Evolução urbana

Pretende mostrar a morfologia da paisagem, como resultante das relações entre antropização e suporte físico, em situação com preponderância da produção urbano-industrial. São tomados como pressupostos o entendimento da paisagem em seu aspecto mais geral de resultante da antropização sobre o suporte físico e as configurações - desenhos - resultantes. São selecionados, portanto, como condicionantes da configuração da paisagem: as especificidades de morfologia do sítio; localização e distribuição de urbanização e o porte, localização e distribuição espacial no tecido urbano das instalações industriais, e selecionando como estudo de caso um dos municípios do interior do estado de São Paulo, que reúne elementos-chave para o estudo e a compreensão do que chamamos de paisagem urbano-industrial.

O principal objetivo desta dissertação foi o de definir uma metodologia de planejamento de transportes que fosse sintetizada e menos onerosa que a do processo tradicional e, principalmente, que permitisse dispensar a pesquisa domiciliar, atividade demorada, trabalhosa e cara. O trabalho consistiu de uma análise superficial de diversos trabalhos existentes, elegendo quatro deles para uma análise mais detalhada, o que permitiu definir a metodologia proposta. O método baseia-se na determinação de produções e atrações de viagens a partir do conhecimento do número de unidades de uso de solos (residências, lojas, escritórios, indústrias, etc.) existentes na área de estudo, com suas respectivas características, aplicando-se-lhes taxas transferidas de outros estudos. As produções e atrações de viagens são distribuídas utilizando-se o modelo gravitacional, com parâmetros da função impedância transferidos de outros estudos. A divisão modal e a alocação de tráfego seguem o padrão tradicional, tendo sido indicada a utilização de programas de computador para a realização de alocação de equilíbrio. Segue o modelo de quatro etapas, onde a diferença fundamental está no fato de que, por não se dispor de dados completos, por causa da não realização das entrevistas de O/D domiciliares, são realizados diversos procedimentos de ajustes com o objetivo de se verificar o grau de compatibilidade das taxas transferidas utilizadas. O trabalho restringiu-se à alocação de tráfego na rede viária para o ano base, e à comparação com o fluxo observado, verificando-se que o processo conduz a um resultado aceitável.

O trabalho analisa a construção do poder político em Piracicaba na Primeira República em meio às disputas entre as facções locais e às tensões sociais decorrentes da urbanização e da formação do mercado de trabalho livre. Considerando a estrutura de poder na Primeira República que se consolida através do pacto das oligarquias estaduais e da exclusão das camadas pobres da população das decisões políticas, a construção do poder local é apreendida a partir de três fontes de intervenção das elites políticas, a saber, a imprensa, a cidade e o poder público. Levando-se em consideração a conjuntura internacional do período, identificam-se principalmente dois eventos de repercussões profundas na vida nacional que norteiam a atuação das elites políticas na esfera pública, a saber: a) A II Revolução Industrial e os desafios colocados ao Brasil, em função de sua inserção na divisão internacional do trabalho que se traduziam nas ações saneadoras e segregadoras das administrações públicas nas cidades e suas populações. Em Piracicaba, esta proposição se consolidou na administração modelo do PR Piracicaba; b) A 1ª Guerra Mundial e o alerta que faz às nações, em especial às periféricas, no sentido da construção de suas identidades nacionais e na busca das referências do "progresso". Em Piracicaba este alerta se traduz na busca pela projeção da cidade como referência do progresso, consubstanciada no bairrismo piracicabano. Esse processo de construção do poder das elites políticas locais se fez em meio a tensões de ordens diversas, potencializadas pelo processo de urbanização, e em que pese a proposição excludente, não conseguiu eliminar ou até controlar a ação das populações pobres que atuaram nas cidades construindo espaços alternativos de sobrevivência e sociabilidade.

Apresenta-se inicialmente uma revisão bibliográfica de diversos conceitos relacionados à dinâmica dos processos, a abordagem sistemática e a cartografia de síntese consideradas princípios metodológicos essenciais no estudo integrado da paisagem. Com base nestas premissas, avalia-se o comportamento e a fragilidade de uma região situada a leste do município de Campinas e próxima ao seu centro urbano. Trata-se de uma área notavelmente diferenciada do restante do município em seus aspectos físicos naturais, urbanísticos e culturais e, por estas razões, considerada recentemente uma área de preservação ambiental pelo poder local. No contexto físico natural, a região está inserida no Planalto Atlântico com acentuada fragilidade natural e com uso da terra diversificada; através de avaliação qualitativa e semi-quantitativa, observa-se a evolução dos processos erosionais concentrados e os movimentos de massa considerando, áreas tipicamente rurais com características urbanas em consolidação. Foram elaborados cartas de fragilidade tomando-se, para a sua resolução, diferentes preceitos na execução de cartogramas de trabalho e na elaboração de cartas de síntese, considerando, na carta final, o ambiente natural modificado. As informações foram organizadas em tabelas caracterizando índices semi-quantitativos para as diversas variáveis escolhidas. Os resultados indicam que a região possui, em sua maior parte, instabilidade para os assentamentos urbanos, os quais provocam mudanças bruscas na paisagem em curtos espaços de tempo intensificando ou alterando os principais processos intervenientes. A avaliação de cenários alternativos apontam, em períodos de curto prazo, a inadequação do avanço da urbanização e a necessidade de uma redefinição econômica para a região no sentido de recuperar a degradação da paisagem e os valores ligados a terra historicamente cultivados pelos seus habitantes.

Este trabalho pretende compreender como se deu a conformação da imagem de metrópole nacional para a cidade de São Paulo. Para tanto, partimos dos primeiros anos do século XX buscando as várias possibilidades que se expressam na composição desta imagem. Nos anos 1950, São Paulo já pode ser apresentada como uma "metrópole moderna" a partir de um conjunto de atributos físicos, sociais, econômicos e culturais. Propusemo-nos a estudar, durante a primeira metade do século XX, a constituição de um repertório de concepções que vão se revelar na produção de uma imagem de cidade. A busca desta imagem de cidade é constituída, aqui, por um processo provocado por certa liberdade de olhar que é necessária à invenção. Inventar, imaginar uma cidade é dar a luz, é produzir uma realidade inédita. Os capítulos do trabalho não pretendem esgotar as discussões ou as pontes possíveis em cada tema. São, neste caso, indicativos das várias possibilidades componentes da invenção da metrópole.

Investiga a cidade de Piracicaba nos anos 50 do século passado. O interesse foi despertado tanto pelas pesquisas sobre a região de Piracicaba nas quais o autor teve a oportunidade de participar, como pelas condições de vida que a cidade oferecia à época da pesquisa, provocando manifestações saudosas sobre as condições passadas. Isto sugeriu a seguinte pergunta: quais as condições favoráveis de vida a cidade ofereceu e que já não mais oferecia? Alguns trabalhos científicos sobre a agroindústria açucareira na região e os registros ou lembranças dos memorialistas piracicabanos oferecem elementos para a resposta, ao menos em parte à indagação, reportando à década de 1950, período lembrado e divulgado pela imprensa como uma fase promissora para a cidade. A presença das indústrias e a expansão urbana inseriam a cidade naqueles anos no movimento de modernização que caracterizava o país. Paradoxalmente, a imprensa registrava várias imagens da cidade evidenciando os marcos dessa modernização assim como evidenciava espaços históricos dessa cidade, sugerindo que essa cidade enfrentava de forma peculiar o seu progresso, ou seja, mantinha ainda bem viva a sua identidade histórica. Que aspectos da cidade conferiam-lhe identidade e peculiaridade? Para responder a esta pergunta a pesquisa identificou o seu rio com águas e peixes abundantes, a sua origem agrária, a fertilidade das suas terras intensamente divulgada não só pelo seu perfil policultor como pela estabilidade social que a pequena propriedade assegurava, a solidariedade das elites patronais que minimizava as tensões decorrentes das relações capital-trabalho com o oferecimento de uma "ousada" assistência social, a caridade e a filantropia do seu povo sempre disposto a auxiliar os mais necessitados, destruindo-se a moldura pobre da cidade, etc... Entretanto a pesquisa apontou que a cidade, circunscrita à modernização desse período produziu graves problemas com conseqüências perceptíveis até os dias atuais, desafiando os piracicabanos a reverem suas intervenções concretas e a encontrar na cidade novos conteúdos simbólicos. A partir dos anos 1950 a "Cidade Noiva" não pôde sustentar a imagem idealizada a partir dos seus recursos naturais que lhe assegurava a condição de pureza. Essa data assinala o momento em que a "Noiva da Colina" teve para sempre a sua imagem maculado pela nódoa do progresso.

A dissertação aborda aspectos da urbanização de São Paulo durante os anos 1920 a partir das revistas de variedades Ariel e A Cigarra. O trabalho relaciona o sucesso desse tipo de publicação com o crescimento abrupto da cidade, com a diversificação dos grupos sociais, com o desenvolvimento do comércio e da indústria de lazer, com o consumismo e com as novas formas de sociabilidade urbana. O trabalho aborda, ainda, os limites e os alcances do projeto liberal e civilizador das elites paulistanas, rastreando as representações publicitárias ligadas a ele e atuantes na organização da vida cotidiana. Deste modo, procuramos enriquecer a compreensão dos confrontos entre discursos ideológicos ou normativos e a inventividade da vida cotidiana, com a preocupação de verificar a viabilidade da construção das individualidades e das subjetividades nas metrópoles modernas.

A pesquisa esteve voltada à análise do espaço urbano de Itu, apontando-se as principais características em cada quadro da época e a materialização desse processo através de registros documentais. Identificaram-se os mecanismos da política publica, no sistema social e as dimensões de sua repercussão, expressas na estrutura urbana de Itu. Avaliou-se a passagem da predominância religiosa em seus primórdios, para cada cidade republicana (até o final da 1ª republica - 1930) onde os domínios do publico e do privado, se materializaram sob as diferentes formas.

O objetivo deste trabalho e discutir o processo de inserção da zona sul do município de São Paulo na formação socio-espacial metropolitana, tendo por base as diferentes articulações funcionais que, ao longo do século, estabeleceram-se entre o referido sub-espaco e o conjunto da metrópole paulistana. Portanto, discute-se aqui, de um ponto de vista específico e localizado, o próprio processo de modernização/metropolização de São Paulo. Para realizar tal intento, organizamos o trabalho em duas partes: na primeira, analisamos algumas dentre as diversas transformações ocorridas neste sub-espaço em função da própria metropolização de São Paulo. Enfatizamos os aspectos específicos da participação da zona sul, especialmente as implicações do fato de esta parcela do território municipal de São Paulo haver correspondido, até meados dos anos 1930, a extinta municipalidade de Santo Amaro. Na segunda parte, apresentamos um estudo de caso acerca do que denominamos projeto Interlagos, e que entendemos ser um dos principais vetores do processo de inserção de Santo Amaro/zona sul no contexto metropolitano.

A dissertação tem como objetivo reconstruir a trajetória da formação socio-espacial paulistana através da análise das propostas urbanísticas feitas para a cidade de São Paulo no início do século XX. Procura captar as concepções de cidade e de modernidade adotadas pela elite paulistana nesse período que até hoje influenciam o discurso dos agentes responsáveis pela transformação urbanística da cidade. Aborda no primeiro capítulo o mundo capitalista no período estudado e sua relação, de forma genérica, com as principais descobertas, com a política internacional e com a disseminação da cultura européia para as terras descobertas e colonizadas. Trata ainda da modernidade e das teorias urbanísticas que surgiram no final do século XIX na Europa, das diversas correntes, com suas semelhanças e antagonismos, e dos seus reflexos nos países europeus e suas colônias. No segundo, situa o Brasil na virada do século e, a partir daí, a cidade de São Paulo, sua evolução e como se deu o seu acelerado crescimento econômico e demográfico, em função da cultura cafeeira, das ferrovias e do capital internacional. O capítulo seguinte destaca o governo do primeiro prefeito de São Paulo, que muito contribuiu para que a cidade fosse moldada ao gosto da elite cafeeira. A construção do Teatro Municipal, das praças e, principalmente, a postura do diretor de obras de seu governo, Victor da Silva Freire, que tomou a dianteira nas propostas para remodelação da área central da cidade, criaram o cenário ideal para que esta se tornasse a grande metrópole nacional. No último capítulo são analisadas as propostas urbanísticas que surgiram no período para remodelação do centro da cidade.