Infância e juventude
AO MAR GENTE MOÇA!: O ESPORTE COMO MEIO DE INSERÇÃO DA MODERNIDADE NA CIDADE DE NATAL
O século XX foi marcado por rápidas mudanças no estilo de vida, no uso das técnicas e pelas novas descobertas cientificas. A força jovem passa a ser o símbolo da mudança nesse século da agilidade. Em Natal, as agremiações esportivas incorporavam os novos valores de juventude e modernidade que passavam a fazer parte da vida da cidade. A população passou a identificar-se com os clubes, formando os coros das torcidas, ocupando a rua em festa nos dias das competições. Desta maneira, o esporte marca uma nova maneira de usar os espaços públicos da cidade.
ENTRE A MARGINALIZAÇÃO E A ESPORTIVIZAÇÃO: ELEMENTOS PARA UMA HISTÓRIA DA JUVENTUDE SKATISTA NO BRASIL
Considerando o esporte como assunto historiográfico e pertinente para se entender questões relacionadas à cultura e às práticas sociais, este artigo explora elementos da esportivização e marginalização do skate - pensado como um esporte radical e jovem no Brasil. Fruto de uma dissertação de Mestrado em História defendida na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) em janeiro de 2007, a proposta parte da lógica de uma História do Tempo Presente e investiga transformações compreendidas entre as décadas de 60 e 80 do século passado, período que inclui tanto a introdução da prática do skate no país quanto sua proibição pela prefeitura de São Paulo. Por ser uma pesquisa apoiada em referenciais da História Cultural, utiliza-se uma série de revistas, cartas e depoimentos para compreender as representações dos skatistas no espaço urbano, buscando também interpretar a associação entre esta atividade e a cultura punk.
Nem anjos nem demônios: o crime como uma esfera da vida de jovens e adultos da periferia de Salvador
Este trabalho de dissertação tem por objetivo refletir sobre a inserção e a permanência de jovens da periferia da cidade de Salvador em atividades criminosas. Para a maioria dos entrevistados, a inserção no crime aconteceu ainda nos primeiros anos da adolescência. Hoje eles são jovens-adultos que consideram a atividade criminal um trabalho que possibilita a construção da autonomia de um sujeito-homem. A maioria dos informantes está envolvida especificamente no crime contra o patrimônio, o furto, e a especificidade da ação permite excluí-lo do âmbito do crime violento. A ação criminal elege como locus de atuação lojas de departamento de diferentes shoppings centers da cidade e também festas populares como o carnaval, micaretas, São João e shows de grande porte ao redor do Brasil. Nesta atividade eles se auto intitulam de descuidistas. As teorias acionadas na compreensão do problema em questão foram: teoria do curso de vida, acumulação de desvantagem, controle social e rotulação, além do conceito de construção de um sujeito-homem através do crime. A pesquisa foi realizada em um bairro considerado um dos mais violentos da cidade de Salvador: Fazenda Coutos.
Ao som dos “palavrões e nomes feios”: A inserção das crianças no universo do futebol amador em Catingueira – PB
Neste artigo parto de uma pesquisa feita em Catingueira – PB, na qual realizei observação participante às margens de um estádio de futebol amador. Enfatizo a importância desse esporte para a cultura local e nacional, indicando que ele não tem escapado às considerações de pensadores brasileiros. Mostro que o futebol catingueirense é masculinizado e adultocentrado, colocando os homens no centro e os meninos nas beiradas do gramado. Destaco os “palavrões e nomes feios”, prática masculina que não se constrange na presença das crianças nem dos adultos. Sem fazer juízos valorativos, reconheço-os tanto no futebol quanto em outros ambientes cotidianos. Dialogando com autores das ciências sociais e humanas, busco situar esse comportamento cotejando-o com a literatura temática especializada. Concluo que mesmo não se agarrando à moralidade e à polidez verbal ordinária, o campo de futebol se apresenta como relevante palco para a encenação do vivido, ocasionando às crianças e aos adultos leituras e aprendizados.
Um novo modelo para aferição de preferência clubística de futebol
Os estudos sobre torcidas de futebol vêm crescendo desde o final do século XX. Com isso, pouco a pouco surgem estudos sobre esse fenômeno enquanto lazer, tentando compreender quais experiências estão aí implicadas. Este artigo propõe um novo modelo de aferição dessa preferência clubística que, com base em duas categorias e dez indicadores, podem indicar com mais clareza não apenas sua quantificação como seu significado. A título de teste do modelo, foi realizada uma pesquisa quantitativa com 200 estudantes da USP Leste. Percebeu-se que o modelo proposto pode não apenas determinar com mais clareza o ranking das preferências clubísticas como pode enriquecer o entendimento da relação torcedor-clube, caso se invista na elaboração de indicadores empírica e quantitativamente observáveis.
Análise das identidades botafoguenses a partir das narrativas orais
Este trabalho é parte constituinte da minha dissertação de mestrado no Programa de Pós- Graduação em Memória Social na UNIRIO e dos debates realizados no Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Esporte e Sociedade (NEPESS- UFF). O objetivo central da pesquisa foi analisar a construção de identidades de torcedores do clube “Botafogo Futebol e Regatas”. Para realização desse trabalho foram eleitos dois grupos, a torcida organizada Fúria Jovem do Botafogo e o “movimento” Loucos pelo Botafogo, como estudos de caso das questões propostas acerca do futebol na atualidade e as representações existentes em dois grupos distintos. A questão norteadora da pesquisa é em que medida a modernização do futebol e a afirmação de uma matriz espetacularizada no Brasil possibilita o surgimento de novas formas de torcer, pautadas por um controle maior das emoções e com a inclusão de novas ferramentas nesse campo das torcidas.
Uma ideia sobre a municipalização do ensino
O artigo mostra que a municipalização do ensino, no pensamento de Anísio Teixeira, visava claramente à melhoria do ensino. Hoje, porém, a municipalização é muito mais uma bandeira do participacionismo do que um projeto de reoordenação legal das responsabilidades públicas em matéria de educação.
Entre cientistas e gurus: psicologia do esporte e categorias de base em algumas narrativas
O presente artigo destina se a problematizar o exercício da profissão do psicólogo do esporte. Partindo de quatro entrevistas realizadas com psicólogos atuantes em centros de treinamento de categorias de base entre os anos de 2010 e 2011, entram em cena analisadores que convidam o leitor a pensar as relações de saber-poder circulantes nesse campo. Em companhia das contribuições de Alessandro Portelli sobre a história oral, de Michel Foucault sobre o poder disciplinar e das contribuições de Félix Guattari sobre produção de subjetividades, discute-se práticas da referida especialidade e as implicações de seu exercício na formação do jogador de futebol da atualidade.
A Bola entre as Canetas: trajetória e projeto em relatos orais de jovens atletas do Rio de Janeiro
O texto busca analisar e comparar a construção do projeto futebolístico de jovens atletas pertencentes à classe média/ alta e as camadas populares do Rio de Janeiro. Para isso foram entrevistados dezoito atletas, doze das camadas média/ alta e seis das camadas populares dos mais variados clubes do Estado. Através da utilização dos conceitos de, habitus, memória e campo de possibilidades pode-se perceber que o habitus influencia diretamente na construção da memória e no campo de possibilidades desses indivíduos para a constituição de seus projetos familiares e individuais. Nesse ponto, pode-se concluir uma sensível diferença entre o campo de possibilidades, o habitus e consequentemente os projetos das camadas médias/altas se comparada a das camadas populares. Isso principalmente à medida que esses projetos individuais e familiares se relacionam, evidenciado aproximações e fissuras em suas lógicas de funcionamento de acordo com a camada social.