Do corpo à cidade: religião e territórios negros em Porto Alegre
Grávida de seis meses, Mãe Cida foi reconhecida por sua médica durante uma consulta de pré-natal por conta de uma tatuagem de Oxum no braço direito. “Ela disse “ah, eu lembro de ti. Tu é a moça que tem uma tatuagem de santo né?” me relatou a mãe de santo enquanto conversávamos em seu terreiro em Porto Alegre. A consulta seguiu com alguns comentários sobre a religião de Cida. Sendo Mãe Cida uma dentre tantas mães de santo brancas da cidade, onde a influência das religiões afro mobiliza dimensões simbólico-materiais, comerciais, políticas e territoriais, proponho discutir as relações entre raça e religião, deslocando a questão sobre perseguições religiosas. Procuro investigar como as marcações da presença negra na cidade são atualizadas nos agenciamentos das religiões de matriz africana.