Modo de vida, imaginário social e cotidiano

O trabalho apresenta os diversos níveis de exclusão das meninas-mães negras de rua de São Paulo, mostrando o motivo porque algumas delas preferem a rua à casa. As meninas têm consciência de que a doença está na casa, na família, na sociedade e na cultura. Vítimas extremas dessa doença, buscam nas ruas um projeto de vida que muitas vezes se transforma em projeto de morte. Buscar seus sonhos, seus planos e ideais são os objetivos desse trabalho.

A tese apresenta um estudo sobre os jovens delinquentes na cidade de São Paulo. Procura descrever os espaços onde esses jovens atuam e como esses espaços podem interferir na composição de sua individualidade. Inicialmente detem-se na existência ou não de gangues de adolescentes na cidade. Até onde a pesquisa alcançou não foi possível apontar a presença desse fenômeno. Em seguida procura mostrar como os jovens praticam ações como os crimes violentos. São ações que perturbam o meio social e que através de depoimentos de jovens envolvidos com as graves infrações o estudo mostra como as ações delinquenciais desses jovens demonstram um prazer na destruição do outro e a crueldade presente nessas ações.

Este estudo propõe uma estratégia sociológica de análise da reestruturação produtiva da indústria do vestuário na Região Metropolitana de São Paulo nas décadas de 80 e 90. A partir da constatação do dinamismo e concentração desta indústria na região, procura compreender as condições de construção de práticas e produtos inovadores. Estas se inscrevem num processo de aprendizado enraizado em sociabilidades típicas do contexto urbano e de sua história: as comunidades culturais e étnicas, a importância das aglomerações localizadas para a coordenação de redes produtivas fragmentadas e instáveis e baseadas em conhecimentos não codificados e interações especiais com a indústria têxtil e com o comércio especializado. Este conjunto articulado constitui uma indústria de moda. Este texto dialoga com as propostas de políticas industriais para o setor ao longo dos anos 90, procurando seus limites e sugerir um novo paradigma de políticas públicas baseado ações descentralizadas e democráticas. Descentralizadas, pois realça o papel das instâncias sub-nacionais em sua coordenação e democráticas pela necessidade de incorporar e dar voz atores heterogêneos e sem representação institucional

A tese aborda os impactos da reestruturação produtiva na Região Metropolitana de São Paulo no final do século XX. Derivadas de determinações econômicas, as transformações na base técnica de produção, ao longo da década de 1990, acarretaram alterações estruturais na indústria e nos serviços, bem como na estrutura ocupacional. O estudo permitiu demonstrar empiricamente a convergência entre a reestruturação produtiva e a concentração regional da produção industrial na RMSP. Os processos inovadores e a ruptura entre as trajetórias da produção e do emprego na evolução da economia metropolitana são enfatizados. As transformações no mercado de trabalho acirraram as já históricas dificuldades de inclusão dos trabalhadores na estrutura ocupacional da região. A evolução das ocupações no setor serviços aprofunda a heterogeneidade e indica, uma tendência à polarização no mercado de trabalho regional, com graves conseqüências sociais. A estrutura econômica da RMSP foi profundamente modificada pelas novas tecnologias e formas de organização da produção, recriando na região novos nexos intra e intersetoriais, como também de suas relações regionais. A RMSP deixou de ser predominantemente industrial e passou a se caracterizar como uma metrópole onde os serviços produtivos assumem papel central na estrutura de produção e emprego, exatamente porque se mantém como a principal região industrial do país.

O estudo trata das características da imigração judaica italiana em São Paulo com base numa relação de italianos que obtiveram o visto no Consulado Geral do Brasil em Gênova em janeiro de 1939. Pesquisa as causas dessa imigração, as dificuldades na obtenção do visto, as atividades desses italianos antes e depois da imigração, a integração na comunidade local, sua permanência ou não no Brasil e os que deixaram ou não descendência. Revela documento secreto comprovando que judeus aos quais tinha sido concedida a nacionalidade italiana, tiveram seus nomes entregues à polícia alemã. Mostra também as causas da mudança de alguns sobrenomes.

A dissertação procura oferecer um exemplo de como as redes atuam no espaço, fazendo uma recuperação da história da produção espacial de uma fração do espaço urbano da cidade de São Paulo, o bairro do Bom Retiro. Este distrito ao longo da segunda metade do século XIX e início do XX teve sua "paisagem rural" metamorfoseada em "paisagem urbana", em função da implantação de redes materiais e sociais. Redes estas originadas por exigência de uma dinâmica social local associada à transição no modo de produção capitalista e a emergência das classes apegas ao poder de mando.

Vivemos num mundo de banalidades, e o banal aparece somente como redução da profundidade que a vida poderia ter. Porém, é nas banalidades do dia-a-dia da metrópole é que a vida acontece. Esta pesquisa mostra uma parte destes "instantes" metropolitanos. Não um reino de liberdade, mas no aprisionamento da vida regrada pelo mundo do trabalho temos situações que podem ser a negação do absoluto do Estado e do Capital, embora a força revolucionária dessas insurreições pareça diminuta. É preciso um projeto para reunir esses fragmentos e lhes dar algum sentido; aqui se trata de reconhecê-los. O momento do morar implica o ir e vir, assim como o estabelecer-se. Neste momento temos possibilidades vividas cotidianamente, não por todos e nem ao mesmo tempo, que podem estabelecer uma relação diferente com o cotidiano programado ou com o infracotidiano. Os lugares de auto construção são também os da reunião, não só familiar, no ato de encher uma laje ou nos botecos; da mesma forma, os momentos de deslocamento se apresentam também como momentos de encontro.

O tema central de nossa dissertação são os conflitos nas áreas centrais da Cidade de São Paulo diante dos projetos de revitalização que estão sendo implementados. Analisamos os projetos que se sustentam na modernização e na reestruturação por que a cidade passa, baseados em uma suposta melhoria da qualidade de vida. O mapeamento dos conflitos e sua sistematização passou pela localização dos fenômenos, pela correlação das informações e pela compreensão do desenvolvimento das ações que estão materializadas no cotidiano da cidade, tendo o conflito como o processo de resistência e de embate aos projetos excludentes que a cada dia reordenam esses lugares visando a reconstrução do centro para atender aos interesses de um grupo minoritário, mas hegemônico da população. Na perspectiva de realizar uma análise Geográfica, buscamos compreender a essência dos fenômenos, objetivando explicar como o reordenamento dos lugares da cidade pode provocar um movimento de opressão, uma vez que não garante ao cidadão reconhecer na paisagem da cidade seus símbolos, alienando-o, já que o transforma em um mero reprodutor de ações, ou seja, afastando-o do direito de ser cidadão. Lutar, planejar, resistir, vivenciar, questionar... é de certa forma a única maneira de sobreviver nesse lugar.

O trabalho em questão aborda o processo da imigração síria e libanesa no Brasil, em específico para a cidade de São Paulo, entre o final do século XIX e a década de 1940 do século XX. Interessa-me saber como, com a chegada desse grupo, o espaço da Rua 25 de Março foi se transformando num lugar de identificação de um grupo. A base teórica da pesquisa está construída a partir do conceito de paisagem atrelado ao de memória e ao de lugar, que conseqüentemente se remete à questão cultural. A paisagem é entendida aqui como sendo a representação de uma parte do espaço preenchida de significados dinâmicos, de maneira a tornar-se um espaço atribuído de um determinado imaginário social. Ela é composta não só de praças, monumentos, ruas, mas também, de cores, odores que criam e evocam a lembrança de outros lugares, ou seja, de outros espaços vividos. O entendimento sobre a alteridade é um dos conceitos chaves para entendermos como se constroem as redes sociais e seus processos de representação de inclusão e exclusão social.

O trabalho realizado visa compreender a interação entre cidade e lazer e a apropriação dos espaços públicos para o lazer dentro do contexto do município de São Paulo, Estado de São Paulo. Procura realizar uma reflexão crítica sobre a natureza do processo da urbanização de São Paulo questionando os descaminhos que a mesma percorreu em relação à humanização deste espaço. Faz uma análise dessa relação cidade-lazer-cidadão procurando descobrir algumas possibilidades sobre o uso dos parques urbanos e em especial um estudo de caso do Parque do Ibirapuera. A escolha foi definida pelo significado de sua escala de importância em relação aos demais parques da cidade.