O lugar da mulher no sindicato: embates e reflexões sobre a conquista de um espaço
Essa dissertação tem por objetivo analisar e investigar uma configuração histórica específica no sindicalismo brasileiro em que se interseccionam três campos importantes de pesquisa das Ciências Sociais, quais sejam, Sindicalismo, Classe e Gênero. Nosso cenário é São Bernardo do Campo, no ABC paulista, entre o final da década de 1970 até início da década de 1980. A escolha desse recorte se dá em razão de ser um período de importantes greves em curso e onde pudemos analisar, através das leituras e documentos, novas experimentações da participação da mulher nos espaços sindicais, como o I Congresso da Mulher Metalúrgica de São Bernardo do Campo e sua participação em organismos das greves operárias deste período e lugar. Nosso objetivo foi trabalhar a partir de perguntas como ‘qual é o lugar ocupado pelas mulheres’ e ‘como elas se veem e são vistas’ dentro das organizações políticas sindicais, e em especial, dentro daquela sobre a qual nos debruçamos, o Sindicato dos metalúrgicos do ABC. Atravessaram necessariamente questões mais gerais ou específicas, como o modo como a força de trabalho feminina é empregada e o seu papel do ponto de vista da reprodução (e produção) do capital; a sociologia e historiografia produzidas acerca dos embates entre novo e velho sindicalismo; o fazer político sindical como espaço masculino e a possibilidade de abrir frestas para novas práticas.