Artes
Favela Utopias: The "Bailes Funk" in Rio's Crisis of Social Exclusion and Violence
Rio de Janeiro's "bailes funk," or funk dance parties, with their often intensely violent and aggressively sexualized nature, are fundamental expressions of the culture of the city's favelas, or squatter towns, with tremendous significance for enormous crowds of poor, young people who attend them. This article draws on ethnographic research and participant observation, conducted by the author throughout years of living in the favela of Rocinha, and close readings of funk lyrics to explore the utopian impulse at the core of the baile funk experience, especially in community dances sponsored by gangsters held in the streets of favelas. Like some other cultural expressions of African diaspora communities, these bailes conjure up and sustain a morally and politically charged musical space that joins the young people together, emotionally elevating them above the harsh conditions of their lives into a spiritual state that makes available to them the feeling of living in a better world.
Resumo em português: Os bailes funk do Rio de Janeiro, muitas vezes caracterizados por intensa violência e sexualidade agressiva, são expressões fundamentais da cultura das favelas com um significado especial para o grande número de jovens pobres que os freqüenta. Este artigo está baseado em teoria cultural, pesquisa etnográfica (conduzida pelo autor ao longo de vários anos na favela da Rocinha), leitura minuciosa de letras de músicas e observação participante para explorar o impulso utópico subjacente à experiência do baile funk, sobretudo nos bailes de comunidade patrocinados nas favelas traficantes de drogas. Como é o caso de muitas outras expressões de práticas culturais da Diáspora Africana, a experiência do baile cria um espaço musical que une e eleva os participantes emocionalmente para além da escassez da pobreza para um estado de espírito em que possam sentir a sensação de como seria viver num mundo melhor.
A Poesia da Cidade: imagens urbanas em Mário de Andrade
Estudo das imagens urbanas na poesia de Mário de Andrade. O trabalho parte de considerações gerais sobre a poesia, desde o surgimento da modernidade literária, a partir de meados do século XIX até os inícios do século XX, procurando mostrar a situação do poeta no mundo instaurado pelas revoluções industriais, marcado pelo avanço das técnicas, pela urbanização, pela expansão do capital e pela explosão demográfica nas grandes cidades ocidentais. O poeta moderno é visto, nesse contexto, como um deslocado, aquele que perde o seu lugar e precisa engendrar uma forma de pertença através de uma nova poesia, com uma nova linguagem capaz de dar conta da realidade da metrópole. A poesia moderna torna-se intríseca à cidade, vista como locus das vivências possíveis, onde o poeta sobrevive e lança o seu olhar sobre as paisagens para exprimi-las através de seu canto de recusa e/ou encantamento. Com essa linha de abordagem, a análise debruça-se sobre a obra poética de Mário de Andrade para rastrear os motivos urbanos e verificar os diversos pontos de vista que o poeta adota ao tematizar os aspectos da vida e da paisagem de São Paulo, cidade de suas vivências pessoais e intelectuais. O estudo percorre os poemas mais representativos, em que preponderam o olhar lírico sobre as circunstâncias e as vicissitudes cotidianas, transfiguradas pela linguagem poética. Enfim, trata-se de um painel de leituras de poemas, em que se sistematizam os temas e os sentidos da cidade vivenciada e traduzida na poesia de Mário de Andrade.
Museus e Coleções Universitárias: por que museus de arte na Universidade de São Paulo?
Essa tese trata do perfil dos museus universitários - sua origem, desenvolvimento e perfil atual -, com ênfase nos museus de arte. Procura definir o que seria um museu universitário modelo e busca identificar o quanto desse modelo existe na prática. Descreve a formação e as características dos museus da Universidade de São Paulo e de outros museus universitários de arte no Brasil. Analisa a coleção e o museu de arte da Universidade de São Paulo - coleção de Artes Visuais do Instituto de Estudos Brasileiros e Museu de Arte Contemporânea - diante do modelo proposto para museus universitários. Finalmente, discute a necessidade da Universidade de São Paulo possuir ou não essas coleções de arte.
Pichações Paulistanas: rubricas da transgressão
O trabalho consistiu em registrar fotograficamente as pichações em vários pontos da cidade de São Paulo, criar analogias visuais entre esses recortes da realidade urbana com imagens veiculadas na mídia impressa, relacionar a atitude da pichação com outras formas de transgressão, tratando-a não apenas como adição (sobreposição de signos e acúmulo matérico), mas também como subtração (destruição, eliminação e ausência) e, por fim, dentro desses conceitos, executar obras através de processos digitais, impressões gráficas, objetos e cerâmicas.
Italianos do Brás: imagens e memórias (1920-1930)
No inicio da imigração, o Brasil caracterizava-se como representação de uma Itália dividida entre o norte e o sul. Estavam demarcadas as particularidades dos costumes, da culinária, dos dialetos e das tradições religiosas, evidenciadas pelas diferenças geográficas, políticas, econômicas e culturais existentes na Itália. No entanto, frente às dificuldades inerentes a condição de imigrante, aos preconceitos da sociedade paulistana, particularmente a discriminação da elite aos "carcamanos", observa-se nos anos 1920 que além das inúmeras rivalidades e particularidades, passa a existir, uma consciência do que é ser imigrante. Isto é, prevalece a consciência de uma unidade étnica e lingüística e, sobretudo, a existência de uma identidade com a civilização italiana. A principal fonte de dados para a realização do estudo foi a prospecção de fotografias em acervos particulares.
Centro Lúdico e Artístico em Situação de Lazer em Proposta de Educação não Formal para Crianças de Periferia Enquanto Resgate de Valores Culturais e Socialização: recuperação crítica do projeto piloto do Jardim Três Corações...
A dissertação tem como objeto a arte em situação de lazer, a partir do acompanhamento do programa da Ação Social do Palácio do Governo de São Paulo, criado em 1975, que se propõe a utilizar a arte como instrumental de estímulo perceptivo e socializante na periferia de São Paulo. Os primeiros passos da investigação consistiram em rigorosas pesquisas do meio, e estudos da clientela que procurava tradicionalmente o serviço de Assistência do Palácio. Apresenta uma análise crítica do Projeto Piloto Jardim Três Corações, na periferia da cidade de São Paulo, sua ação socio-educativa e, especialmente, a criação, desenvolvimento e atuação do Centro Lúdico e Artístico no período de 1975 a 1979. Essa análise se justifica pela oportunidade de realizar um levantamento dos resultados que ficaram dessa ação a qual - tendo tido projeção em todo o Estado de São Paulo - apreendeu o problema da criança e da família de baixa renda no seu aspecto global. Esse programa centrado na criança, no seu desenvolvimento integral, visava "dar a ela elementos para que se tornasse um ser criativo, auto-confiante, livre para fazer opções e para assumir seu papel social" - segundo texto oficial - baseando-se nos procedimentos artísticos para atingir essa meta. As atividades programadas pretendiam atingir quatro áreas: sociabilidade, corporal, motora e artística, através de jogos, dramatizações e artes, apoiados nos ensinamentos de Victor Lowenfeld e utilizando o tempo livre para um lazer programado.
Relações entre Cultura Popular e Indústria Cultural: a Congada de Ilha Bela
Analisa a relação entre cultura local (manifestações culturais) e turismo em Ilha Bela, a maior ilha do Estado de São Paulo, que abarca, além do município de mesmo nome, também os de São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba. Integrando as ex-capitanias de São Vicente e Santo Amaro, a região explorou, em seus primeiros tempos, o escravo e a cana-de-açúcar. Associada aos engenhos, desenvolveu-se uma agricultura de subsistência centrada principalmente na produção de farinha de mandioca, da qual ainda hoje restam alguns vestígios. Com a construção da ferrovia entre São Paulo e Santos, a Estrada de Ferro Inglesa, e da estrada de ferro entre São Paulo e Rio de Janeiro, a Central do Brasil, na segunda metade do século XIX, e com a intensificação do comércio no porto de Santos, o Litoral Norte foi perdendo seu papel de destaque econômico. A decadência das lavouras cafeeiras e a acidentada configuração geográfica favoreceram o relativo isolamento dos povoados praianos. Melhoramentos nas duas vias de comunicação para o planalto - as estradas Caraguatatuba - São José dos Campos, e Ubatuba - Taubaté -, incentivaram, a partir da metade do século XX, um turismo emergente. Nos últimos trinta anos o turismo promoveu o desenvolvimento da região: incrementa-se a construção de determinados equipamentos de infra-estrutura, como hotéis, clubes náuticos, restaurantes; criam-se alguns empregos; e aumenta a arrecadação tributária das prefeituras, embora se tenham multiplicado também os problemas com os quis as municipalidades se defrontam, principalmente nas áreas de saneamento básico, transportes e atendimento médico. Procura examinar as transformações no modo de vida dos moradores de Ilha Bela, sobretudo no que diz respeito à realização de atividades envolvendo grupos culturais de dança (congada, moçambique, boizinho e caiapó), em função do acelerado crescimento urbano do município, decorrente do turismo e das mudanças por ele proporcionadas.
Música em Campinas nos últimos anos do império: uma etnografia do saber musical
Encenação e dimensão política: uma "barafonda" na cena contemporânea
A presente comunicação configura-se como uma apresentação dos resultados finais do doutorado intitulado “Encenação e Dimensão
Política: uma ‘Barafonda’ na cena contemporânea” defendido em março de2014, sob orientação da Profa. Dra. Beatriz Resende e com apoio da FAPERJ. A pesquisa propôs-se como uma análise/estudo do espetáculo Barafonda do grupo teatral paulista Cia São Jorge de Variedades, que estreou no ano de 2012, procurando pensar a relação entre o espetáculo, compreendido como produto artístico, e sua dimensão política, partindo do pressuposto que a dimensão política é fruto de um posicionamento intrínseco ao fator estético. Nesse sentido, procuramos compreender como se articula esse caráter político, não apenas impregnado na temática, mas também na forma, tendo como foco a encenação do espetáculo.