Evolução urbana

A dissertação trata do processo recente de construção de edifícios para escritórios na Avenida Engenheiro Luis Carlos Berrini, localizada no bairro do Brooklin Novo, zona sul do município de São Paulo. Nessa avenida erguem-se edifícios modernos e com arquitetura arrojada destinados ao terciário moderno, numa fração do espaço urbano da cidade cuja característica principal era o predomínio do uso residencial. A maior parte desses edifícios foi construída por uma única empresa que aplicou em São Paulo um novo processo de produção do espaço que se caracteriza como sendo de natureza monopolista. Outro enfoque refere-se ao processo de desconcentração do terciário de gestão na cidade de São Paulo. A avenida estudada constitui-se em exemplo da atual tendência verificada na metrópole paulistana de desconcentração da atividade terciária, sobretudo aquelas vinculadas a coordenação do capital (atividades terciárias desenvolvidas no interior do setor primário, secundário e do próprio terciário da economia).

O objetivo do trabalho é estudar o atual processo de produção do espaço urbano em Mogi das Cruzes, cidade da região metropolitana de São Paulo, a partir das suas relações com a metrópole. São abordadas as tendências do atual processo de metropolizacão em nível mundial e como se dá a desconcentração espacial na metrópole de São Paulo. A seguir são analisadas as formas de inserção da cidade nas diversas fases da metropolizacao, sobretudo na fase atual.

Nesse trabalho estuda-se a problemática das habitações precárias coletivas de aluguel, cortiços localizados nas áreas centrais da cidade de São Paulo. Defendemos a tese de que a melhoria das condições de vida nos cortiços, passa pela ação do município. É´ necessário que a administração pública municipal se torne o carro chefe assumindo o seu papel de promotor para promover a reestruturação urbana e renovação dos cortiços do centro da cidade. Salienta-se que essas funções da administração municipal são justificadas pelo fato de que sem essas ações desencadeadoras de processos de reestruturação, o centro da cidade não voltará a exercer um papel de atração dos investimentos privados. Investimentos e novos instrumentos urbanísticos, deverão enfatizar a participação dos setores públicos para reverter o interesse da iniciativa privada na promoção de soluções que melhorem a qualidade de vida da população de menor renda residente nas áreas centrais.

O objetivo desta tese é analisar como a centralidade da cidade de São Paulo vem sendo articulada, redefinida e negociada por grupos empresariais no período mais recente de sua vida urbana, comparando o contexto social de três espaços significativos: a) o Centro, que sofreu historicamente uma série de modificações, deteriorando-se e passando atualmente por processos parciais de renovação urbana, visto como espaço estratégico da vida metropolitana na ótica da Associação Viva o Centro: b) a Avenida Paulista, uma espécie de desdobramento ampliado do centro tradicional sob a hegemonia do capital financeiro a partir dos anos 70, considerada a partir de 1990 o "símbolo da cidade", e cujo processo de deterioração urbana nos anos 90 levou à criação da Associação Paulista Viva; c) a Avenida Eng. Luiz Carlos Berrini, representativa de uma tendência, a partir dos anos 80, de concentração de sedes de empresas do setor terciário em São Paulo, com papel decisivo desempenhado pela empresa Bratke-Collet nessa estruturação, em cuja região se deu, em meados dos anos 90, a organização de um pool de empresários da região para a remoção de favelados de uma área das proximidades, durante a construção da Avenida Águas Espraiadas. Os intuitos centrais do presente trabalho são, portanto, desvendar: a) quais são e como se organizam hoje os principais grupos e instituições privadas, dentro do processo de competição para que o polo onde estão situadas seja o preferido para a permanência, relocalização ou abertura de novas empresas do setor terciário; b) como tais organizações se articulam ou pressionam o poder público, visando obter benefícios na criação de infraestrutura de equipamentos urbanos, num momento de crise do mesmo, que passa por restrições e dificuldades cada vez maiores para dar conta dessas demandas; c) quais são os grupos sociais mais atingidos por esse jogo de interesses, na medida em que tal dinâmica atende a conveniências de um leque de atores sociais em detrimento de outros, levando a novas segmentações e fragmentações do espaço, contrárias, por conseguinte, a uma utilização marcadamente diversificada do espaço público.

A dissertação procura oferecer um exemplo de como as redes atuam no espaço, fazendo uma recuperação da história da produção espacial de uma fração do espaço urbano da cidade de São Paulo, o bairro do Bom Retiro. Este distrito ao longo da segunda metade do século XIX e início do XX teve sua "paisagem rural" metamorfoseada em "paisagem urbana", em função da implantação de redes materiais e sociais. Redes estas originadas por exigência de uma dinâmica social local associada à transição no modo de produção capitalista e a emergência das classes apegas ao poder de mando.

O tema central de nossa dissertação são os conflitos nas áreas centrais da Cidade de São Paulo diante dos projetos de revitalização que estão sendo implementados. Analisamos os projetos que se sustentam na modernização e na reestruturação por que a cidade passa, baseados em uma suposta melhoria da qualidade de vida. O mapeamento dos conflitos e sua sistematização passou pela localização dos fenômenos, pela correlação das informações e pela compreensão do desenvolvimento das ações que estão materializadas no cotidiano da cidade, tendo o conflito como o processo de resistência e de embate aos projetos excludentes que a cada dia reordenam esses lugares visando a reconstrução do centro para atender aos interesses de um grupo minoritário, mas hegemônico da população. Na perspectiva de realizar uma análise Geográfica, buscamos compreender a essência dos fenômenos, objetivando explicar como o reordenamento dos lugares da cidade pode provocar um movimento de opressão, uma vez que não garante ao cidadão reconhecer na paisagem da cidade seus símbolos, alienando-o, já que o transforma em um mero reprodutor de ações, ou seja, afastando-o do direito de ser cidadão. Lutar, planejar, resistir, vivenciar, questionar... é de certa forma a única maneira de sobreviver nesse lugar.

Este estudo problematiza a entidade bairro como unidade de vida e de relações no processo de urbanização e industrialização. Indaga sobre o estatuto teórico do bairro no processo de modernização da sociedade, sob a premissa de que "cidade" e " bairro", em simbiose, são enredadas no processo de modernização mantendo como se fossem fios, certas continuidades. São as continuidades expressas em leis, em regulamentos, em hábitos, crenças, valores ..., que vêm de um outro tempo histórico. Por isso, o exame invertido daquilo que no âmbito do cotidiano é dado por estabelecido, mostrou-se um caminho muito fértil para discutir o processo de urbanização. Os bairros funcionaram como um suporte "doméstico", necessário do processo de industrialização - urbanização. Sob o ideário do progresso material, a própria cidade se opunha e se impunha com muita força aos seus bairros. No Bairro do Limão, ainda muito aquém das estipulações do Estado e do mercado, nas franjas da cidade que já tinha bancos, iluminação elétrica, vitrines e seus poetas, estava sendo tecida uma trama que envolveria caipiras e imigrantes, além dos migrantes nacionais, num enredo que se estendeu talvez por perto de cem anos. De modo intersticial foi sendo forjado um tempo próprio do Bairro, tempo comum e cotidiano, no qual as dádivas contavam como desafio e prestígio. Nesse contexto explodiu a festa profana: o futebol de bairro em São Paulo. Condição para que a espontaneidade pudesse ainda aparecer porque havia algum tempo não absorvido como tempo social, além de muito espaço. Enfim, a funcionalização abstrata do tempo transformado em tempo de trabalho e equivalendo a salário consolidava uma economia de trocas. Era a formação social capitalista que integrava a cidade e os bairros na conformação da metrópole.

A tese aborda como os aspectos espaço-temporais da modernidade de São Paulo - destruição/construção, segregação socio-espacial e preservação - são articulados pela memória coletiva e individual, constituindo a identidade de um outrora bairro operário, atualmente marcado por um caráter multicultural, o Brás. Analisa como estas memórias são construídas por diferentes sujeitos (o Estado, a universidade, as associações, os movimentos sociais, a população) a fim de legitimar os seus lugares e o lugar do outro na vida cotidiana, bem como nas situações de conflito em torno dos projetos de preservação arquitetônica e urbana no bairro nos anos 1990.

Este estudo tem como objetivo a análise das representações sociais acerca da cidade de Bauru, urbe de médio porte situada no oeste do estado de São Paulo. Partindo do princípio que as representações guardam implicitamente um sentido polifônico,buscou-se diversificar as fontes consultadas para abranger a multiplicidade de vozes. Tais representações, na perspectiva histórica, têm sido responsáveis pela construção de um imaginário que confere sentido e instrui as ações urbanas. Assim, sepor um lado, buscou-se as falas oficiais através dos textos escritos e fotografias estampadas na imprensa diária baurense, por outro, houve empenho em, através das técnicas oferecidas pela História Oral, ouvir cidadãos da classe média e tambémdos segmentos mais pobres, membros da elite intelectual e trabalhadores quase analfabetos, homens e mulheres. Balizando temporalmente o foco da análise no período entre as décadas de 50 e 70 do século XX, abriu-se oportunidade para melhorentender a cidade e seus habitantes e, com isto, desvelar os dilemas produzidos pelas iniciativas modernizadoras em uma cidade que reproduz as desigualdades sociais que caracterizam um país postado na periferia do capitalismo