Conjunto Nacional: a construção do Espigão Central
O edifício do Conjunto Nacional, projetado por David Libeskind em 1955, é uma referência da arquitetura em São Paulo. O projeto proporciona qualidades urbanas e indica questões importantes para a compreensão da cultura brasileira. Ocupa um quarteirão inteiro da cidade, ampliando suas possibilidades de configuração espacial. Baseia-se na idéia da quadra como fração urbana mínima. O projeto incorporou um desenho que revela menos a idéia de um monumento independente à metrópole e mais o desejo de construir espaços de uso coletivo. O trabalho pretende revelar essas características a partir de uma leitura do projeto. Uma análise crítica que aponte ações futuras. O empreendimento está inserido num processo de expansão do centro da cidade rumo ao Espigão Central. O crescimento acelerado da capital e a ocupação da região da Avenida Paulista revelam a construção de uma nova geografia urbana, da qual o Conjunto Nacional é um marco na paisagem. As referências diretas e indiretas do arquiteto, no momento de concepção do edifício, foram reunidas através de seus depoimentos. O processo de projeto e execução foi descrito baseando-se em desenhos originais que assinalam as mudanças ocorridas ao longo dos anos de uma obra que "nunca terminou". Este objeto desperta interesse ainda maior quando entendido não como fato isolado, mas como parte do contexto da cultura brasileira do período. A obra integra a produção arquitetônica brasileira de excelente qualidade que foi produzida na década de 1950, que dialogava com outras manifestações sociais e artísticas. O Conjunto Nacional sugere a idéia de que o seu desenho reflita a concretização de um projeto coletivo. Um arquiteto com 26 anos só poderia conceber um edifício desta qualidade e complexidade se esse desejo comum estivesse introjetado ao seu processo de trabalho.