Brás, Moóca e Belenzinho: formação e dissolução dos antigos bairros "italianos" além-Tamanduateí
No período que se estende, grosso modo, de 1870 até os anos de 1940, o Brás (incluindo parte do atual Pari), a Moóca e o Belenzinho transformaram-se, de subúrbios de chácaras em bairros industriais e operários. No final do século XIX, quando São Paulo apenas despontava no cenário urbano brasileiro, Brás, Moóca e Belenzinho incluíam-se entre os novos bairros que nasciam na capital pela concentração do contingente crescente de imigrantes que afluía à cidade uma vez iniciada a Grande Imigração, promovida pelo governo brasileiro no quadro de substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre. Destacou-se como maior concentração de imigrantes e de fábricas da cidade e destacou-se como núcleo de intensa vida própria, a ponto de merecer a designação de “ou tra cidade”, frequentemente atribuída ao conjunto até os anos de 1940. Mas, essa “outra cidade”, esse conjunto de bairros, sofreram, na segunda metade do século XX, um processo muito intenso de descaracterização, no sentido da dissolução de sua antiga identidade como bairros de imigrantes que, ao mesmo tempo que os distinguirá na cidade, constituira elemento de redefinição da própria cidade.