Esta pesquisa de corte transversal procurou verificar as condições de saúde de trabalhadoras inseridas no processo produtivo de bijuterias e folheados de Limeira, SP. Para isso, traçou-se um perfil acerca do trabalho realizado, exposição ao cianeto e queixas de saúde auto-referidas, comparando um grupo de 191 trabalhadoras inseridas em empresas com processo de galvanoplastia (expostas ao cianeto) e um grupo de 192 trabalhadoras inseridas em empresas que fabricam e montam peças brutas (não expostas ao cianeto). Foi aplicado um questionário para levantamento de informações sócio-demográficas, familiares e funcionais, além do Índice de Capacidade para o Trabalho, a Escala de Estresse no Trabalho, o SRQ-20, o SF-36, o Audit e a Escala de Tolerância de Fagerström. No geral, 44,4% das trabalhadoras são solteiras, 54,3% têm entre 20 e 29 anos, 49,9% são brancas, 62,9% têm ensino médio completo, 55,4% não têm filhos, 40,7% afirmaram ter alguma lesão ou doença confirmada por médico e o Estado de Saúde (SF36) teve uma média de 66,9. As questões relacionadas a favoritismo e discriminação dentro de ambiente e a pouca perspectiva de crescimento são os fatores psicossociais mais estressantes para essa população, sendo que 14,8% apresentaram classificação positiva para transtornos mentais comuns (SRQ-20), com dores de cabeça freqüentes. Sobre o estilo de vida, 93,7% apresentaram baixo risco de dependência alcoólica (Audit), e 65,5% nunca fumaram. Sobre o trabalho, 59% não usam EPI, 68,4% ocupam o cargo de Auxiliar de Ourives, e entre as trabalhadoras inseridas no processo de tratamento de superfície 48,9% lidam diretamente com cianeto. Na comparação entre os grupos foi encontrada uma diferença estatisticamente significante com relação ao número de lesões e doenças referidas confirmadas por avaliação médica (ICT), sendo que o grupo exposto apresentou menos lesões que o grupo não exposto ao cianeto (p=0,042), e o grupo exposto apresentou diferenças com relação à prevalência de distúrbios de tireóide (p=0,022), bronquite crônica (p=0,027) e sinusite crônica (p=0,022), enquanto que o grupo não exposto apresentou maior prevalência de lesões nos braços e nas mãos (p <0,001). Os distúrbios de tireóide foram associados a um maior tempo de trabalho no setor (p=0,035), a uma menor pontuação no índice de capacidade para o trabalho (p=0,001), maior freqüência de distúrbios emocionais menores (p=0,006), a um cansaço constante (p=0,001) e facilidade de se cansar (p<0,001), menor pontuação na capacidade funcional (p=0,021), na vitalidade (p=0,001), nos aspectos emocionais (p=0,010), e no domínio saúde mental (p=0,011). A lesão nos braços e nas mãos não foi associada à responsabilidade de limpar a casa (p=0,114) nem à responsabilidade de passar roupa (p=0,252). Foi encontrado um perfil de adoecimento diferente para cada grupo pesquisado, sendo que o grupo de trabalhadoras não expostas ao cianeto apresentou pior condição de saúde.