esse artigo resulta de uma experiência de acompanhamento realizada, desde o início de 1998, com grupos de jovens angolanos no Rio de Janeiro - principal ponto de destino e concentração desses imigrantes no Brasil. A migração de angolanos para o Brasil e, especialmente, sua presença na cidade do Rio de Janeiro, vem recebendo destaque crescente nos meios de comunicação de massa. Até o momento, existe pouca informação sistematizada sobre esse processo migratório, principalmente sobre sua fase mais recente. Predomina, assim, no senso comum, uma visão generalista e pouco precisa sobre essa migração, bem como uma imagem negativa de tais imigrantes.