A experiência vivida como integrante da Equipe de Trabalho Técnico Social (ETTS), responsável pela operacionalização da intervenção realizada pelo Trabalho Social do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas favelas do Rio de Janeiro, entre os anos de 2008 a 2012, foi o acontecimento agenciador cujas narrativas de algumas cenas rememoradas pretendem, neste trabalho, dar contorno às análises acerca dos discursos da participação social na contemporaneidade. Trabalho de elaboração de uma memória de trabalhadora social convocado pelas implicâncias e incômodos produzidos diante das recusas da população à adesão das instâncias de participação propostas, essa pesquisa se refere à realização de um trabalho ético, em que o exercício do cuidado de si se direciona ao cuidado com a atividade, com as práticas, que envolvem, por conseguinte, o cuidado com o outro. Sair de um lugar sobreimplicado e produzir multi-implicação, eis o desafio enfrentado na escrita desse trabalho. Daí a decisão de compartilhar o exercício de análise de implicações que ganha espaço nessa pesquisa, visando intervir nas boas intenções que atravessam e constituem as práticas de muitos trabalhadores sociais. Para tanto, a aposta metodológica foi seguir os caminhos genealógicos e as pistas do primado da resistência de Michel Foucault, optando pela narrativa das recusas como linha de condução para a análise das discursividades relacionadas à participação social que se concretizam através das práticas desses trabalhadores. O objetivo de evidenciar a narrativa das recusas aponta para o investimento direto contra os pontos em que o poder se exerce em nome da justiça, da técnica e do saber, em uma estratégia para dar visibilidade tanto aos mecanismos de poder que produzem e sustentam os discursos da participação social, como àqueles que se colocam na contramão de suas prescrições, tendo como efeitos a produção de modos de subjetivação singulares. Por essa via, observamos um uso específico da participação social que, em diálogo próximo com os discursos da empregabilidade, é levado a cabo pela governamentalidade neoliberal, funcionando como eficaz mecanismo de segurança (FOUCAULT, 2008), quando ao mesmo tempo em que produz o desejo de inclusão, busca evitar a revolta, organizando biopoliticamente e regulamentando a vida da população. Desse modo, partindo da afirmação de que a participação social sempre trata de projetos políticos em disputa, essa pesquisa-escrita-criação se destinou intervir na naturalização dos sentidos do participar, e ao assim fazê-lo, criar bases de sustentação para a invenção de outros sentidos de participação social e outras formas de ser trabalhador social, concluindo pela relevância da problematização das resistências no presente.
Implicâncias e implicações de uma trabalhadora social: a participação social do PAC Favelas-RJ em análise
Tipo de material
Tese Doutorado
Autor Principal
Daros, Raphaella Fagundes
Sexo
Mulher
Orientador
Aguiar, Katia Faria de
Ano de Publicação
2016
Local da Publicação
Rio de Janeiro
Programa
Psicologia
Instituição
UFF
Idioma
Português
Palavras chave
Participação Social
Governamentalidade
Biopolítica
Trabalho Social
Resumo
Disciplina
Referência Espacial
Cidade/Município
Rio de Janeiro
Bairro/Distrito
Rocinha
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
Rio de Janeiro
Referência Temporal
2008-2012
Localização Eletrônica
https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=4553675