O movimento Arte Contra a Barbárie: gênese, estratégias de legitimação e princípios de hierarquização das práticas teatrais em São Paulo (1998-2002)
Esta pesquisa tem como objetivo central reconstituir a gênese e as estratégias de legitimação do movimento Arte contra a barbárie, que reuniu setores do teatro da cidade de São Paulo em torno da luta por um teatro que estivesse nos antípodas da produção subordinada ao mercado. A oposição entre um “teatro burguês” e um “teatro de vanguarda”, já bastante conhecida na Sociologia da Cultura, fundamentalmente a partir das teses de Pierre Bourdieu e de Christophe Charle ganhou corpo, no contexto em estudo, através do que se convencionou chamar de teatro de grupo, que buscaram produzir um deslocamento herético em relação aos parâmetros vigentes no que tange ao teatro que seria digno de ser admirado e financiado com verbas estatais. A instituição de novos padrões de trabalho artístico - e, no caso em pauta, de novos princípios de hierarquização das práticas teatrais - será discutida através da análise de fontes documentais (textos-manifestos, crítica especializada, registros de documentos públicos, materiais de arquivo etc.) que permitem reconstituir parte das lutas desse movimento, desde a sua formação em 1998 até a sua conquista fundamental, a Lei de fomento ao teatro para a cidade de São Paulo, de 2002, marco nas políticas públicas voltadas às expressões estéticas menos tendentes a suscitar patrocínio espontâneo.