Relações entre Cultura Popular e Indústria Cultural: a Congada de Ilha Bela
Analisa a relação entre cultura local (manifestações culturais) e turismo em Ilha Bela, a maior ilha do Estado de São Paulo, que abarca, além do município de mesmo nome, também os de São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba. Integrando as ex-capitanias de São Vicente e Santo Amaro, a região explorou, em seus primeiros tempos, o escravo e a cana-de-açúcar. Associada aos engenhos, desenvolveu-se uma agricultura de subsistência centrada principalmente na produção de farinha de mandioca, da qual ainda hoje restam alguns vestígios. Com a construção da ferrovia entre São Paulo e Santos, a Estrada de Ferro Inglesa, e da estrada de ferro entre São Paulo e Rio de Janeiro, a Central do Brasil, na segunda metade do século XIX, e com a intensificação do comércio no porto de Santos, o Litoral Norte foi perdendo seu papel de destaque econômico. A decadência das lavouras cafeeiras e a acidentada configuração geográfica favoreceram o relativo isolamento dos povoados praianos. Melhoramentos nas duas vias de comunicação para o planalto - as estradas Caraguatatuba - São José dos Campos, e Ubatuba - Taubaté -, incentivaram, a partir da metade do século XX, um turismo emergente. Nos últimos trinta anos o turismo promoveu o desenvolvimento da região: incrementa-se a construção de determinados equipamentos de infra-estrutura, como hotéis, clubes náuticos, restaurantes; criam-se alguns empregos; e aumenta a arrecadação tributária das prefeituras, embora se tenham multiplicado também os problemas com os quis as municipalidades se defrontam, principalmente nas áreas de saneamento básico, transportes e atendimento médico. Procura examinar as transformações no modo de vida dos moradores de Ilha Bela, sobretudo no que diz respeito à realização de atividades envolvendo grupos culturais de dança (congada, moçambique, boizinho e caiapó), em função do acelerado crescimento urbano do município, decorrente do turismo e das mudanças por ele proporcionadas.