Tradição e Modernidade no Ciclo dos IAPs, o Conjunto Residencial do Passo D`Areia e os Projetos Modernistas no Contexto da Habitação Popular dos Anos 40 no Brasil
O trabalho tem por objetivo analisar o projeto do Conjunto Residencial do Passo D'Areia, inaugurado em Porto Alegre no início da década de 1950, durante o Ciclo do IAPs, período que vai de 1937 a 1964, quando o poder público manifesta pela primeira vez no Brasil preocupações com a execução de habitações populares em grande escala. Por se ter demonstrado, com o passar dos anos, um dos empreendimentos mais bem sucedidos de todos quantos foram executados à época e por apresentar características específicas que, em parte, se contrapunham às dos projetos executados no centro do país, de orientação mais claramente modernista, entendemos ser importante uma comparação com alguns destes na busca de pontos de divergência e convergência entre os mesmos, para melhor entendimento do processo que se seguiu. Para tanto, elegemos três projetos paradigmáticos e representativos, cada qual a seu modo, deste período, procurando apresentar de maneira clara suas propostas e principais características. São eles, o Conjunto do Realengo, no Rio de Janeiro, o primeiro de todos, laboratório experimental para os futuros empreendimentos que viriam a seguir; o Ed. Japurá, em São Paulo, o primeiro prédio com características das Unités de Lê Corbusuer executado na capital paulista; e o conjunto do Pedregulho, no Rio de Janeiro, o mais divulgado e o mais premiado de todos quantos foram construídos à época. Buscando esclarecer as fontes de onde estes projetos foram retirar sua inspiração, apresentamos um apanhado geral das principais correntes urbanísticas em voga na Europa dos finais do século XIX e início do XX. Ao final, juntamente com uma rápida visão do período imediatamente posterior ao Ciclo dos IAPs, e para uma melhor compreensão do próprio período, apresentamos uma série de projetos menos conhecidos, representantes autênticos, eles também, do espírito reinante no transcurso dos anos 1940 e 1950 e co-responsáveis pela real imagem delegada à posteridade deste que foi um ciclo de grandes experimentos e criatividade.