A proposta deste trabalho é fazer não uma pesquisa histórica de cada templo do Vale do Paraíba, no ciclo do café, mas relacioná-los com o desenvolvimento da sociedade e transformações urbanísticas. Estudar o edifício como um todo e ir além, interpretando as transformações. Estudar a arquitetura e o espaço circundante como fator de envolvimento do edifício, e não apenas a decoração interna dos edifícios religiosos, o que certamente seria motivo para outro estudo. Retábulos, esculturas, pinturas e o envolvimento dos artistas com as famílias mineiras, seriam temas a serem aprofundados. As fachadas neoclássicas e os interiores rococós são sugestões de outras possíveis relações de influências do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. A delimitação geográfica que adotei é flexível: Vale do Paraíba, atual Estado de São Paulo, com a inclusão de Moji das Cruzes. O desenvolvimento da pesquisa levou-me à hipótese de que a arquitetura religiosa do Vale do Paraíba é a expressão de sociedade em conflito de valores. O poder temporal, na figura do Imperador, não mais precisava do poder religioso. Desta maneira, o homem se apressou em construir palacetes para receber o novo símbolo do poder temporal, porém, conflitante ainda com a importância de manter a construção religiosa como a irradiadora dos pensamentos e expressão do prestígio local. A construção religiosa no contexto urbano do Vale do Paraíba deve ser compreendida desde os tempos do povoamento. A capela era a estabilidade da nova povoação, porém como zona de preparação da exploração e passagem do ouro, foram os religiosos barrados na boca do vale. Moji das Cruzes é o limite para os jesuítas que por pouco tempo adentraram até a atual São José dos Campos. Foram os franciscanos os escolhidos para atuarem em Taubaté. Pobreza e ambição se confrontaram. Venceu a última, e a projeção da programação do espaço dos religiosos nas cidades é praticamente nula. O Convento de Santa Clara de Taubaté é um exemplo analisado no aspecto da escolha proposital dos franciscanos, o isolamento da cidade e a estética que se transforma ao sabor dos conflitos e mudanças de programações do edifício religioso. O espaço urbanístico e o desenvolvimento econômico das famílias de fazendeiros é analisado no exemplo de Bananal. Aspectos urbanos delimitam a cidade em dois períodos: colonial e imperial. O primeiro dominado pela construção da igreja matriz e o segundo pela construção religiosa e culminando com a construção da estação da estrada de ferro. O patrimônio religioso, princípio de formação das cidades vale-paraibanas, é estudado no exemplo da cidade de Aparecida. A acertada localização da antiga capela, a organização das proporções da terra até os conflitos das trocas de interesses espirituais e materiais que levaram à destruição visual da colina sagrada. Hoje, dois traçados antagônicos circundam as construções religiosas que lutam para manter a imagem da espiritualidade. É uma luta através de massas arquitetônicas que se projetam sobre os dois morros: Coqueiros e Pitas. Delimitei-me, praticamente, a aprofundar estes três exemplos - por serem eles expressivos. Aparecida é exemplo vivo. Bananal parou no tempo e se mostra intacta. Convento Santa Clara, em Taubaté, anseio da sociedade desde o povoamento e que foi se mantendo vivo como projeção de suas transformações.
Construção Religiosa no Contexto Urbano do Vale do Paraíba, Estado de São Paulo
Tipo de material
Dissertação Mestrado
Autor Principal
TIRAPELI, Percival
Sexo
Homem
Orientador
PFEIFER, Wolfgang Adolf Arthur
Ano de Publicação
1983
Local da Publicação
São Paulo
Programa
Comunicação
Instituição
USP
Idioma
Português
Palavras chave
arquitetura
edificações
desenvolvimento urbano
religiosidade
Resumo
Disciplina
Área Temática
Referência Espacial
Região
Vale do Paraíba
Cidade/Município
São José dos Campos
Morro dos Coqueiros
Morro das Pitas
Bananal
Taubaté
Aparecida
Localidade
Convento Santa Clara
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
São Paulo
Cidade/Município
Mogi das Cruzes
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
São Paulo
Referência Temporal
Ciclo do café (1800-1930)
Localização Eletrônica
(N/I)