A pesquisa trata da Ilha de Santo Amaro que embora integrante da Baixada Santista, não apresenta em toda a sua extensão as características decorrentes da urbanização que se alastra pela área de Santos - São Vicente, Cubatão e Guarujá. Assim é que à época de realização da pesquisa ainda persistiam em alguns dos núcleos de população situados em pequenas praias da ilha, traços culturais resultantes da ocupação do espaço por atividades estranhas às áreas urbanas que lhe são próximas. Neste caso se incluem os núcleos humanizados da Praia do Góis e da Prainha Branca, ambos situados na área do município do Guarujá que, coincidentemente, correspondem à totalidade da Ilha de Santo Amaro. A partir do início do século passado, a Praia do Góis e a Prainha Branca foram ocupadas por caiçaras, lavradores e pescadores que imprimiram à paisagem, muitos dos traços ainda perceptíveis. Seus descendentes, entretanto, por motivos variados, abandonaram as atividades tradicionais, indo em busca de trabalho nas áreas urbanas adjacentes, principalmente em Santos e na Bertioga. Núcleos modestos, sem população expressiva ou produção econômica notável, Praia do Góis e Prainha Branca constituem, porém, um exemplo de ocupação humana feita segundo os moldes tradicionais, à base do extrativismo e da lavoura de subsistência, que vêm se modificando no contato com a urbanização então em curso na Ilha de Santo Amaro. Se, no passado a preocupação máxima de seus moradores consistia em garantir o necessário para viver, no momento da pesquisa eles se defrontavam, além dos problemas próprios de áreas urbanizadas, com a legalização da posse das terras que ocupavam há muitos anos, deslocando-se, assim, aquela preocupação máxima, do viver para o sobreviver. Este estudo de núcleos populacionais litorâneos situados em zonas de periferia urbana tem como objetivo maior, a pesquisa dos fatores e dos motivos que justificam a existência e a permanência da população que neles habita. Partindo da análise dos fatores geográficos que atuaram e ainda interferem na ocupação do espaço e nas atividades de seus habitantes, o estudo visa ainda compreender o inter-relacionamento existente entre o homem e o meio, chegar à caracterização dos núcleos, definir o grau de isolamento em que vivem, bem como, analisar as mudanças que se vem operando na própria organização do espaço local. Finalmente, esta pesquisa, através dos exemplos da Praia do Góis e da Prainha Branca, pretende ser uma contribuição ao estudo de um fenômeno que atinge outros núcleos semelhantes e dispersos pelo litoral brasileiro que, submetidos à interferência de um centro local de maior importância, acabaram por sofrer modificações capazes de alterar-lhes, completamente, a fisionomia original.