Evolução urbana

A cidade de São Paulo apresentou, nos últimos dois séculos, um aumento intensivo de sua área e população, tornando-se a maior metrópole brasileira. Fator imprescindível ao crescimento da cidade, a industrialização transfigurou a paisagem da capital e transformou o pacato vilarejo do século XIX na caótica metrópole do século XXI. No início de seu processo de industrialização, as indústrias instalaram-se maciçamente em áreas lindeiras ao eixo ferroviário, conformando um corredor compacto de galpões, armazéns e moradia proletária. Com o passar dos anos, por diversas razões, estas regiões foram paulatinamente abandonadas, com a transferência das zonas industriais para outras áreas da cidade. Extensas glebas encontram-se, ainda hoje, subtilizadas, com uma ocupação rarefeita, em importantes regiões da cidade. A revisão de todo o sistema ferroviário paulistano e suas áreas lindeiras tornou-se uma grande oportunidade para a requalificação urbana dos bairros paulistanos cortados pelo eixo ferroviário. Este trabalho pretende entender as transformações ocorridas nestas primeiras regiões fabris, através do estudo de um determinado segmento do eixo ferroviário: o trecho Água Branca / Lapa. Será proposta a requalificação do solo urbano desta área, com a inserção de novos usos e ocupações, transformando este estudo em um projeto-piloto que poderá indicar soluções e metodologias para a requalificação de todo o eixo ferroviário paulistano.

O objetivo da dissertação é contribuir para o debate a cerca das transformações no espaço e na indústria que o desenvolvimento histórico do processo de industrialização brasileiro imprimiu. Evidenciamos a partir disso a relação entre a dinâmica do espaço e a dinâmica dos ramos industriais no município de São Paulo a partir da década de 1970 até o fim do século passado. Mostramos que o município não se desindustrializou, como a maior parte das pesquisas apontam, mas se reestruturou industrialmente, apresentando uma estrutura por ramos distinta daquela do período auge da concentração industrial (até a década de 1970).Essa estrutura distinta hoje é marcada pela presença do novo e do antigo. Antigos são aqueles ramos de desenvolvimento de longa data, com uma produção fordista e sem relação com os processos atuais de inovação tecnológica. Destas, permanecem no município os ramos que, no geral, apresentam um número reduzido de força de trabalho e são dependentes do mercado urbano de uma grande metrópole, como São Paulo. É o que acontece com os ramos de Editorial e Gráfica; e Vestuário, Calçados e Artefatos de Tecido. Novos seriam os ramos industriais que se desenvolveram mais recentemente no processo de industrialização brasileiro, possuem um padrão de produção pós-fordista e tem como principal característica à inovação tecnológica. Essas indústrias se reconcentraram no município de São Paulo na década de 1990, devido à infra-estrutura moderna, aos serviços especializados e ao potencial de consumo do município. É o que ocorre com os ramos de Material Elétrico e Eletrônico; Instrumentos de Precisão e Ópticos; Material de Informática, entre outros.

Uma das maiores transformações no comércio internacional nas últimas décadas foi o notável crescimento das exportações industriais dos países subdesenvolvidos. Nos últimos anos têm sido elaborados estudos empíricos, comparando as características das empresas exportadoras com a das empresas não exportadoras. Constantemente verifica-se que as empresas exportadoras apresentam características de qualidade, produtividade, e de recursos humanos superiores aos das empresas não exportadoras. O objetivo do trabalho é identificar as características da empresa exportadora. Para tanto, foi elaborado um estudo comparando as empresas que exportam com as que não exportam, utilizando dados de empresas industriais do Estado de São Paulo. Constatou-se que as empresas que exportam são maiores, mais inovadoras, utilizam mais a gestão da qualidade total e obtiveram expressiva vantagem nos índices de produtividade, medidos pela relação VA/PO. Com relação à tecnologia da informação, verificou-se maior utilização de Internet e de recursos humanos. Com relação à recursos humanos, as empresas exportadoras pagam melhores salários e treinam mais os seus funcionários. Verificou-se também que as empresas de capital estrangeiro tendem a ser mais exportadoras do que as de capital nacional e que o desempenho exportador depende do segmento de atividade na qual se encontra. As empresas que importam parte de seus insumos apresentam melhor performance no setor externo. Os resultados obtidos contribuem para a melhor compreensão da dinâmica microeconômica das empresas exportadoras.

A presente pesquisa tem como objetivo a leitura da paisagem urbana da cidade de São Paulo tendo como estudo de caso as três centralidades de São Paulo: Centro-Histórico, Paulista e Berrini. A paisagem urbana referida neste trabalho é a paisagem construída pelo homem - o que os geógrafos chamam de Paisagem Cultural e o que a antropologia, no campo da etnografia chama de Paisagem Etnográfica: a paisagem resultante da dinâmica das ações cotidianas dos atores sociais no espaço urbano repleta de indícios culturais. A leitura desta Paisagem urbana Cultural ou Etnográfica é feita nesta pesquisa sob a visão de um "observador treinado" - o arquiteto - apto a identificar os possíveis "pontos imagísticos" - pontos referenciais que incentivam a formação da imagem pública da cidade, a imagem (a aparência) que a cidade ou um determinado ponto da cidade tem para um mesmo grupo sócio-econômico de indivíduos. O observador treinado nesta pesquisa está vinculado ao papel do arquiteto e o processo de registro de pontos imagísticos se dá através de registros em fotografia e desenho condicionados pelo uso e experiência cotidiana no processo de delimitação da imagem da cidade - da imagem pública urbana. Os pontos que formaram a imagem mental, e que caracteriza cada uma das áreas, são os elementos intimamente vinculados ao uso cotidiano e constituem os dados analisados, identificados e/ou questionados nesta pesquisa em relação à sua importância como dados de um espaço cotidiano no processo de design.

O Município de São Paulo é atualmente um dos maiores do mundo, possuindo uma elevada população residente, com aproximadamente 10 milhões de habitantes. Além disso, existe ainda um contingente populacional que trafega e trabalha na cidade, mas mora nas cidades vizinhas que compõem a Região Metropolitana, onde se encontram cerca de 16 milhões de habitantes. Em 1995, a coleta de resíduos sólidos no Município foi, em média, de 14.700 toneladas por dia; dessas, aproximadamente 9.100 toneladas foram provenientes de resíduos sólidos domiciliares, incluindo varrição, limpeza de feiras, favelas e serviços diversos; 5.400 toneladas foram decorrentes de resíduos inertes (entulho) e por volta de 200 toneladas foram oriundas de resíduos dos serviços de saúde. Estudos recentes sobre o tema apontam que o esgotamento total das áreas para disposição de resíduos sólidos em São Paulo, caso sejam mantidas as atuais capacidades dos aterros e as características do sistema, deve ocorrer entre os anos 2001 e 2003. Este trabalho apresenta um panorama geral da atual situação dos resíduos sólidos domiciliares em São Paulo e se propõe a fornecer uma visão integrada de sua origem e destino. Para isso, foi desenvolvido um sistema de avaliação, através da espacialização das informações - georreferenciamento -, dando origem à montagem de cenários. Foram criadas 4 alternativas de situação, com a definição do local e tipo das destinações, das bacias de captação e da evolução da geração, possibilitando uma estimativa das quantidades dispostas e distâncias percorridas.

O processo de verticalização e metropolização em São Paulo a partir dos anos 20. Discutimos a evolução da torre de escritórios paulistana em função das influências norte-americanas e europeias - com ênfase no período 1920/60, fase de ousadas experiencias de projeto de arranha-céus em São Paulo. Projetado em 1956 pelo arquiteto Adolf Franz Heep (1902-1978), de formação alemã e ex-colaborador de Adolf Meyer e Le Corbusier, o Edifício Itália e ainda hoje o prédio mais alto já construído no Brasil. A análise crítica do projeto enfatiza o estudo de conceitos e elementos de forma, estrutura e espaço da arquitetura vertical, em relação ao programa, ao contexto histórico e geográfico da cidade de São Paulo nos anos 50, as técnicas construtivas disponíveis na época e as questões de legislação e uso do solo. A partir do estudo analítico de seu projeto arquitetônico, procuramos efetuar uma reflexão sobre a arquitetura vertical do século XX - relacionando seu projeto com outros edifícios-torre modelares do movimento moderno - além da discussão crítica sobre o processo de crescimento da cidade até os anos 90. Assim sendo, não foi proposto desta pesquisa fazer um levantamento histórico sistemático da construção plena de dificuldades - O Edifico Itália, ou ainda, detalhar exaustivamente as numerosas modificações sofridas pelo projeto original ao longo do tempo.

O trabalho apresenta: 1) questões relativas ao controle do desenvolvimento urbano, com ênfase nos problemas relacionados ao planejamento local, a nível municipal; 2) aspectos de caráter geral e de fundamental importância, relacionados ao processo de desenvolvimento urbano ao nível local de planejamento e a caracterização do processo de planejamento local; 3) estudo metodológico dos problemas envolvidos na elaboração de planos de desenvolvimento ao nível dos municípios brasileiros; 4) orientações referentes à estruturação dos instrumentos que possibilitam a efetivação das proporções contidas nos planos municipais; 5) indicações com respeito aos principais tipos de instrumentos de um plano local.

O trabalho é constituído basicamente de uma série de imagens da cidade nas quais se encontra implícita uma análise do desenvolvimento da estruturação dos espaços. O texto de apoio está referido às imagens e reforça a abordagem feita na elaboração das imagens.

Estudo da forma de um específico fragmento de cidade. O fragmento determinado corresponde à atual Praça da República da cidade de Santos, antigo Largo da Matriz, onde outrora elevou-se a igreja e o colégio dos jesuítas, projeto do arquiteto Francisco Dias. O significado deste lugar, considerado historicamente como o lugar de nascimento da antiga vila, encaminha o estudo para a análise do próprio processo de formação das estruturas urbanas santistas em seu conjunto. O entendimento da forma do Largo como resultante e, ao mesmo tempo, como memória daquele processo sugere uma nova leitura e percepção deste fragmento de cidade em sua relação com a paisagem do entorno.

O processo de modernização do Brasil e a formação dos quadros empresariais da cidade de Franca constituem o foco deste trabalho no período que vai de 1900 a 1930 que representa para a vida da cidade, do município e do o país, uma fase de transição entre o Brasil arcaico e o Brasil moderno que caracterizou toda a Primeira República. Esse período foi marcado pelo abalo que a Primeira Grande Guerra -- de 1914-1918 - provocou no equilíbrio mundial e nas relações internacionais. A crise econômica de 1929-1930, que afetou o sistema econômico vigente, em âmbito nacional e internacional, constituiu também, um marco divisório entre o fim da Primeira República e a aceleração do processo de modernização do Brasil. Além destes fatores de ordem histórica, há que se considerar os de ordem prática: a existência de um acervo documental ainda não pesquisado e que oferece um embasamento substancial para a história de todo o Nordeste Paulista. Assim, dentro da linha de renovação metodológica visada pela chamada micro-história, procura-se, através de levantamento minucioso desta documentação e da aplicação de métodos matemático-estatísticos, na tabulação dos dados levantados, efetuar um estudo detalhado do período mencionado. Após o levantamento e transcrição da documentação existente no Cartório da Comarca de Franca, foi realizada uma classificação baseada no gênero de atividades desenvolvidas pelas firmas. Em seguida, as firmas foram agrupada conforme os seguintes itens: comércio, organização mista, indústria, organização intermediária, organização agrícola, mal definidas, não há informação. Considerando-se que a lavoura cafeeira se constituía na atividade básica do Estado no século XIX e princípios do século XX, dando-lhe a configuração econômica e social, procurou-se, sem perder de vista o objetivo principal da pesquisa, determinar a diversificação das atividades econômicas do município paulista de Franca numa fase de transição. Procurou-se também verificar até que ponto as oscilações econômicas de um período de exceção (1914-1918) se refletiram neste processo. O trabalho estuda ainda a maior e menor aplicação de capitais na indústria e no comércio, bem como a implantação de alguns estabelecimentos industriais mais antigos do parque manufatureiro e a emergência dos quadros empresariais locais.