A dissertação visou compreender ao processo de povoamento da região da Juréia e Serra dos Itatins, município de Iguape/SP, no período de 1800 a 1921. A pesquisa revelou que essa ocupação foi expressiva, principalmente após a introdução do arroz como atividade comercial. Como instrumento metodológico, optamos pela análise espacial, com a abordagem da arqueologia da paisagem, que entende o espaço como uma realidade fundamentalmente social, permitindo considerar espaços diferentes, ainda que em um mesmo espaço formal. Adotamos, dessa maneira, o conceito de espaço como uma categoria cultural, do arqueólogo Felipe C. Boado. A partir dessa concepção, realizamos a análise de padrões de assentamento, utilizando as informações obtidas no cadastramento de vinte e dois sítios arqueológicos históricos, somadas ao estudo da cultura material, das fontes textuais, cartográficas e ambientais. Esse caráter interdisciplinar da pesquisa, possibilitou um estudo em termos de macro assentamento. Identificamos três tipos de padrão de assentamento: dois padrões se caracterizaram pela ocupação de sitiantes tradicionais, cujas pequenas e médias propriedades eram voltadas para uma economia familiar e de subsistência, localizados ao longo da costa, o primeiro, e ao longo dos ribeirinhos e encostas dos morros, o segundo. O terceiro era formado por fazendeiros com extensas terras ao longo dos rios principais e afluentes, que praticavam agricultura comercial commão de obra escrava e, posteriormente, assalariada. Portanto, no estudo do processo de povoamento da Juréia, foi possível compreender a forma de apropriação do espaço, a identificação da estrutura fundiária, as relações econômicas entre a área rural e a cidade, assim como a dinâmica das relações socio-culturais entre os grupos e a interação desses com o meio-ambiente.