A Experiência de Educar na Rua: re-descobrindo possibilidades de ser-no-mundo
Por intermédio de depoimentos de educadores de rua procuro conhecer suas vivências, questionamentos, dúvidas, críticas e propostas. Sabemos das condições miseráveis nas quais vive grande parte da população brasileira e da violência reinante em todos os espaços de convivência social. São duas problemáticas fundantes, não necessariamente interligadas, porém recorrentes no cotidiano daqueles que elegeram a rua como espaço de trabalho e coexistência. O contato constante com elas provoca no educador uma angústia tão intensa, que o faz questionar sua escolha e possibilidades de promover alguma mudança na realidade. Por outro lado, a relação com as crianças e adolescentes que encontram na rua seu espaço de sobrevivência, que, por sua riqueza, envolve os educadores, aguçando a criatividade para procurarem novos caminhos que possam competir com os macro e micro entraves. Uma formação acadêmica e vivencial tem se mostrado importante para esse educador, pois nesse trabalho ele é levado a repensar seu valores, posturas e convicções, questionando os diferentes modos de viver das pessoas com quem trabalha, colegas e educandos. Constantemente é convocado a rever sua história e seus posicionamentos. Nesse caminho, a supervisão revela-se como espaço que possibilita um distanciamento, facilitando contatos melhor sintonizados com a diversidade de mundos. Experiência prazerosa e dolorida, o educar na rua conduz-nos ao sentido original da ética: o cuidado.