O palco das elites: o “movimento de renovação teatral” na cidade de São Paulo (1939-1949)
Este estudo examina a atividade teatral na cidade de São Paulo na década de 1940. Nesta década, um grupo da elite ilustrada paulistana, insatisfeita com o teatro vigente na cidade, lançou um “movimento de renovação teatral”, que era composto por grupos de teatro amador (o Grupo de Teatro Experimental liderado por Alfredo Mesquita, o Grupo Universitário de Teatro liderado por Décio de Almeida Prado e os Artistas Amadores liderados por Madalena Nicol e Paulo Autran) com o objetivo de “modernizar” a cena teatral, dominada pelas companhias de comédia profissionais consideradas antiquadas. Criaram, para isso, uma nova posição no campo teatral – um “polo amador-moderno-erudito” em oposição ao predominante “polo profissional-popular-comercial”. A historiografia teatral clássica trata esse período como de “modernização” e “surgimento do verdadeiro teatro” em São Paulo, no entanto, o que houve foi uma “elitização” da atividade teatral na cidade. Os primeiros frutos sólidos desse “movimento de renovação” foram duas instituições criadas em 1948 – consideradas marcos do “teatro brasileiro moderno” – o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e a Escola de Arte Dramática (EAD). Além disso, foi analisado de que forma cada um desses polos - microcosmos, microssociedades, epicentros - reagiu materialmente e simbolicamente às transformações socioeconômicas da cidade em curso no plano do real e nas sociedades imaginadas nos palcos e quais foram as estratégias materiais e simbólicas dos agentes envolvidos na atividade teatral. A trajetória de Cacilda Becker será tratada num capítulo à parte: uma trânsfuga de classe na gênese do “teatro de elite” na cidade de São Paulo.