As inundações na bacia do Aricanduva (Município de São Paulo) e o suporte dos revestimentos vegetais da APA do Carmo
Este trabalho tem por objetivo analisar o suporte dos dois principais revestimentos vegetais da APA do Carmo na interceptação das precipitações, enquanto alternativa a política dos reservatórios de retenção/contenção (piscinões), adotados enquanto solução prioritária a problemática das inundações na bacia do Aricanduva, município de São Paulo. Para tanto, buscou-se compreender a gênese das inundações a partir da originalidade fisiográfica da bacia do Aricanduva, localizada no extremo leste do município de São Paulo, destacando os processos históricos que resultaram na intensificação dos episódios de inundações na bacia, bem como sua correlação com a expansão urbana. A fim de inferir o suporte das áreas verdes na redução do potencial hídrico proveniente das precipitações torrenciais, foi adotada metodologia de análise da interceptação vegetal, distribuindo um total de dez pluviômetros em dois dos principais revestimentos vegetais da APA do Carmo, respectivamente floresta atlântica em estágio avançado de regeneração e eucaliptal com sub-bosque, tendo como parâmetro de análise dois pluviômetros instalados em área aberta adjacente aos respectivos tipos de vegetação. Os totais interceptados foram coletados diariamente durante os meses de verão, com início em dezembro de 2009 e término em março de 2010, período caracterizado como de maiores médias pluviométricas no município. A partir dos resultados obtidos, levantou-se que nesse período ocorreu na bacia do Aricanduva um total de nove episódios de inundação, com médias de precipitação da ordem de 38,9 mm, sendo que nesses eventos pluviais a interceptação atingiu em média 35% (18 mm), o que possibilita apontar que às áreas totais dos respectivos revestimentos vegetais, contribuem para interceptar o equivalente a um piscinão com capacidade média. Desta forma, frente ao aumento expressivo dos episódios de inundações na bacia do Aricanduva, mesmo após a adoção da política dos piscinões, destaca-se a necessária incorporação dos remanescentes florestais existentes em toda bacia enquanto instrumento prioritário aos planos de macrodrenagem, uma vez o custo mínimo de manutenção das áreas verdes em comparação aos piscinões, dentre todos os potenciais ecodinâmicos possibilitados pela conservação dos espaços florestados.