Esse final de século vem sendo marcado por transformações decorrentes da globalização e exclusão que repercutem, em maiores proporções, nos segmentos sociais mais vulneráveis da sociedade, dentre eles os migrantes. Com a industrialização e urbanização, São Paulo atraiu grande contingente de migrantes nordestinos que, pelas suas precárias condições de vida na origem, buscaram uma vida melhor na grande cidade, alimentados pela ilusão de São Paulo como resposta aos seus desafios. Entretanto, o mercado de trabalho da cidade não os absorve mais. Para vencerem as dificuldades, criam alternativas para viver e resistir. Uma das táticas utilizadas é a das redes sociais. Constituem-se no apoio informal entre os iguais, através de teias de relações primárias, construídas no seu espaço social e territorial, envolvendo parentes, amigos, vizinhos e conterrâneos. Esse trabalho busca entender a dinâmica dessas redes sociais construídas pelos migrantes nordestinos em São Paulo, moradores da favela Jardim Colombo, através do seu cotidiano. São redes que atuam nas suas vidas desde o local de origem, viabilizando a migração, até o meio urbano, inserindo-os e apoiando-os na cidade. Articulam-se no cotidiano dos migrantes nordestinos frente aos desafios que os mesmos enfrentam e que são ocasionados pela destituição de direitos, pela situação de carência e pobreza em que vivem na sociedade brasileira. Questionamos se essas redes sociais submersas na vida do migrante, na grande cidade, representam só uma estratégia de sobrevivência diante da situação adversa, respondendo às suas necessidades mais imediatas/radicais e/ou integram uma ação coletiva na perspectiva de engajamento em um processo de emancipação social. A marca da vida do migrante é a busca incessante de uma terra melhor. Da terra do "Deus-dará", sai em busca desse ideal. Contudo, se muda o contexto social, pouco se altera a qualidade de vida. Continua a viver no abandono e privação, congregando as suas forças para sobreviver. Através das redes sociais viabiliza um espaço de vivência comunitária, constrói sua subjetividade e preserva sua cultura. As redes sociais também podem representar um possível caminho de passagem da luta pela sobrevivência à busca de direitos e construção da cidadania, o que viabilizaria o seu sonho de uma vida melhor |