Esta tese, desenvolvida no âmbito do Grupo de Etnologia Urbana do Núcleo de Antropologia Urbana da USP discute os enredamentos entre educação, cidade e política a partir das experiências sateré-mawé com Ensino Superior. O trabalho é desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica, documental, entrevistas e, principalmente, da etnografia desenvolvida individualmente e junto a outros pesquisadores do GEU, cuja coparticipação deu-se em campo e na produção de cadernos de campo coletivos. Esta etnografia centra-se na cidade de Parintins-AM (médio-baixo Amazonas), na turma de Parintins do curso de Pedagogia Intercultural (2009 e 2014) oferecido pela Universidade do Estado do Amazonas UEA, e nas circulações dos acadêmicos indígenas Sateré-Mawé e suas práticas por entre as cidades e as aldeias da Terra Indígena Andirá-Marau, sobretudo a aldeia Ponta Alegre. Ao longo dos cinco capítulos, a etnografia desenvolvida entre os Sateré-Mawé é apresentada face a discussões sobre modelos analíticos da antropologia acerca de objetos como cidade, cultura e interculturalidade, redes de saberes, ensino superior indígena, estado, política dos e para indígenas e festas. Exploro as conexões parciais engendradas pela presença de acadêmicos sateré-mawé na universidade e sua circulação por instituições (escolas, secretarias, etc.), práticas (ensino, política, lazer), eventos (feiras escolares, eventos acadêmicos, rituais, futebol) e modos de conhecimento e enunciação. Apresento reflexões que emergiram na interlocução com os Sateré-Mawé acerca das relações engendradas pelo dispositivo da interculturalidade, como suas interpretações do Festival Folclórico do Boi Bumbá, principal atividade econômica de Parintins; e da proposta de uma Livre Academia do Wará, a universidade indígena proposta pelo Consórcio de Produtores Sateré-Mawé. Discuto como enquadram seus intuitos de ter uma "educação dos brancos" em suas cosmopolíticas face ao mito do Imperador, o sistema de conhecimento do guaraná e a Festa da Tucandeira. O Imperador é um demiurgo relacionado a eventos históricos e à habilidade sateré-mawé de pacificar e canalizar potências dos brancos, agora situadas nos currículos e diplomas universitários. Os Sateré-Mawé são "filhos do Guaraná", uma planta professora que transforma o ethos guerreiro no uso diplomático de "boas palavras", necessárias à formação do bom professor. Os cantos da Tucandeira, festa mais conhecida dos Sateré-Mawé, trazem as Sehay Pooti (boas palavras) ensinando os jovens que dançam suportando a dor da luva de formigas. Mais do que diacríticos de uma identidade indígena, estes mitos e ritos formam um complexo sistema de saberes que delineiam as compreensões Sateré-Mawé sobre suas agências na contemporaneidade.
Conexões da interculturalidade: cidades, educação, política e festas entre Sateré-Mawé do Baixo Amazonas.
Tipo de material
Tese Doutorado
Autor Principal
Fiori, Ana Leticia de
Sexo
Mulher
Orientador
Magnani, Jose Guilherme Cantor
Ano de Publicação
2018
Local da Publicação
São Paulo
Programa
Antropologia
Instituição
USP
Idioma
Português
Palavras chave
Educação indígena
Ensino Superior indígena
Etnologia urbana
Interculturalidade
Política indígena
Resumo
Disciplina
Método e Técnica de Pesquisa
Qualitativo
Área Temática
Referência Espacial
Região
Médio-baixo Amazonas
Cidade/Município
Parintins
Macrorregião
Norte
Brasil
Habilitado
UF
Amazonas
Referência Temporal
2009 - 2014
Localização Eletrônica
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-13122018-163358/pt-br.php