Nas tramas da cidade: trajetórias urbanas e seus territórios
Muitas páginas já foram escritas sobre as atuais mudanças no mercado de trabalho e também sobre as reconfigurações urbanas sob o impacto dos capitais globalizados. Mas o fato que ainda pouco se sabe sobre como essas mudanças redesenham o mundo social e seus circuitos, os campos de práticas e relações de força. À distância de explicações gerais sobre a “cidade e sua crise” e também de categorias prévias ou tipificações dos pobres urbanos e excluídos do mercado de trabalho, tentamos ler essas mudanças a partir das trajetórias urbanas de indivíduos e suas famílias, seus deslocamentos espaciais em busca da moradia, seus percursos ocupacionais nas circunstâncias do desemprego e trabalho precário, as práticas cotidianas e seus circuitos. É sob esse prisma que tentamos conhecer algo das tramas sociais que configuram os espaços urbanos. No curso de suas vidas, indivíduos e suas famílias atravessam espaços sociais diversos, seus percursos passam através de diversas fronteiras, e são esses traçados que podem nos informar sobre a tessitura do mundo urbano, seus bloqueios, suas fraturas e pontos de tensão, mas também os campos de possíveis que se abrem ou vem se abrindo na atualidade. Foi com essa perspectiva que nos lançamos em uma pesquisa realizada entre 2001 e 2005 em alguns bairros periféricos da cidade de São Paulo. Alguns de seus resultados são apresentados no livro que agora vem a público.