Transparanamericana: gênero e sexualidade na produção de artistas visuais latino-americanos contemporâneos
O tema da presente tese é a arte contemporânea latino-americana em diálogo com os referenciais de gênero e sexualidade. Tendo em vista a amplitude das produções que tangenciam essas esferas, essa pesquisa elegeu como ponto de partida a 31ª bienal de são paulo (2014) intitulada como…coisas que não existem. O evento propôs levar para o espaço do pavilhão da bienal as discussões que tomaram conta das ruas durante um ano de intensas manifestações políticas ao redor do mundo e que no Brasil tomou proporções a serem ainda decifradas. A equipe curatorial convidou artistas e projetos que discutiram acontecimentos considerados eminentes ou pouco visibilizados pelos meios de comunicação e de produção de conhecimento hegemônicos. Naquele contexto, as questões de gênero e sexualidade adquiriram amplo destaque, ao ponto da 31a bienal de sp ser conhecida como a trans bienal e a edição que focou pela primeira vezes nos temas de gênero e sexualidade. Portanto pergunto: de que maneira gênero e sexualidade são constituídos enquanto imagens, discursos e experiências nas produções visuais de artistas contemporânexs latino-americanxs no contexto da 31ª bienal de são paulo? Quais as principais questões evocadas por esses projetos visuais em diálogo com as relações de gênero e sexualidade no contexto latino-americano? A pesquisa fundamenta-se em uma análise sob as perspectivas dos estudos culturais, as teorias feministas, descoloniais e queer/transviadas. A análise também parte de uma perspectiva intersecccional que dá atenção sobre como as relações de gênero, raça, religião, sexualidade e as políticas da representação, influenciam na formação e aplicação das ideias sobre a América-Latina, artista, corpo, obra de arte e valor estético. Foco nas condições e contexto social que possibilitaram e produziram a visibilidade de sexualidades não hegemônicas, relações de gênero e corpos transgêneros durante a bienal de 2014, situando-a, por sua vez, na geografia e história social da América Latina. Contextualizo como as representações de gênero e sexualidade foram apresentadas nas últimas edições da bienal de são paulo, considerando a trajetória do evento enquanto um arquivo vivo que, existe fisicamente, além de ser ampliado a cada dois anos através das novas edições que também miram a trajetória da própria bienal para se pensarem. Por fim analiso as obras dos/as artistas nahum b zenil, giuseppe campuzano, sergio zevallos, virginia de medeiros, las yeguas del apocalipsis e mujeres creando no contexto do evento considerando as trajetórias desses artistas na conjuntura latino-americana e de seus locais de produção.