ASSERTIVIDADE: ESCALA MULTIDIMENSIONAL E CARACTERIZAÇÃO DO REPERTÓRIO DE MULHERES INSERIDAS NO MERCADO DE TRABALHO
A literatura acerca da assertividade feminina tem indicado mudanças expressivas no repertório das mulheres ao longo dos anos, e tem discutido a influência das variáveis sociodemográficas nessas mudanças. Assim, é pertinente analisar o papel da mulher nos diversos contextos da sociedade contemporânea, já que se verifica uma longa história de coerção sobre o sexo feminino. Aliada a essa situação, pode-se afirmar que os estudos brasileiros sobre habilidades sociais, das quais a assertividade é uma classe, encontram-se em ascensão. Contudo, os que discutem especificamente a assertividade ainda são escassos, em particular sob o enfoque analítico-comportamental. Adicionalmente, pouco tem se discutido sobre essa questão na Psicologia e se verifica que faltam instrumentos de avaliação específicos para assertividade, produzidos no Brasil. Essas considerações estão na base dos objetivos de pesquisa desta tese, que está organizada em quatro manuscritos. O primeiro teve como objetivo identificar e caracterizar a produção acadêmica de estudos nacionais acerca da assertividade, buscando-se determinar o “estado da arte‟ e descrever o desenvolvimento dessa área de pesquisa. No segundo, buscou-se compreender as mudanças na assertividade feminina, a partir da análise de contingências históricas e atuais. O terceiro manuscrito teve como objetivos construir e validar uma escala multimodal para avaliar assertividade, englobando indicadores de frequência, contexto cultural e variáveis encobertas enquanto fatores associados a esse construto. Como resultado foi produzido o Inventário de Habilidades Assertivas - IHA, unifatorial, constituído de 16 itens, que apresentou, para o indicador de frequência alta validade aferida pela consistência interna (α= 0,82). O quarto manuscrito teve como objetivos caracterizar o repertório assertivo de mulheres e verificar a associação de variáveis sociodemográficas com o escore geral de assertividade. Participaram 190 mulheres, do Estado do Maranhão, com nível de escolaridade superior e inseridas no mercado de trabalho. A análise de todos os indicadores apontou maiores médias para as habilidades assertivas Defender outrem em grupo e Pedir ajuda a amigos em todos os indicadores, à exceção do indicador desconforto, cuja maior média foi para a habilidade Abordar para relacionamento sexual. As menores médias dos demais indicadores se concentraram na habilidade de Abordar para relacionamento sexual. Os dados alinham-se com os achados da literatura que apontam que quanto maior o repertório de habilidades sociais, menor o nível de desconforto e vice-versa. Quanto às variáveis sociodemográficas, foi encontrada uma correlação positiva para a quantidade de cursos de graduação e uma correlação negativa para o tempo de migração do interior para a capital. O que significa dizer que mais cursos superiores e menor tempo de migração do meio rural para o meio urbano estão associados com maior frequência de autorrelato de habilidade assertiva. Discute-se a influência de variáveis culturais e escolaridade para explicar a assertividade dessa amostra. Indica-se a necessidade de novas investigações com essa população, mas com características sociodemográficas e culturais variadas. Destaca-se como principal contribuição do presente estudo, o encaminhamento metodológico e empírico para a análise da assertividade feminina em nosso país.