Gênero e sexualidade

Os movimentos sociais foram tema de uma vasta produção intelectual na década de 1980. Estes trabalhos enfatizaram o aspecto do exercício da democracia, numa perspectiva segundo a qual eles seriam os agentes da superação da crise da sociedade moderna rumo a uma sociedade alternativa, estabelecida a partir de novas formas de organização social. O movimento popular de moradia que analiso neste trabalho permitiu desenvolver uma discussão em torno desses paradigmas centrais que, ao que me parece, caracterizam a maior parte dos trabalhos sobre o assunto no período. A partir dessa problemática mais ampla, estre trabalho enfoca o problema da participção feminina nos movimentos sociais e, posteriormente, na construão de moradia através do sistema de mutirão. A abordagem, voltada para as questões ligadas às relações de gênero, tentou ver nesse contexto preciso, como se definem os papéis sexuais, ou seja, ou como as representações em torno dos papéis masculino e feminino são por vezes negadas, por vezes mantidas ou readequadas, a partir da experiência cotidiana de participação no movimento e na construção por mutirão.

No contexto da epidemia da AIDS, a prostituição ocupa um lugar importante no tocante à transmissão da doença. O cotidiano da prostituição expõe as prostitutas à contaminação pelo HIV e também a outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) devido ao grande número de parceiros sexuais. Deste ponto de vista, é uma atividade arriscada para a saúde e para a vida. O objetivo desta pesquisa é compreender, do ponto de vista antropológico, como se dá a construção cultural do conceito de risco no contexto da vida cotidiana de prostitutas da cidade de Santos. Foram realizadas dezessete entrevistas em profundidade com prostitutas que exercem a atividade nas ruas, boates e agências de escort-girls no município de Santos, São Paulo, além da observação etnográfica. A análise insere a questão conceitual do risco no contexto da relação das prostitutas com a sociedade em geral, mostrando como é viver os perigos inerentes à atividade e a lógica que dá sentido aos taiscomportamentos arriscados das prostitutas. Procura-se compreender como se elaboram culturalmente as classificações sociais relacionadas ao conceito de risco, o que implica em abordar representações sobre saúde, doença e também sobre a vida em geral. A pesquisa deixou evidente que o risco não é um conceito neutro e que é limitado pensá-lo desconsiderando como os perigos são vividos particularmente em cada contexto sociocultural. Tal abordagem poderá contribuir para a discussão sobre o alcance do conceito de risco em campanhas de intervenção com populações específicas, assim como mostrar a lógica subjacente ao comportamento "arriscado" das prostitutas, revelando sua relevância cultural.

O trabalho apresenta os diversos níveis de exclusão das meninas-mães negras de rua de São Paulo, mostrando o motivo porque algumas delas preferem a rua à casa. As meninas têm consciência de que a doença está na casa, na família, na sociedade e na cultura. Vítimas extremas dessa doença, buscam nas ruas um projeto de vida que muitas vezes se transforma em projeto de morte. Buscar seus sonhos, seus planos e ideais são os objetivos desse trabalho.

Esta pesquisa busca a reconstituição dos fatos que deram origem ao Colégio Nossa Senhora do Patrocínio em Itu (SP), fundado e dirigido pelas Irmãs de São José de Chambéry, primeira instituição total confessional católica feminina de São Paulo. O estudo compreende também uma abordagem sobre Madre Maria Theodora Voiron e suas práticas educativas que colocam o Colégio em lugar de destaque no cenário educacional brasileiro.