Gênero e sexualidade

Seguindo os fios de Ariadne: reflexões sobre as tramas discursivas do projeto Escola Sem Partido no Mato Grosso do Sul

Tipo de material
Dissertação Mestrado
Autor Principal
Hilahata, Irene Tochibana
Sexo
Mulher
Orientador
Oliveira, Esmael Alves de
Ano de Publicação
2019
Local da Publicação
Dourados
Programa
Antropologia
Instituição
UFGD
Idioma
Português
Palavras chave
Escola Sem Partido
Ideologia
Foucault
Mato Grosso do Sul
Resumo

O presente trabalho teve o intuito de analisar as tramas discursivas que cercam o projeto "Escola Sem Partido" (PESP) (izalci, 2015) e suas ressonâncias no estado de Mato Grosso do Sul, buscando perceber em suas entrelinhas não apenas a matriz de inteligibilidade heteronormativa, mas também, e principalmente, suas tensões e ambiguidades. Para isso parti de algumas questões norteadoras: quais os discursos produzidos pelo projeto escola sem partido e suas implicações político-ideológicas? Que categorias e pressupostos são utilizados em sua proposta de combater a propalada "ideologia de gênero" e quais suas contradições? Tomando como base a perspectiva antropológica e as contribuições de Michel Foucault (1987; 1993; 1999; 2004; 2006; 2012; 2017), busquei analisar o dispositivo legal a partir de dois movimentos: um macro e um micro. No plano macro, desafiei-me a destrinchar as tessituras ideológicas do projeto por meio da análise de suas propostas. No contexto micro, busquei problematizar quais seriam os desdobramentos do PESP no contexto do estado de mato grosso do sul a partir de um evento ocorrido ao longo de 2017. A metodologia foi baseada em entrevistas e levantamento e análise de notícias e posts veiculados pelas redes sociais sobre o tema. Ao final da pesquisa, foi possível constatar que, se de um lado é inegável o ethos conservador que constitui o PESP, por outro, compreendê-lo como detentor de um discurso absoluto e soberano é ignorar a dimensão ambígua e instável que o atravessa e o constitui. Assim, foi possível compreender o projeto muito mais como um regime de verdade precário, performativo e arbitrário do que como algo que está além da história, da política e da ideologia, como querem fazer crer seus idealizadores. 

Método e Técnica de Pesquisa
Qualitativo
Referência Espacial
Macrorregião
Centro-Oeste
Brasil
Habilitado
UF
Mato Grosso do Sul
Referência Temporal
2017
Localização Eletrônica
https://sucupira-legado.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.xhtml?popup=true&id_trabalho=8808077

[Alerta textão] - estratégias de engajamento do Movimento LGBT de São Paulo em espaços de interação on-line e off-line (2015-2016)

Tipo de material
Dissertação Mestrado
Autor Principal
Ferreira, Lucas Bulgarelli
Sexo
Homem
Orientador
Simões, Júlio Assis
Ano de Publicação
2018
Local da Publicação
São Paulo
Programa
Antropologia
Instituição
USP
Idioma
Português
Palavras chave
Movimento Lgbt
Engajamentos
Movimentos Sociais
Gênero
Sexualidade
Resumo

Esta pesquisa busca investigar os mecanismos utilizados por militantes LGBTs da cidade de São Paulo para se engajarem em diferentes estratégias políticas de atuação. A partir de uma investigação em espaços de interação on-line e off-line, busco compreender a conformação destes modos de atuação política a partir de dois processos: por um lado, a influência das dinâmicas de negociação com gestores públicos e representantes do estado e, por outro, a proliferação de uma atuação concentrada nas mídias sociais e na internet. A partir do resgate de eventos e situações que remontam a um histórico do movimento LGBT, demonstro como estes modos de engajamento políticos concentrados nos mecanismos de negociação e na atuação em redes sociais estão atravessados por especificidades geracionais e ideológicas das carreiras ativistas de diferentes lideranças a que tive acesso. Ao explorar os manejos de diferentes ferramentas e modos de atuação de representantes da sociedade civil organizada no conselho municipal LGBT de São Paulo e de ciber-ativistas no facebook, passo a identificar uma cena de militantes LBGTs no conselho e uma cena de ciberativistas no facebook, com especificidades e modos de atuação próprios, mas que se aproximam - ou, em alguns casos, se confundem - quanto à natureza da reivindicação de suas demandas políticas. No capítulo i, contextualizo estas cenas por meio de um breve histórico do movimento LGBT brasileiro. Nesta parte, tenho por objetivo destacar as dinâmicas que favorecem o contexto para uma institucionalização crescente de suas demandas, bem como os desdobramentos da consolidação de planos, conselhos, conferências e da migração de militantes para as gestões públicas. No capítulo II, exploro os mecanismos de atuação política de militantes e grupos LGBT enquanto sociedade civil organizada por meio da participação na gestão do conselho municipal de políticas LGBTs em São Paulo. Chamo a atenção para a forte dependência da cena dos conselhos com as redes sociais, aproximando-a, embora não se confunda, da cena do facebook. No capítulo III, analiso as estratégias de engajamento de ciberativistas por meio do acompanhamento de seus perfis pessoais e de suas interações no facebook e de uma campanha política à vereança. Demonstro como a diversificação da atuação política nas redes favorece parcerias com agentes do mercado e das gestões públicas.

Disciplina
Referência Espacial
Cidade/Município
São Paulo
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
São Paulo
Referência Temporal
2015-2016
Localização Eletrônica
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-21082018-133346/pt-br.php

Imigração e sexualidade: solicitantes de refúgio, refugiados e refugiadas por motivos de orientação sexual na cidade de São Paulo

Tipo de material
Dissertação Mestrado
Autor Principal
Andrade, Vitor Lopes
Sexo
Homem
Orientador
Rial, Carmen Silvia
Ano de Publicação
2017
Programa
Antropologia
Instituição
UFSC
Idioma
Português
Palavras chave
Refúgio
Orientação Sexual
Redes Sociais
São Paulo
Resumo

Desde o ano de 2002 o Brasil tem concedido refúgio a estrangeiros/as que tinham o fundado temor de sofrer perseguição em seus países de origem em razão de suas orientações sexuais. O objetivo geral desta pesquisa consistiu em analisar as redes sociais estabelecidas/acionadas por esses/as solicitantes e refugiados/as não-heterossexuais uma vez que se encontram na cidade de São Paulo, isto é, traçar uma morfologia das relações sociais constituídas por eles/as. Os objetivos específicos foram: verificar em quais redes sociais e em quais momentos a não-heterossexualidade é acionada, ou seja, em que circunstâncias se revela não ser heterossexual; e identificar se há a formação/inserção de/em redes de apoio no que diz respeito especificamente às sexualidades não-heterossexuais. Para se atingir os objetivos propostos, foi feita pesquisa de campo de cunho etnográfico na cidade de São Paulo, o que se tornou possível através do voluntariado em uma organização não-governamental. Os resultados indicaram que a não-heterossexualidade é acionada somente em momentos estratégicos, como quando é o único motivo para se justificar a solicitação do refúgio. Persiste o medo de ser perseguido/a, em razão da orientação sexual, pelos/as conterrâneos/as e outros/as solicitantes de refúgio, o que faz com que os/as não-heterossexuais escondam suas sexualidades. Os/as solicitantes e refugiados/as por motivos de orientação sexual não formam entre si uma rede de apoio tampouco se inserem nas redes nacionais de apoio LGBT em São Paulo. Dessa maneira, conclui-se que apesar de encontrarem um cenário indubitavelmente mais favorável e receptivo às suas orientações sexuais, esses/as sujeitos/as continuam a viver através da lógica do silêncio e da invisibilidade.

Disciplina
Referência Espacial
Cidade/Município
São Paulo
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
São Paulo
Referência Temporal
2002-2017
Localização Eletrônica
https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UFSC_3a13de66778804648d8d8f407e742930

As mulheres na luta contra a ditadura militar: Maria Augusta Thomaz e outras memórias

Tipo de material
Dissertação Mestrado
Autor Principal
Sousa, Ana Luiza de Oliveira e
Sexo
Mulher
Orientador
Souza, Maria Luiza Rodrigues
Ano de Publicação
2016
Local da Publicação
Goiânia
Programa
Antropologia Social
Instituição
UFG
Idioma
Português
Palavras chave
Memória
Gênero
Maria Augusta Thomaz
Ditadura Militar
MOLIPO
Resumo

Este trabalho problematiza a construção da memória das mulheres que lutaram contra a Ditadura Militar de 1964, tendo como eixo condutor a memória de Maria Augusta Thomaz, que era estudante de Filosofia da PUC-SP e membra do MOLIPO. Foi executada em 1973 e seus restos mortais permanecem desaparecidos até os dias atuais. Aqui, questiono se os binarismos de gênero influenciam ou não na construção da memória de Maria Augusta Thomaz e de outras mulheres presentes nesta pesquisa.

Disciplina
Método e Técnica de Pesquisa
Qualitativo
Referência Espacial
Brasil
Habilitado
Referência Temporal
2014-2016
Localização Eletrônica
https://repositorio.bc.ufg.br/tede/items/cc955fd9-1ec7-4ddd-835f-ebde617bdb6c

Entre manas e manos: uma etnografia com o movimento de mulheres do hip hop e a Casa do Hip Hop Sanca

Tipo de material
Dissertação Mestrado
Autor Principal
Araujo, Ayni Estevão de
Sexo
Mulher
Orientador
Villela, Jorge Luiz Mattar
Ano de Publicação
2016
Local da Publicação
São Carlos
Programa
Antropologia Social
Instituição
UFSCAR
Idioma
Português
Palavras chave
Hip Hop
Gênero
Raça
Política
Resumo

Nesta pesquisa, apresento o Hip Hop como uma cultura em constante movimento. A partir das percepções do campo realizado concomitantemente entre mulheres do Hip Hop em São Paulo e a construção da Casa do Hip Hop em São Carlos, propus-me a compreender a constituição dessa cultura através de suas mobilizações. Da observação que se dá através de meu posicionamento entre dois movimentos, o que procuro é captar a dinâmica do funcionamento dessa cultura, que é revelada por meio das formações, intersecções e mútua influência entre as diferentes formas de mobilização e instrumentalização realizada por seus agentes. Entre os dois movimentos, é a própria noção de política que é delineada através de práticas e discursos das(os) Hip Hoppers. Trata-se, enfim, de duas formas distintas de movimentação de uma mesma cultura que, apesar de estarem em constante processo de construção, dialogam entre si e afetam-se simultaneamente. 

Disciplina
Método e Técnica de Pesquisa
Qualitativo
Referência Espacial
Cidade/Município
São Carlos
Bairro/Distrito
Vila Irene
Logradouro
Rua Bispo Dom Gastão S/N
Localidade
Casa do Hip Hop Sanca
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
São Paulo
Referência Temporal
2014-2016
Localização Eletrônica
https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/8012

Entre 'perifeminas' e 'minas de artilharia': participação e identidade de mulheres no Hip Hop e no Funk

Tipo de material
Dissertação Mestrado
Autor Principal
Ramos, Izabela Nalio
Sexo
Mulher
Orientador
Almeida, Heloisa Buarque de
Ano de Publicação
2016
Local da Publicação
São Paulo
Programa
Antropologia Social
Instituição
USP
Idioma
Português
Palavras chave
Classe
Funk
Gênero
Hip hop
Raça
Resumo

Neste texto estão os resultados de pesquisa sobre a participação e as identidades de mulheres nas culturas juvenis do funk e do hip hop em São Paulo, a partir da perspectiva dos marcadores sociais da diferença. Ao fazer uma breve e interessada retomada histórica de como as duas expressões culturais se desenvolveram no Brasil, falo sobre a participação das mulheres nestas cenas, comumente tratadas como masculinizadas. Em seguida, são abordados temas recorrentes entre as mulheres de quem estive próxima, como a identidade periférica, a relação com diferentes ativismos de mulheres e feminismos, o modo como pensam a sexualidade e o erotismo enquanto mulheres, em sua maioria, negras, e o modo como abordam as relações de gênero e afetivo-sexuais em suas performances artísticas e também no dia-a-dia. Ao longo do texto, são destacadas semelhanças e diferenças entre os dois grupos, e nossas experiências conjuntas são situadas em uma discussão mais ampla sobre feminismos, relações de gênero e de sexualidade que vêm ganhando visibilidade.

Disciplina
Método e Técnica de Pesquisa
Qualitativo
Referência Espacial
Cidade/Município
São Paulo
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
São Paulo
Referência Temporal
2014-2016
Localização Eletrônica
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-24012017-130121/pt-br.php

'Homem é homem': narrativas sobre gênero e violência em um grupo reflexivo com homens denunciados por crimes da Lei Maria da Penha

Tipo de material
Dissertação Mestrado
Autor Principal
Oliveira, Isabela Venturoza de
Sexo
Mulher
Orientador
Almeida, Heloisa Buarque de
Ano de Publicação
2016
Local da Publicação
São Paulo
Programa
Antropologia Social
Instituição
USP
Idioma
Português
Palavras chave
Gênero
Lei Maria da Penha
Masculinidades
Violência
Vítima
Resumo

Este estudo propõe uma reflexão sobre as narrativas de homens denunciados por crimes previstos pela Lei 11.340/2006 (denominada também como Lei Maria da Penha), encaminhados à ONG Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, em São Paulo, para participar do Programa de Responsabilização de Homens Autores de Violência contra a Mulher. Nesta pesquisa, visualizo a questão da violência de gênero sob um ângulo ainda pouco explorado, uma vez que meu olhar situa-se não sobre as denunciantes (não raramente cristalizadas como vítimas), mas sobre os denunciados/agressores. No decorrer do trabalho, demonstro como as narrativas verbalizadas nas reuniões do referido grupo reflexivo evidenciam ideias sobre masculinidade, feminilidade, violência, família e conjugalidade, além questionarem a legitimidade da Lei 11.340/2006, através da desestabilização da categoria vítima. O estudo igualmente visa contribuir com uma discussão metodológica no tocante aos limites e às experimentações do trabalho de campo, produzindo ao mesmo tempo uma reflexão sobre as/os antropólogas/os enquanto sujeitos generificados.

Disciplina
Método e Técnica de Pesquisa
Qualitativo
Referência Espacial
Zona
Zona Oeste
Cidade/Município
São Paulo
Bairro/Distrito
Pinheiros
Logradouro
R. Bartolomeu Zunega, 44
Localidade
Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
São Paulo
Referência Temporal
2014-2016
Localização Eletrônica
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-23082016-133509/pt-br.php

Performatividade de gênero na infância em uma escola da periferia de São Paulo

Tipo de material
Dissertação Mestrado
Autor Principal
Martins, João Rodrigo Vedovato
Sexo
Homem
Orientador
Maluf, Sônia Weidner
Ano de Publicação
2016
Local da Publicação
Florianópolis
Programa
Antropologia Social
Instituição
UFSC
Idioma
Português
Palavras chave
Antropologia da criança
Performatividade de gênero
Escola
Periferia
Resumo

Na presente pesquisa analiso a performatividade de gênero de crianças em uma Escola Municipal de Educação Infantil na periferia da região nordeste da cidade de São Paulo – o distrito do Tremembé – refletindo antropologicamente sobre a constituição de feminilidades e masculinidades periféricas na infância. Neste campo foi observado o brincar, aqui tomado como uma atividade privilegiada, na qual o marcador de gênero aparece em ação, em uma conflitiva socialidade que demonstrava tanto rupturas quanto reafirmações da heteronormatividade e de categorias de gênero hegemônicas gestadas nas periferias. Nesse contexto etnográfico, as próprias crianças explicitaram elementos articulados com categorias de gênero que eram constituidores de suas identidades e experiências sociais enquanto sujeitos: caso do funk e do universo do crime. Assim, coube considerar a produção de sujeitos generificados no universo do funk e do crime, na chave de prescrições e condutas, evidenciando as referências que as crianças faziam a ambos no brincar e nas brincadeiras.

Método e Técnica de Pesquisa
Qualitativo
Referência Espacial
Zona
Zona Norte
Cidade/Município
São Paulo
Bairro/Distrito
Tremembé
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
São Paulo
Referência Temporal
2014-2016
Localização Eletrônica
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/168053?show=full

Mulheres, depressão e cotidiano: uma etnografia dos grupos de psicoterapia em um serviço de saúde mental em Araraquara (São Paulo, BR)

Tipo de material
Tese Doutorado
Autor Principal
Cremonte, Laura
Sexo
Mulher
Orientador
Cardoso, Marina Denise
Ano de Publicação
2016
Local da Publicação
São Carlos
Programa
Antropologia Social
Instituição
UFSCAR
Idioma
Português
Palavras chave
saúde mental
cotidiano
objetos
habitar
família
Resumo

Esta tese trata da relação entre depressão e condição feminina, analisando, em particular, como, na praxe psiquiátrica, práticas sociais e expectativas referentes ao gênero se articulam com as experiências situadas e pulverulentas de mulheres que vivem situações complexas ligadas ao sofrimento cotidiano e às emoções difíceis de serem compreendidas. A pesquisa foi conduzida, por meio do método etnográfico, no âmbito de grupos de psicoterapia somente para mulheres realizados em um ambulatório de saúde mental na cidade de Araraquara, estado de São Paulo, Brasil. O objetivo era observar como é modelado e socialmente produzido e trocado o diagnóstico de depressão aos interno dos serviços de saúde mental comunitária numa cidade brasileira, no quadro do processo da Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB), observando as diversas modalidades de acesso e de tratamento dos usuários com diagnóstico de depressão e seguindo os diferentes percursos terapêuticos.

Método e Técnica de Pesquisa
Qualitativo
Referência Espacial
Cidade/Município
Araraquara
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
São Paulo
Referência Temporal
2013-2016

Estratégias articuladas por mulheres bolivianas em São Paulo para a realização do trabalho doméstico em suas casas e famílias

Tipo de material
Dissertação Mestrado
Autor Principal
Vieira, Eloah Maria Martins
Sexo
Mulher
Orientador
Parry Scott, Russell
Ano de Publicação
2019
Local da Publicação
Pernambuco
Programa
Antropologia
Instituição
UFPE
Idioma
Português
Palavras chave
Trabalho Doméstico
Bolivianas
Migrações
São Paulo
divisão sexual do trabalho
Resumo

Esta dissertação tem como objetivo analisar as estratégias articuladas por mulheres bolivianas imigrantes na cidade de São Paulo para a realização do trabalho doméstico em suas casas e famílias. Para refletir sobre estas estratégias, debateremos quais pessoas e instituições participam e eventuais especificidades nestas estratégias relacionadas ao fato de as interlocutoras serem bolivianas e imigrantes. Todas estas questões estão pautadas na discussão de gênero feita por Joan Scott e Sherry Ortner, assim como no debate sobre trabalho doméstico e divisão sexual do trabalho travado por autoras como Betânia Ávila, Gláucia Assis, Helena Hirata e Danièle Kergoat. Além destas teóricas, Amaia Pérez Orozco e Nina Glick Schiller foram fundamentais para pensarmos como que as interlocutoras, enquanto transmigrantes, constroem relações entre a Bolívia e o Brasil. Para responder o objetivo da pesquisa, realizamos trabalho de campo por cerca de cinco meses na cidade de São Paulo, onde fizemos tanto entrevistas semiestruturadas como vivenciamos a observação participante. As experiências em campo envolveram a convivência com 10 mulheres. Elas são as interlocutoras desta pesquisa. Todas elas são mulheres adultas, muitas delas com filhos, algumas casadas e várias trabalhando no ramo da costura que emprega grande maioria da comunidade boliviana na cidade de São Paulo. Movidos pela discussão sobre possíveis influências da imigração no trabalho doméstico, investigamos as implicâncias da imigração na organização do trabalho doméstico articulada por estas mulheres. Pudemos averiguar, que ainda que alguns estudos apontem para maior participação dos homens no trabalho doméstico a partir da imigração, a mesma conclusão não se faz presente nesta pesquisa. As interlocutoras, em sua grande maioria, são as responsáveis pelo trabalho doméstico. Para garantir a realização deste trabalho, elas articulam uma diversidade de estratégias, algumas delas com especificidades relacionadas ao fato de as interlocutoras serem imigrantes e bolivianas. Dentre as estratégias articuladas estão redes de mulheres, cadeias globais de cuidado, creches e dupla jornada de trabalho. Fora isso, pudemos observar que, ainda que a imigração não tenha implicado em uma maior participação dos homens no trabalho doméstico, as interlocutoras se empenham em articular a participação deles dado que elas discordam que o trabalho doméstico seja uma obrigação exclusivamente feminina. Sendo assim, também pudemos perceber a agência das mulheres, como comenta Sherry Ortner, apesar da dominância masculina. A partir da articulação de algumas interlocutoras, pudemos observar a participação pontual de alguns de seus maridos e pais de seus filhos. Além disso, algumas das interlocutoras também ensinam a seus filhos e netos homens as atividades de trabalho doméstico. Dessa forma, esta pesquisa foi uma oportunidade de analisar a relação das interlocutoras com diferentes atores a partir do trabalho doméstico.

Disciplina
Referência Espacial
Zona
Centro
Cidade/Município
São Paulo
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
São Paulo
Referência Temporal
N/I
Localização Eletrônica
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/39415