Construção civil

As construções residenciais verticais, promovidas por incorporadores, respondem por trinta e quatro por cento da área construída no município de São Paulo, constituindo elemento fundamental da sua paisagem urbana. Decisões quanto a projetos levam em conta o mercado imobiliário. Como os incorporadores analisam este mercado? Utilizam-se de conceitos de administração de marketing - orientada para a satisfação das necessidades e desejos do consumidor - ou de metodologias de análise orientadas para o produto? Esta dissertação, a partir de entrevistas com agentes do mercado imobiliário, estuda o grau de adoção destes métodos de análise em um conjunto de projetos, possibilitando uma classificação de incorporadores, e identificação das diferenças resultantes em seus projetos. Os resultados indicam que os métodos tendem a agregar desempenho de vendas, e que existem fortes limitações para a adoção, mais ampla, de uma orientação para o consumidor. São discutidas implicações na arquitetura e no planejamento urbano.

A tese visa contribuir para a compreensão da dinâmica da produção da arquitetura do mercado imobiliário formal e analisar a resultante construída desta produção. A produção da arquitetura é tratada dentro da lógica de acumulação do capital e do modo de produção atual e, mais especificamente, situando esta produção dentro do macro-complexo da indústria da construção civil. Mostra como se estrutura este setor da economia e qual o lugar do projeto arquitetônico nesta estrutura. Analisa também o processo de divisão do trabalho no setor, com ênfase no projeto de arquitetura.

Este trabalho estuda a verticalização da planta residencial em um período de amplo favorecimento econômico, social e político, durante as décadas de 1960 e 1970. No primeiro capítulo abordamos os antecedentes da modernização urbano-industrial ocorrida nas décadas 1960-1970 na cidade de São Paulo, para melhor compreender seus efeitos na produção da habitação da cidade. O segundo capítulo analisa os aspectos históricos da verticalização em São Paulo, bem como os bairros residenciais que se caracterizavam pelo uso predominantemente residencial verticalizado. Indaga-se sobre qual o motivo desses bairros se caracterizarem com esse tipo de uso e sobre a relação deles com as legislações vigentes de uso e com as legislações vigentes de uso e ocupação do solo. No terceiro capítulo, o autor procura entender como se processou a produção da arquitetura de apartamentos residenciais (análises de casos), construídos pelas construtoras na cidade de São Paulo, nas décadas de 1960-1970 para uma faixa da sociedade dita como classe média, e o que esse desenvolvimento industrial repercutiu no modo de pensar dos arquitetos dessas construtoras. Devido a todo esse conjunto de modernização denominado de "milagre brasileiro", procurava compreender como os arquitetos conceituavam este tal "homem industrial" que estava surgindo, e qual a repercussão de tudo isso na produção do programa de necessidades, do partido arquitetônico e do sistema construtivo por eles adotados.

O trabalho analisa a produção do arquiteto paulista Oswaldo Arthur Bratke segundo os princípios da arquitetura moderna, com o objetivo de demonstrar sua fidelidade a esse movimento. A primeira parte apresenta as idéias modernas iniciais, identifica os princípios sob os quais se desenvolveu a produção arquitetônica moderna, confere sua adaptação na América, com destaque para um desdobramento exemplar, o programa Case "Study House, dada sua estreita relação com a produção de Bratke. Analisa a introdução da arquitetura moderna no Brasil e as particularidades do seu desenvolvimento. A segunda parte do trabalho analisa a obra do arquiteto através dos princípios levantados. Bratke foi um dos profissionais mais produtivos na cidade de São Paulo, tendo desenvolvido mais de 1500 projetos, de elementos construtivos a cidades, entre as décadas de 1930 a 1960. Seu início foi à frente de uma construtora, onde desenvolveu o racionalismo construtivo por meio da experimentação de estilos variados e foi incorporando paulatinamente os princípios da nova arquitetura. A partir de 1942, passou a dedicar-se exclusivamente ao projeto, produzindo uma arquitetura funcional, caracterizada pela simplicidade formal, elaborada com rigor, segundos os princípios modernos. Sua produção coincide com a introdução e o desenvolvimento da arquitetura moderna no país e sua análise permite resgatar seus paradigmas, dilemas, certezas e confrontos, o que a torna absolutamente adequada à discussão dos princípios da arquitetura moderna.

Durante praticamente todo o século XX, vários bairros da capital paulista foram ocupados por certos conjuntos de residências, de arquitetura semelhante, implantados no interior dos quarteirões e destinados à classe média. Esses conjuntos, denominados por nós "vilas de classe média", são nosso objeto de estudo e é a eles que estaremos nos reportando ao longo de nosso trabalho. As primeiras vilas de classe média, construídas na cidade de São Paulo, integravam, seu modo, o movimento que se convencionou chamar de Ecletismo. Acompanhando as transformações arquitetônicas da própria cidade, os conjuntos seguintes passaram a apresentar as linhas geométricas do art deco e, posteriormente, as linhas simples do moderno sendo uma das expressões de sua popularização. Concomitantemente, eram erguidas, em meados do século passado, outras vilas ecléticas, denotando a persistência da mistura de estilos nesses conjuntos residenciais. Por mudanças na legislação, as vilas praticamente deixaram de ser construídas nos anos 1970 e 1980. Sua construção só voltou a fazer parte da paisagem urbana paulistana depois da aprovação, em 1994, da Lei nº 11605. O que há de mais instigante em relação aos novos conjuntos, além de serem destinados à classe média alta, é o fato de que grande parte deles é ainda eclética. O ecletismo, que persiste na cidade, persiste também nas vilas. Essa é uma questão que pretendemos investigar. Buscar o porquê de tal persistência. Começaremos com a definição de vila (de interior de quarteirão e de classe média). Depois passaremos à história desses conjuntos residenciais. A história segue-se a análise da arquitetura e dos espaços livres de edificação, ficando a questão da persistência do ecletismo para a parte final de nossa dissertação.

A dissertação apresenta uma discussão acerca das dimensões urbanas da Arquitetura vista pelos edifícios, objetivando demonstrar a importância dos mesmos como agentes na qualificação da vida na cidade, seja na formação da paisagem, seja na formação de identidades ou na forma como constróem os espaços públicos. A primeira parte se detém sobre a evolução urbanística deste século com o objetivo de relacionar tipos de edifícios com diversas concepções de cidade. Analisa também alguns projetos fundamentais à discussão em São Paulo. Termina com investigações da legislação paulistana e sistemas de gestão disponíveis. Na segunda parte, a ênfase da pesquisa é seu caráter propositivo: mediante quatro projetos, pesquisa-se soluções orientadas para a discussão dos conteúdos lançados na primeira parte. Dois destes projetos, por se localizarem na área central de São Paulo, são tratados com maior ênfase. Edifícios urbanos, suas relações com processos de construção e renovação das cidades, sintetizam os pontos de investigação do trabalho.

A presente pesquisa investiga a produção habitacional através de mutirões, tendo em vista a análise de diversos aspectos pertinentes a esse processo, normalmente avaliados como avanços e conquistas técnicas e sociais viabilizados pela atividade participativa. O objetivo primordial desta pesquisa é analisar os procedimentos e aferir alguns resultados práticos, efeitos paralelos e consequências concretas do trabalho participativo viabilizado pelos Mutirões Habitacionais, determinando a real dimensão de seus méritos, e identificando os mitos associados a essa atividade. Entre os objetivos básicos deste projeto está a identificação das reais possibilidades de participação viabilizadas pelo trabalho mutirante em meio às populações de baixa renda, permitindo considerações sobre diversos aspectos relevantes: forma de participação dos profissionais envolvidos, tipologia habitacional, procedimentos de canteiro, formas de financiamento e de remuneração; e na área da organização social, promoção profissional, conscientização comunitária, exercício da cidadania, desenvolvimento de identidade político-cultural, educação coletiva. Um dos instrumentos básicos para a implementação deste trabalho é a reflexão sobre os resultados desta forma de atuação como processo transformador e educativo: o efeito da atividade participativa na promoção das populações envolvidas, e seu impacto na sensibilização da consciência da cidadania individual e coletiva.

O trabalho aborda uma alternativa para provimento de habitação para populações de baixa renda. Trata dos aspectos de caracterização geral, gerenciamento das obras e custos dos empreendimentos. Os empreendimentos analisados referem-se a programas implementados durante a década de 1980 por prefeituras e agentes estaduais e federais. Referem-se também a experiências em andamento no município de São Paulo, com mutirões geridos por associações comunitárias. Conclui-se pela importância dessa alternativa dentro do contexto da política habitacional brasileira e pela necessidade de continuidade e expansão da mesma, porém em bases conceituais e metodológicas mais sistematizadas, para as quais esse trabalho visa oferecer algumas contribuições.

Este trabalho analisa as principais características necessárias para que os processos e sistemas construtivos sejam adequados à autoconstrução habitacional coletiva, também chamada de mutirão. Em sua primeira parte é feito um relato sobre o desenvolvimento dos mutirões no Brasil, os programas governamentais e a organização das comunidades para este fim. A seguir, são discutidas algumas premissas básicas necessárias aos processos e sistemas construtivos destinados à construção através do mutirão. Na última parte deste trabalho, são apresentados os resultados da participação no desenvolvimento de um processo construtivo desenvolvido especialmente para a autoconstrução.

Este trabalho analisa a produção da incorporação imobiliária, definindo seus agentes, investigando práticas utilizadas e as tipologias resultantes dessa produção. Abrange o período de 1945 a 1964 em que a incorporação teve papel essencial na alteração de um modelo de provisão habitacional baseado no aluguel para outro baseado na casa própria. Identificamos dois níveis tipológicos inovadores em relação ao que era produzido anteriormente: o apartamento kitchenette e o edifício multifuncional. Procuramos mostrar que os resultados arquitetônicos estão vinculados ao processo produtivo e que não é possível entender a adoção de determinadas tipologias utilizadas pela promoção privada se não forem estudadas em sua dimensão de mercadoria. Dentro deste raciocínio, notamos que alguns conceitos de Arquitetura Moderna foram essenciais para tornar a habitação mais econômica a fim de atingir a classe média.