Comunicação
Música na cidade em tempo de transformação: São Paulo, 1900-1930
O núcleo de trabalho se divide em 3 partes. Na primeira, apresenta-se um rápido panorama do desenvolvimento histórico da cidade apenas para melhor situar no espaço/tempo o objeto da pesquisa: a musica. A intenção não é a de escrever sobre a cidade como objeto principal do capitulo, mas somente apontar alguns pontos sobre o seu desenvolvimento, para mais efetiva compreensão dos fatos musicais ali ocorrentes. Localizo, ainda, o contexto mais geral da música de concerto e seus ambientes, além da musica ligeira ou musica de dança de salão. Na segunda parte, abordo os gêneros musicais populares que mais se evidenciaram na cidade.
Latifúndio do Ar: mídia e poder na Nova República
O objetivo deste trabalho é examinar o processo de concessões de canais de rádio e televisão no período da Nova República. Por meio de análise das relações dos atores sociais envolvidos na política de outorga dos meios de comunicação de massa, procuro identificar as bases do clientelismo predominante nessas relações, em que o coronelismo de enxada e voto se atualiza com o coronelismo eletrônico. Examino a participação de políticos aliados a grupos empresariais privilegiados no controle dos meios de comunicação de massa, em detrimento de outros setores sociais. Por representar a transição da ditadura militar, concentradora e repressora, para a República Civil e Democrática, a Nova República e o período em que afloram expectativas da democratização do acesso à informação. Examino vários componentes sociais que expressam tais expectativas, com características e intervenções distintas. Primeiro, o caso do sindicato dos metalúrgicos do ABC Paulista, que, desde 1987, tenta obter a concessão de uma rádio dentro da legislação vigente, tendo sido repetidamente rechaçado por razões eminentemente políticas. Mesmo sem êxito, e grande o alcance político da iniciativa dos metalúrgicos do ABC.
A experiência do cinema japonês no bairro da Liberdade
Nesta etnografia, o cinema japonês exibido na cidade de São Paulo entre as décadas de 1950 a 1980 é abordado a partir da memória de antigos freqüentadores das salas de cinema do bairro da Liberdade. O foco desta investigação são os significados locais atribuídos pelos públicos nikkei e não-nikkei aos filmes japoneses, às salas de cinema da Liberdade e à experiência de freqüentá-las. A experiência vivida é acionada pelo método da história de vida e ganha centralidade na análise por meio das reflexões suscitadas pela antropologia da experiência.
Imagens de estudantes na publicidade do ensino superior privado: marcadores sociais da diferença em articulação
Neste artigo, a partir de pesquisa de campo realizada entre 2015 e 2018 na cidade de São Paulo e em meio digital, analiso as relações entre mercado de ensino superior privado, publicidade e marcadores sociais da diferença (classe, raça e gênero, em especial). Se, historicamente, a publicidade brasileira privilegiou corpos brancos e estilos de vida associados à classe média, no período recente algumas transformações foram visíveis, incorporando perfis mais diversos de estudantes, incluindo várias peças publicitárias com protagonismo de jovens mulheres negras. Minha hipótese neste artigo é a de que tais transformações se relacionam, de um lado, com o fenômeno de maior acesso da “classe C” (conforme a linguagem do mercado) no ensino superior privado a partir de meados dos anos 2000. De outro lado, tais publicidades passaram a incorporar algumas das demandas de maior representatividade realizadas pelos movimentos negros e feministas. A incorporação de tais transformações visou tornar as peças publicitárias mais atrativas para um novo público consumidor de diplomas universitários no Brasil
Zen in Brazil: The Quest for Cosmopolitan Modernity
Mario de Andrade e as Manifestações Artísticas em São Paulo: 1927-1930
Este trabalho apresenta os resultados de pesquisa realizada junto ao Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo e na Biblioteca Municipal Presidente Kennedy, de Santo Amaro. Ambas as instituições possuem coleções do Diário nacional, jornal de São Paulo que forneceu os textos utilizados na dissertação, englobando uma parcela significativa das crônicas e críticas de arte escritas por Mário de Andrade como colaborador do jornal. A produção crítica de Mario de Andrade a respeito das manifestações artísticas que tinham lugar na cidade de São Paulo têm, antes de mais nada, um sentido profundamente didático, freqüentemente apontada por autores que empreenderam a revisão de sua obra, deve ser"referida a um momento específico da sua carreira intelectual. Inicialmente, ela deve ser examinada a partir das suas ligações com uma etapa particularmente decisiva de um dos mais dinâmicos movimentos de renovação" intelectual que se afirmaria durante os anos 1920 -- o Modernisno --, deflagrado oficialmente com a realização da Semana de Arte Moderna" de são Paulo. O trabalho exigiu portanto uma revisão histórica do Modernismo, entendido como movimento cultural de caráter coletivo proposto por uma ala progressiva da intelectualidade de São Paulo, atuante naquela década. A análise desse processo de conscientização da "geração modernista implicou numa retomada das condições históricas que tornaram possível a projeção de São Paulo no plano econômico e político nacional. Os reflexos desse processo global iniciado antes mesmo dos finais do século XIX, mas particularmente sensível durante os primeiros anos da década de 1920, tornariam possível a fermentação ideológica e intelectual que provocou a eclosão do movimento modernista em São Paulo.
Uma Cidade no Meio do Caminho: mapeamentos e contrastes na urbanização periférica
(N/I)
Tv dos trabalhadores - a leveza do alternativo (estudo de caso)
Estudo do processo de apropriação do vídeo e da produção da imagem pelos operários e dirigentes do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, no ABC. Estudo da relação entre o vídeo, a televisão, a Central Única dos Trabalhadores e a campanha eleitoral Lula presidente, em 1989. Estudo de caso da tv dos trabalhadores em relação às propostas indicadas.
Construção Religiosa no Contexto Urbano do Vale do Paraíba, Estado de São Paulo
A proposta deste trabalho é fazer não uma pesquisa histórica de cada templo do Vale do Paraíba, no ciclo do café, mas relacioná-los com o desenvolvimento da sociedade e transformações urbanísticas. Estudar o edifício como um todo e ir além, interpretando as transformações. Estudar a arquitetura e o espaço circundante como fator de envolvimento do edifício, e não apenas a decoração interna dos edifícios religiosos, o que certamente seria motivo para outro estudo. Retábulos, esculturas, pinturas e o envolvimento dos artistas com as famílias mineiras, seriam temas a serem aprofundados. As fachadas neoclássicas e os interiores rococós são sugestões de outras possíveis relações de influências do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. A delimitação geográfica que adotei é flexível: Vale do Paraíba, atual Estado de São Paulo, com a inclusão de Moji das Cruzes. O desenvolvimento da pesquisa levou-me à hipótese de que a arquitetura religiosa do Vale do Paraíba é a expressão de sociedade em conflito de valores. O poder temporal, na figura do Imperador, não mais precisava do poder religioso. Desta maneira, o homem se apressou em construir palacetes para receber o novo símbolo do poder temporal, porém, conflitante ainda com a importância de manter a construção religiosa como a irradiadora dos pensamentos e expressão do prestígio local. A construção religiosa no contexto urbano do Vale do Paraíba deve ser compreendida desde os tempos do povoamento. A capela era a estabilidade da nova povoação, porém como zona de preparação da exploração e passagem do ouro, foram os religiosos barrados na boca do vale. Moji das Cruzes é o limite para os jesuítas que por pouco tempo adentraram até a atual São José dos Campos. Foram os franciscanos os escolhidos para atuarem em Taubaté. Pobreza e ambição se confrontaram. Venceu a última, e a projeção da programação do espaço dos religiosos nas cidades é praticamente nula. O Convento de Santa Clara de Taubaté é um exemplo analisado no aspecto da escolha proposital dos franciscanos, o isolamento da cidade e a estética que se transforma ao sabor dos conflitos e mudanças de programações do edifício religioso. O espaço urbanístico e o desenvolvimento econômico das famílias de fazendeiros é analisado no exemplo de Bananal. Aspectos urbanos delimitam a cidade em dois períodos: colonial e imperial. O primeiro dominado pela construção da igreja matriz e o segundo pela construção religiosa e culminando com a construção da estação da estrada de ferro. O patrimônio religioso, princípio de formação das cidades vale-paraibanas, é estudado no exemplo da cidade de Aparecida. A acertada localização da antiga capela, a organização das proporções da terra até os conflitos das trocas de interesses espirituais e materiais que levaram à destruição visual da colina sagrada. Hoje, dois traçados antagônicos circundam as construções religiosas que lutam para manter a imagem da espiritualidade. É uma luta através de massas arquitetônicas que se projetam sobre os dois morros: Coqueiros e Pitas. Delimitei-me, praticamente, a aprofundar estes três exemplos - por serem eles expressivos. Aparecida é exemplo vivo. Bananal parou no tempo e se mostra intacta. Convento Santa Clara, em Taubaté, anseio da sociedade desde o povoamento e que foi se mantendo vivo como projeção de suas transformações.