A presente pesquisa, de caráter interdisciplinar, tem como objetivo o estudo da violência urbana especialmente contra os jovens, e da judicialização de conflitos criminais, com delimitação na cidade de São Paulo, nas perspectivas da sociologia urbana e do direito. A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, estipulou um extenso rol de direitos sociais, especialmente em seu artigo 6º. Dentre estes, a segurança, diretamente relacionada à temática da violência urbana.
De forma delimitada, a pesquisa estuda e analisa as diferentes formas assumidas pela violência urbana, especialmente contra os jovens, focalizando-os em dois cenários distintos, na judicialização dos conflitos criminais. O primeiro, como vítimas, e o segundo, como autores das ilicitudes criminais, considerando, especialmente, os casos registrados na cidade de São Paulo, a partir do ano de 2006, tendo em vista a reforma do poder judiciário de 08 de dezembro de 2004, que cria o Conselho Nacional da Justiça, como um órgão do poder judiciário, conforme dispõe o artigo 92, I-A, da Constituição Federal.
A pesquisa aborda os conflitos judicializados, o perfil dos agentes da violência e de suas vítimas jovens, desde que não protegidas por segredo de justiça ou pelo sigilo. A análise desse quadro ocorreu no contexto tridimensional, ofensor-vítima-poder público, este último, seja com relação ao poder de polícia, à efetividade da prestação jurisdicional ou daquelas dimensões relacionadas às políticas públicas de prevenção, contenção ou minoração do risco às garantias de proteção da pessoa, decorrentes da violência urbana.
Para tanto, a pesquisa considera as condutas da administração pública relacionadas à elaboração de programas, planos e à execução de medidas importantes para a área de segurança e prevenção da violência urbana, especialmente contra os jovens. Outro aspecto importante observado na pesquisa diz respeito aos espaços urbanos - públicos e privados, considerados seguros ou propensos a maiores incidências criminais, ou seja, a identificação sociodemográfica e territorial dos locais dos eventos, bem como as características do entorno.
A pesquisa analisa a existência ou não do diálogo institucional entre as famílias, comunidade, a sociedade em geral e o poder público, para elaborar políticas públicas de segurança pública, voltadas à efetivação dos direitos à vida, neste caso, dos jovens e às garantias de acesso à segurança e bem-estar. O levantamento de dados do poder judiciário no estado de São Paulo, inerentes aos conflitos criminais judicializados ocorre a partir do ano de 2006 e nos traz um perfil de seus atores, elemento importante para análise propositiva.
Por fim, no decorrer desta pesquisa despontaram diversas situações a impactá-la diretamente, tais como mudança do cenário político e de proposições do governo federal, como a criação do Sistema Único de Segurança, a unificação do Ministério da Justiça com o da Segurança, o debate sobre a excludente de ilicitude, pacote anticrime, lei de abuso de autoridade, além de outras, algumas no aguardo de aprovação no Congresso Nacional e à sanção presidencial.