A temática LGBT em partidos políticos: o caso do PSDB paulista
Este estudo volta-se para as interações entre o movimento LGBT e partidos políticos durante a segunda metade dos anos 2000, com foco no estado de São Paulo, com o intuito de identificar as conexões - e assim contribuir para as discussões a respeito da relação - entre movimentos sociais e política institucional. A pesquisa versa, especificamente, sobre a incorporação da temática LGBT por partidos políticos por ocasião da criação de núcleos LGBT ou núcleos de Diversidade - processo que, no Brasil, se intensifica a partir de meados dos anos 2000, deixando de estar circunscrito ao PT e ao PSTU. Defendo que foi necessária a convergência de certas oportunidades culturais e políticas para que o boom de incorporação da temática LGBT em vários partidos, de diferentes matizes ideológicas, acontecesse no momento em que ocorreu. Sustento que os processos que configuraram tais oportunidades foram: o paulatino ganho de visibilidade das questões relativas à diversidade sexual e de gênero, devido à atuação do movimento, em geral mais alinhada à esquerda; a consolidação da noção de direitos sexuais no plano internacional, com claros impactos no âmbito nacional; a chegada do PT, aliado histórico do movimento, ao poder executivo, nacionalmente com Lula (2003-2010) e a nível municipal, em São Paulo, com Marta Suplicy (2001-2004); a aproximação entre movimento LGBT e mercado GLS, o que culmina em relações complexas entre política e consumo; e a atuação do contramovimento, de um “ativismo religioso conservador”. O foco da pesquisa é o modo como o movimento LGBT, contramovimento, partidos políticos e Estado interagiram em uma conjuntura política específica, e o impacto desta teia de relações para as estratégias de ação do movimento e para a abertura de partidos políticos à temática LGBT. Em busca de entender tal processo, será investigado mais detidamente o caso da incorporação da temática LGBT pelo PSDB no estado de São Paulo, a partir da criação do núcleo de diversidade sexual do partido, o Diversidade Tucana. Para tanto, recorro às teorias dos movimentos sociais, especialmente ao arcabouço teórico fornecido pela Teoria do Confronto Político (TCP).