O centro, a avenida Paulista e a avenida Luiz Carlos Berrini na perspectiva de suas associações: centralidade urbana e exclusão social
O objetivo desta tese é analisar como a centralidade da cidade de São Paulo vem sendo articulada, redefinida e negociada por grupos empresariais no período mais recente de sua vida urbana, comparando o contexto social de três espaços significativos: a) o Centro, que sofreu historicamente uma série de modificações, deteriorando-se e passando atualmente por processos parciais de renovação urbana, visto como espaço estratégico da vida metropolitana na ótica da Associação Viva o Centro: b) a Avenida Paulista, uma espécie de desdobramento ampliado do centro tradicional sob a hegemonia do capital financeiro a partir dos anos 70, considerada a partir de 1990 o "símbolo da cidade", e cujo processo de deterioração urbana nos anos 90 levou à criação da Associação Paulista Viva; c) a Avenida Eng. Luiz Carlos Berrini, representativa de uma tendência, a partir dos anos 80, de concentração de sedes de empresas do setor terciário em São Paulo, com papel decisivo desempenhado pela empresa Bratke-Collet nessa estruturação, em cuja região se deu, em meados dos anos 90, a organização de um pool de empresários da região para a remoção de favelados de uma área das proximidades, durante a construção da Avenida Águas Espraiadas. Os intuitos centrais do presente trabalho são, portanto, desvendar: a) quais são e como se organizam hoje os principais grupos e instituições privadas, dentro do processo de competição para que o polo onde estão situadas seja o preferido para a permanência, relocalização ou abertura de novas empresas do setor terciário; b) como tais organizações se articulam ou pressionam o poder público, visando obter benefícios na criação de infraestrutura de equipamentos urbanos, num momento de crise do mesmo, que passa por restrições e dificuldades cada vez maiores para dar conta dessas demandas; c) quais são os grupos sociais mais atingidos por esse jogo de interesses, na medida em que tal dinâmica atende a conveniências de um leque de atores sociais em detrimento de outros, levando a novas segmentações e fragmentações do espaço, contrárias, por conseguinte, a uma utilização marcadamente diversificada do espaço público.