O Sortilégio da Cor: identidade afro-descendente no Brasil

Os valores ancestrais e a presença demográfica da matriz africana são fatores constitutivos da nação brasileira. Contudo, tende-se a negar a identidade dessa matriz em favor de uma nacionalidade unitária e cultura homogênea sob a hegemonia dos valores ocidentais e do patriarcalismo. No mundo globalizado, feministas, ex-colonizados e discriminados vêm definindo a identidade como direito político, fonte da teoria do multiculturalismo. O questionamento dessa teoria aprofunda a crítica ao etnocentrismo universalista e aponta a necessidade de interrogar a brancura. Com metodologia baseada no perspectivismo, teoria feminista, teoria crítica racial e abordagem afrocentrada, a pesquisa analisa o discurso acadêmico sobre identidade erelações raciais e de gênero. Propõe como metáfora do padrão brasileiro o sortilégio da cor, que transforma ideologicamente o sistema de dominação racial num pretenso ideal de anti-racialismo e cria a figura do branco virtual. A obra analisa o legado histórico e a presença viva e atual do racialismo no Brasil. Focalizando a psicologia, traça esses fatores na literatura e aponta tendências novas, como a etnopsiquiatria e a questão da "branquitude". Examina os movimentos negro (São Paulo e Rio de Janeiro, 1914-1960), numa análise crítica da literatura com ênfase na identidade e na educação. Os resultados apontam para a necessidade de enfocar a dimensão relacional do racismo, para isso, questionando a brancura. Na educação, oatendimento à necessidade amplamente documentada de superar a discriminação racial prejudicial aos alunos depende de uma nova abordagem da identidade afrodescendente