A crítica como forma: argumento, almanaque e a vida intelectual paulista na década de 1970
A dissertação é dedicada à análise das revistas argumento- revista mensal de Cultura (1973-1974) e Almanaque- Cadernos de Literatura e Ensaio (1976-1982) e à compreensão da história coletiva dos intelectuais que se manifestaram nessas publicações. As revistas foram protagonizadas, sobretudo, por críticos de cultura que se preservaram na Universidade de São Paulo durante a Ditadura Militar (1964-1985) e que mantiveram intensa atividade intelectual tanto na academia quanto na imprensa. Entre esses intelectuais, destacam-se aqueles que estavam ao redor da liderança, entre outros, de Antonio Candido, ele próprio um acadêmico sobrevivente à repressão militar, figura aglutinadora de argumento e presença indireta em almanaque, em que teve vários de seus alunos escrevendo e lhe oferecendo homenagem. Embora o eixo central dessas revistas seja a preocupação dos críticos com o universo da cultura nacional, principalmente o da literatura, as duas publicações expressaram também tendências e orientações diversas, oriundas de uma fração mais abrangente de intelectuais que se desdobrava entre a universidade e o debate público no brasil na década de 1970, a partir de um meio de comunicação permeável à conjugação de expressões artísticas, políticas e acadêmicas. Pretende-se, portanto, com o estudo de caso dedicado às revistas, compreender um problema de pesquisa maior, que se refere à relação entre a vida intelectual sedimentada em torno da universidade paulista, que se utilizou das revistas como expressão coletiva, e a conjuntura brasileira da década de 1970, marcada pelo acirramento da Ditadura Militar..