Word hard, party harder: o trabalho dos DJs no lazer noturno paulistano
Esta tese desenvolveu uma análise do trabalho dos DJs da cidade de São Paulo, que são os responsáveis pela criação e apresentação de músicas inéditas e/ou resultantes de intervenções em músicas de terceiros. A discussão girou em torno dos valores articulados no processo de identificação dos DJs como trabalhadores, considerando os elementos distintivos do trabalho artístico e musical, historicamente distantes das representações tradicionais sobre trabalho.
Este tema abre caminho para repensar pares conceituais, como polivalência e especialização, formalidade e informalidade, criatividade e reprodutibilidade, autonomia e subordinação. Os DJs se inserem no contexto de valorização do trabalho por conta própria, onde o que antes era percebido enquanto situação de precariedade, agora acaba ressignificado positivamente no campo semântico do "empreendedorismo".
As trajetórias acompanhadas apontam para uma posição limítrofe dos DJs, localizada entre os discursos sobre a "profissionalização" do trabalho artístico e musical, buscada por um esforço coletivo de regularização, e os discursos sobre a manutenção da autonomia criativa, mobilizando ambas as representações estrategicamente.
As redes sociais resguardam um papel protagonista no acesso dos DJs ao mercado de trabalho, possibilitando uma aplicação do conceito de "capital social" na explicação da relevância das parcerias informais para o levantamento dos convites de apresentação.
Trata-se de uma atividade que sempre conviveu com as consequências diretas da intermitência e da informalidade, que nasceu em um contexto de flexibilização, no qual se confrontavam os ideais da técnica aprendida e do "talento" inato.
A metodologia da pesquisa foi qualitativa, baseada na observação de campo, visitando apresentações de DJs de diferentes estilos musicais em São Paulo, bem como em entrevistas semi-estruturadas, para verificar as especificidades das negociações dos contratos e das remunerações.