Contribuição ao Estudo da Prática dos Trabalhadores em Saúde: análise de caso de um centro de saúde de Ribeirão Preto, SP
Este estudo nasceu durante as experiências adquiridas na formaçäo acadêmica, da prática profissional e da reflexäo sobre o trabalho desenvolvido atualmente no sub setor público de saúde. O objetivo foi caracterizar e analisar as representaçoes dos trabalhadores de saúde em relaçäo ao seu próprio trabalho, tendo como fundamentaçäo as políticas de assistência à saude no Brasil, no período de 1967 a 1987 e a produçäo teórica sobre a força de trabalho no setor. Os dados foram coletados através de entrevistas e observaçäo direta do cotidiano dos trabalhadores no Centro de Saúde I (CSI) de Ribeiräo Preto-SP, no ano de 1988. O grupo estudado constitui-se de trabalhadores ligados diretamente à assistência, quais sejam: atendentes de enfermagem, visitadores sanitários, enfermeiros e médicos. A exposiçäo do trabalho foi dividida em cinco partes. Nas três primeiras discute-se as políticas sociais no estado moderno; a evoluçäo da assistência à saúde no Brasil e a produçäo teórica sobre os trabalhadores do setor: na quarte parte analisa-se os conteúdos das observaçoes de campo e das entrevistas, buscando identificar se os trabalhadores desenvolvem suas atividades diárias influenciados ou fundamentados pelos principais aspectos abordados nas três primeiras partes. Esta quarte parte desdobrou-se em sete ítens. Nos dois primeiros säo descritas as principais modificaçoes ocorridas na Secretaria Estadual de Saúde e a descriçäo dos trabalhadores entrevistados quanto a: idade, sexo, jornada de trabalho e salários percebidos. Nos ítens seguintes foram desenvolvidos os núcleos temáticos que versaram sobre: representaçäo dos trabalhadores sobre as necessidades da populaçäo; visäo do próprio trabalho e da organizaçäo institucional; expectativas frente ao trabalho desenvolvido; visäo da política atual no setor saúde e a concepçäo do processo saúde e doença. As consideraçoes finais, que constituem a quinta e última parte do estudo, ressaltaram e/ou revelaram o quäo distante estäo os trabalhadores da finalidade e da dimensäo social do próprio trabalho, como também a falta de politizaçäo dos mesmos no enfrentamento dos problemas do sub-setor público de saúde. Estas características encontradas foram coerentes com o modelo autoritário de assistência à saúde adotado nos últimos vinte anos, bem como a produçäo teórica estudada. Reverter este quadro, no nosso entendimento, demanda um processo exaustivo de politizaçäo social. Apesar das limitaçoes deste estudo, acredita-se na sua contribuiçäo no processo de transformaçäo do atual modelo de assistência rumo a reforma sanitária brasileira.