Pobreza e desigualdade
DESIGUALDADE SOCIAL, DIFICULDADES E EXPECTATIVAS DE JOGADORES DA CATEGORIA DE BASE COM O FUTEBOL PROFISSIONAL
Neste estudo analisaram-se as dificuldades e expectativas de jovens atletas no processo de afirmação na carreira de jogadores profissionais de futebol, em consonância com a desigualdade social instaurada no contexto brasileiro. A pesquisa de natureza qualitativa, crítico-descritiva, foi realizada em clube profissional do estado de São Paulo. Um questionário foi aplicado em 32 adolescentes das categorias sub-11, sub-13 e sub-15. Posteriormente, entrevistas semiestruturadas foram realizadas cotm 12 adolescentes. Parcela expressiva dos participantes (78,10%) está vinculada aos estratos sociais inferiores. Com relação às expectativas que os motivam a buscar a profissionalização, identificou-se ênfase na dimensão financeira, diante da possibilidade de garantirem melhor condição social e econômica aos familiares.
O MUNDO DA BOLA. A PROIBIÇÃO DO FUTEBOL DE MULHERES EM DIFERENTES CAMPOS
Esse artigo busca levantar questões e tecer comentários acerca das proibições que recaíram sobre a prática do futebol de mulheres em diferentes partes do mundo. Sobretudo, como principais estudos de caso, no Brasil e na Inglaterra, países que possuem grande proximidade com o futebol masculino. Dessa forma, esse trabalho faz uso da perspectiva de História Global para pensar as proximidades e os afastamentos sobre as justificativas que culminaram com o cerceamento da mulher em esportes como futebol. Além disso, a perspectiva de História do Corpo também se fará presente, uma vez que, nesses discursos, mais do que proibir a prática do jogo, proíbe-se o corpo feminino de frequentar certos espaços e performar determinadas atitudes.
Dinâmicas, estruturas e obstáculos no futebol amador feminino no Rio de Janeiro
No artigo pretende-se fazer uma análise das dinâmicas, das estruturas e dos obstáculos dentro do espaço do futebol amador feminino no Rio de Janeiro. No Brasil, como em outros países, o futebol tem-se estabelecido desde seu início, no final do século XIX, como espaço de homens. Através de práticas, discursos e leis mulheres foram excluídas como agentes dos locais, associações, clubes e campos de futebol. Hoje, em cidades como Rio de Janeiro, a presença de meninas e mulheres jogando futebol nas ruas e quadras urbanas tem aumentado muito, o que sugere maior aceitação em relação a essa prática. De todo modo, algumas perguntas se fazem necessárias quando nos debruçamos sobre a questão: Como as mulheres avançam hoje no espaço do futebol amador no Rio de Janeiro? Quais são as estruturas e as dinâmicas do futebol amador feminino e quais os maiores obstáculos que os times femininos enfrentam?
Pobladores e favelados: a construção teórica de um movimento social
Como as ciências sociais contribuíram para produzir teoricamente o movimento de pobladores chileno e de favelados no Brasil durante o século XX? Mediante a revisão crítica das principais teorias e perspectivas que tentaram compreender a ação política dos pobres urbanos de Santiago do Chile e do Rio de Janeiro, se espera mostrar a relação de proximidade entre estes movimentos e a produção das ciências sociais, onde operaria uma dupla hermenêutica, ou seja, um processo de reflexividade mutuamente influente que terminaria por incidir na constituição e reconhecimento dos movimentos enquanto tais. Esta tese tem o intuito de analisar como as ciências sociais performam as lutas sociais que buscam descrever, em outras palavras, como determinadas conjunturas acadêmicas interatuam positiva ou negativamente com as disputas políticas e sociais produzidas a partir dos movimentos em questão. Para tanto, se revisaram as principais perspectivas que estudaram a questão social urbana: a teoria da marginalidade, a urbanização dependente, a teoria dos movimentos sociais urbanos, as leituras utilitárias e a teoria dos novos movimentos sociais; mostrando como estas interpretações flutuaram entre o réquiem, o redescobrimento e a negação de favelados e pobladores como movimentos sociais. |
As forças repressivas estatais e os coletivos de direitos humanos no Alemão
Este estudo tem como objetivo descrever as formas cognitivas e críticas de interação dos coletivos de direitos humanos frente às denúncias de violações, sofridas por favelados, ocasionadas pelas forças repressivas estatais perpetradas no Complexo do Alemão, particularmente em 2007 e 2010, bem como alguns de seus desdobramentos em 2011 e 2012, no Estado do Rio de Janeiro, na tentativa de construção do problema público. Nesse âmbito, serão notadas as percepções, organização e estratégias dos coletivos de direitos humanos, formados por moradores, vítimas, familiares de vítimas, movimentos sociais, comissões de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, da Assembleia Legislativa, da Defensoria Pública e de ONGs diante das violações advindas das práticas de abusos das forças institucionais de repressão. Serão analisadas, particularmente em 2007, a atuação da Polícia com a Força Nacional de Segurança; e em 2010, a atuação da Polícia com as Forças Armadas; além de alguns de seus desdobramentos em 2011 e 2012, com a ocupação militar pelas Forças Armadas, batizadas de Forças de Pacificação, e com as Unidades de Polícia Pacificadora, respectivamente. A pesquisa consubstancia-se em explicitar como se movimentam os atores envolvidos nas denúncias de violações de direitos humanos e o modo como constroem suas operações críticas (BOLTANSKI, 2000) e como delineia-se o repertório dos direitos humanos. Será descortinado o esforço e o grau de publicização destas denúncias, quando narradas por vítimas e familiares de vítimas faveladas, reverberadas pelos coletivos de direitos humanos. Desse modo, serão descritas as discussões a partir da “forma-caso” (CLAVERIE, 1998), através da busca de transformação de um caso em uma causa, pela profusão de ações e mobilização de dispositivos destes atores. Nesse prisma, verificar-se-á a conjugação de ações, tanto dos moradores de zona de segregação socioeconômica - vítimas-denunciantes de violações, quanto dos coletivos de direitos humanos – receptores-denunciantes de violações, articulados para corroborar o esforço de elevação das denúncias à categoria de problema público (GUSFIELD, 1981), que deva ser inserido na agenda pública e tratado com políticas públicas. A compreensão do processo de publicização das violações de direitos humanos, oriundas das atuações das forças repressivas estatais no Complexo do Alemão, em 2007 e 2010, ambas consideradas casos emblemáticos, bem como seus desdobramentos em 2011 e 2012, permitirá que se constate a dificuldade em dar voz aos favelados (MACHADO, 2008) e visibilidade às suas denúncias, na medida em que ocorre um “escalonamento da humanidade” (FREIRE, 2010). Nesse sentido, o presente trabalho oferece uma possibilidade de contribuir para uma percepção mais ampla da construção do espaço público no Estado do Rio de Janeiro. |
Competição paradigmática na modernização capitalista envolvendo liberalismo e cientificismo: o problema menores abandonados e delinquentes no Brasil da passagem do século XIX para o XX
Uma favela diferente das outras: Rotina, silenciamento e ação coletiva na favela do Pereirão
A pesquisa de Lia Rocha persegue, entre personagens do “Pereirão”, os elementos que sustentam o discurso da “paz” e da “tranquilidade” e, em simultâneo, observa uma série de práticas que reforça a ideia de que ali é “um lugar diferente”. Os dados que obtém na localidade são apresentados em contraste com os que a autora acessa através da pesquisa “Rompendo o cerceamento da palavra: a voz dos favelados em busca de reconhecimento”, realizada entre 2005 e 2007, e que envolveu 150 moradores de 45 favelas cariocas. Lia participou dessa investigação e, em parte, sua tese de doutoramento defendida em 2009 é um desdobramento desses esforços analíticos empreendidos no mesmo período sob a coordenação de Luiz Antonio Machado da Silva
A Transmissão do Patrimônio Habitacional em Favelas. Constituição do Patrimônio Material e Eleição de Sucessores
Estudo sobre as formas de transferência de propriedade que investiga o compromisso dos moradores de comunidades faveladas com as dimensões sociais e materiais da reprodução familiar. Weber investiga, inclusive, casos de condições de vida precárias e singulares (famílias chefiadas por mulheres, presença de agregados e coabitação de núcleos familiares em uma única unidade residencial). Alguns dos mecanismos estabelecidos de sucessão e transmissão das moradias, muitas vezes ilegais, o autor analisa políticas públicas de habitação recentes como, por exemplo, o Programa Favela Bairro e Programa de Aceleração do Crescimento - PAC.
Tem espaço na van: estudo de caso em cooperativa na Região Metropolitana do estado do Rio de Janeiro
A partir dos anos 1990 surge um “novo” tipo de modal nos transportes coletivos urbanos no Estado do Rio de Janeiro, e que passa a realizar, em grande quantidade, os deslocamentos de passageiros/trabalhadores residentes em cidades periféricas, subúrbios e favelas ao centro. Este “novo” modal demonstra, historicamente, não ser tão novo assim. O transporte realizado por kombis e veículos particulares sempre existiu no Estado do Rio de Janeiro desde o inicio do século XX, disputando espaço e mercado com os grupos empresariais dominantes em momentos específicos na história da cidade e do Estado. Porém a partir da metade dos anos 1990, após a estabilização da moeda, as transformações no mundo do trabalho através de um crescente processo de informalidade, a modernização das indústrias e a importação de novos tipos de veículos automotores, difunde-se no território urbano o transporte por vans. Existem nomenclaturas e classificações diversas para esse tipo específico de transporte urbano, ele pode ser classificado como “alternativo”, “informal”, “ilegal”, “pirata”, “complementar”, entre outros. Esta dissertação é a tentativa de observar e indicar as formas e usos diferenciados destes termos de acordo com os interesses de quem classifica e/ou é classificado. O objeto de pesquisa deste trabalho é o transporte realizado pelas vans. A verificação do funcionamento de uma cooperativa que gerencia este tipo de transporte é a tentativa de demonstrar que a estrutura interna deste modal pode assumir aspectos mais complexos do que às limitações das classificações vigentes ou realizadas de maneira mais superficial e holística. Esta dissertação é o início e uma tentativa de descrever o complexo processo de como se forma, se estrutura e atua o transporte por vans na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.