Quem conta um conto aumenta um ponto: memória coletiva e trajetórias de vida de velhos na experiência do uso da música em grupos focais
Esta dissertação de mestrado vincula-se ao Núcleo de Psicologia Política e movimentos sociais (NUPMOS) do Programa de Estudos Pós-graduados em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em uma sociedade na qual a narrativa se apresenta escassa, sendo substituída por redes de comunicação cada vez mais virtuais, trabalhar a memória é um dos processos necessários para evitarmos a esfacelação das relações sociais e o processo de silenciamento e esquecimento da história vivida pelos sujeitos. Nesse sentido, essa pesquisa tem por objetivo, além de aprofundamentos nos estudos sobre as velhices e suas construções históricas, utilizar seis músicas que mais fizeram sucesso na década de 60, para evocar memórias e narrativas de trajetórias de vida em velhos em Grupos Focais, para, assim, poder conhecer a sociedade brasileira por meio de quem as viveu. Foram organizados quatro Grupos Focais: dois em Araras/SP e dois em São Paulo/SP. Os grupos foram divididos entre homens e mulheres de 60 até 75 anos. Ao todo, participaram desse estudo 21 velhos, 9 nos grupos de Araras/SP e 12 nos grupos de São Paulo. Os grupos focais tiveram duração de 1 hora e 30 minutos e foram gravados em formato audiovisual para facilitar as posteriores transcrições. Após essas transcrições, utilizou-se a metodologia de categorias do discurso de Minayo (1999) e, por meio delas, podem-se desenvolver análises que altivam o poder da memória no trabalho com os velhos, conhecendo a sociedade brasileira pelas suas vivências. Lembrar, então, se tornou um instrumento de trabalho que possibilita romper com os mecanismos de esquecimentos instaurados nessa sociedade e reconstruir os passados dos velhos por suas narrativas de trajetórias de vida.