Capacitação e mobilidade profissional de migrantes de Minas Gerais na construção civil de São Paulo, 1960/1970
A adaptação de trabalhadores de origem rural ao trabalho urbano foi um assunto que ocupou muitos pesquisadores brasileiros. Vários autores descreveram as precárias condições de vida de um campo que expulsava lavradores e, ao mesmo tempo, não os preparava para enfrentar as dificuldades da cidade. Conhecendo apenas o trabalho pesado do campo, certam ente seriam marginalizados ou excluídos nos novos ofícios. Como foi possível a milhões de camponeses entrar no mercado de trabalho, aprender suas regras, conseguir uma razoável mobilidade profissional e adquirir habilidades que somavam à sua modesta bagagem de conhecimentos formais? Investigando a trajetória desses migrantes percebe-se que isso ocorreu pela combinação das redes solidárias que formaram nos centros urbanos com os sistemas de gerência de força de trabalho utilizados pelas empresas. Este é o assunto deste artigo: analisar a trajetória urbana de lavradores mineiros que migraram para a capital de São Paulo nas décadas de 1960 e 1970. Saindo do campo , principalmente do alto Jequitinhonha, com pouca escolaridade, nenhum dinheiro e muita vontade de trabalhar, entraram na construção civil, conseguiram ascender profissionalmente ocupando cargos de oficiais, e, boa parte das vezes, amealharam rendimentos que serviram para engordar seus patrimônios nas com unidades de origem, quando retomaram.