Juventude: estudos em representações sociais
Os estudos sobre o jovem têm centrado atenção sobre temas como violência, sexualidade, drogas e criminalidade, considerando que são de interesse da juventude ou pelo menos fazem parte de suas grandes preocupações. Serão? Com certeza estes focos são assuntos de preocupação e interesse de pesquisadores das ciências humanas. Entretanto, é preciso compreender este jovem a partir dos temas presentes em seus próprios discursos, sem partir de objetos previamente estabelecidos que poderiam condicionar uma visão antecipada do que importa ou do que deveria importar para ele. Esta postura possibilita estar mais próximo deste sujeito conhecendo a dinâmica que define sua vida em um contexto social mais amplo. Desta maneira, o objetivo desta pesquisa configura-se em analisar as representações sociais que os jovens estão construindo sobre a juventude, a partir de temas que lhes interessem e de seus posicionamentos sobre estes temas. A Teoria das Representações Sociais fundamenta a pesquisa e permite o acesso a aspectos dessa subjetividade que estes jovens estão construindo em determinado contexto social. Como escolha metodológica, realizamos a investigação por meio de um Grupo Focal, aplicado em uma escola pública de Osasco, em São Paulo, a treze sujeitos dos 2º e 3º ano do Ensino Médio. Este procedimento possibilita o conhecimento das experiências ancoradas em seus cotidianos, a compreensão dos processos de construção das realidades, as ideias compartilhadas e perspectivas diferentes sobre uma mesma questão, além dos modos como elaboram coletivamente suas representações. A entrevista foi transcrita e submetida ao software ALCESTE, que classificou os discursos dos sujeitos em três classes, divididas em A Escola , Eu e os Outros e A Política . A partir da análise qualitativa das categorias, os resultados demonstram essencialmente que o jovem não se compreende como autônomo ou protagonista das situações: na escola, os discursos fundamentam-se no ato de reclamar da má qualidade de ensino, delegando ao professor, principalmente, mas também a outros atores da instituição, o papel principal de conduzir o processo; nas relações sociais, o jovem parece compreender-se como subordinado a padrões impostos, sem autonomia para questionar tampouco para definir critérios para suas escolhas subordinadas, por sua vez, especialmente às instituições Igreja e Família; e, por fim, no que diz respeito à política, a análise sugere grande distanciamento do jovem com a temática, já que seus dizeres se pautam em discursos midiáticos e não se encontram, assim, esforços em elaborações críticas e fundamentadas teoricamente