Trabalho e gênero: condições de saúde das mulheres no setor de bijuterias e folheados em Limeira

Tipo de material
Tese Doutorado
Autor Principal
Figueiredo, Vanessa Catherina Neumann
Sexo
Mulher
Orientador
Trape, Angelo Zanaga
Ano de Publicação
2008
Local da Publicação
(N/I)
Programa
Saúde coletiva
Instituição
UNICAMP
Idioma
Português
Palavras chave
Mulheres nas profissões
Cianetos
Gênero
Saúde
Trabalho
Resumo

Esta pesquisa de corte transversal procurou verificar as condições de saúde de trabalhadoras inseridas no processo produtivo de bijuterias e folheados de Limeira, SP. Para isso, traçou-se um perfil acerca do trabalho realizado, exposição ao cianeto e queixas de saúde auto-referidas, comparando um grupo de 191 trabalhadoras inseridas em empresas com processo de galvanoplastia (expostas ao cianeto) e um grupo de 192 trabalhadoras inseridas em empresas que fabricam e montam peças brutas (não expostas ao cianeto). Foi aplicado um questionário para levantamento de informações sócio-demográficas, familiares e funcionais, além do Índice de Capacidade para o Trabalho, a Escala de Estresse no Trabalho, o SRQ-20, o SF-36, o Audit e a Escala de Tolerância de Fagerström. No geral, 44,4% das trabalhadoras são solteiras, 54,3% têm entre 20 e 29 anos, 49,9% são brancas, 62,9% têm ensino médio completo, 55,4% não têm filhos, 40,7% afirmaram ter alguma lesão ou doença confirmada por médico e o Estado de Saúde (SF36) teve uma média de 66,9. As questões relacionadas a favoritismo e discriminação dentro de ambiente e a pouca perspectiva de crescimento são os fatores psicossociais mais estressantes para essa população, sendo que 14,8% apresentaram classificação positiva para transtornos mentais comuns (SRQ-20), com dores de cabeça freqüentes. Sobre o estilo de vida, 93,7% apresentaram baixo risco de dependência alcoólica (Audit), e 65,5% nunca fumaram. Sobre o trabalho, 59% não usam EPI, 68,4% ocupam o cargo de Auxiliar de Ourives, e entre as trabalhadoras inseridas no processo de tratamento de superfície 48,9% lidam diretamente com cianeto. Na comparação entre os grupos foi encontrada uma diferença estatisticamente significante com relação ao número de lesões e doenças referidas confirmadas por avaliação médica (ICT), sendo que o grupo exposto apresentou menos lesões que o grupo não exposto ao cianeto (p=0,042), e o grupo exposto apresentou diferenças com relação à prevalência de distúrbios de tireóide (p=0,022), bronquite crônica (p=0,027) e sinusite crônica (p=0,022), enquanto que o grupo não exposto apresentou maior prevalência de lesões nos braços e nas mãos (p <0,001). Os distúrbios de tireóide foram associados a um maior tempo de trabalho no setor (p=0,035), a uma menor pontuação no índice de capacidade para o trabalho (p=0,001), maior freqüência de distúrbios emocionais menores (p=0,006), a um cansaço constante (p=0,001) e facilidade de se cansar (p<0,001), menor pontuação na capacidade funcional (p=0,021), na vitalidade (p=0,001), nos aspectos emocionais (p=0,010), e no domínio saúde mental (p=0,011). A lesão nos braços e nas mãos não foi associada à responsabilidade de limpar a casa (p=0,114) nem à responsabilidade de passar roupa (p=0,252). Foi encontrado um perfil de adoecimento diferente para cada grupo pesquisado, sendo que o grupo de trabalhadoras não expostas ao cianeto apresentou pior condição de saúde.

Disciplina
Referência Espacial
Cidade/Município
Limeira
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
São Paulo
Referência Temporal
(N/I)
Localização Eletrônica
http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/308189