Memória, preservação e patrimônio

A presente pesquisa trata da história do edifício do Museu Paulista da Universidade de São Paulo, concebido como Monumento à Independência do Brasil. É tratado o tema juntamente com as vicissitudes que envolveram o autor do projeto - o arquiteto italiano Tommaso Gaudencio Bezzi - desenvolvendo-se uma análise do projeto e visualizando o conjunto de sua obra. Sobre Bezzi também se discorre a respeito, pois os elos de ligação entre o arquiteto e esta obra são muito fortes. As dificuldades passadas principalmente no período histórico onde houve a transição do regime monárquico para o Republicano, implicaram na paralisação da obra, resultando o edifício inacabado. A partir da transformação do edifício em museu, pelo governo do Estado de São Paulo, foram realizadas intervenções na arquitetura. Neste sentido trata-se a questão da preservação deste monumento como documento histórico, no que se refere ao respeito e critérios de intervenção no patrimônio arquitetônico, como objetivo de preservá-lo como um objeto da memória nacional.

Este trabalho busca a reflexão sobre o significado do centro da cidade de São Paulo para seus habitantes. Está baseado no desenvolvimento de entrevistas a serem aplicadas à população. O grupo pesquisado é composto de moradores, trabalhadores e freqüentadores do centro da cidade de São Paulo. O centro aqui considerado é o centro histórico que engloba o Centro Velho e Novo de São Paulo, respectivamente distritos Sé e República. A cidade de São Paulo exibe um panorama que se apresenta através de muitas discussões sobre segregação espacial e social, desigualdades sociais, alterações bruscas na paisagem gerando um processo de destruição de lugares, no sentido físico, concreto e figurado, para construção de outros, suas diversas centralidades e é nesse quadro que se desenvolve a pesquisa onde se busca descobrir qual o sentido histórico coletivo do centro da cidade para a população, pois tem-se como premissas que de acordo com o significado que nós depositamos em um lugar, de acordo com o que ele representa para nós, vamos ter uma atitude perante ele e que uma cidade precisa manter certas relações sociais que são preservadas através da valorização de espaços que carreguem em si significados que criem uma identidade à população e transmitam o respeito necessário aos seus cidadãos. O referencial teórico se baseia na reflexão sobre o conceito de "experiência vivida" que é explorado de forma muito profunda e esclarecedora pela geografia humanística e suas filosofias de significado.

O objetivo deste estudo foi o de verificar como a atividade turística é, potencialmente, indutora do desenvolvimento de uma região. Tendo como premissa que o turismo, enquanto atividade econômica, realiza uma transferência espacial de renda de um centro emissor para o centro receptor, a região turística, analisou-se de que forma isso ocorre, gerando desenvolvimento. A análise tomou como objeto de estudo a Região Metropolitana da Baixada Santista. Seu potencial de atração turística, ligado aos recursos naturais, à localização estratégica junto a um grande centro emissor de turistas - a cidade de São Paulo - e ao número significativo de segundas residências ali existentes foram fatores relevantes para a escolha dessa região. Nos três capítulos iniciais, fez-se uma reflexão teórica sobre os conceitos de espaço e região e sobre a teoria do desenvolvimento econômico. Essa fundamentação teórica centrou-se, principalmente, nas obras de Milton Santos, José Luiz Coraggio e Luiz Augusto Q. Ablas. Nos quatros capítulos seguintes buscou-se verificar como a atividade turística participa do desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista. A pesquisa foi realizada no período de 1997 a 2000. Um conjunto de indicadores socioeconômicos possibilitou o entendimento de como a atividade turística contribui para o desenvolvimento da região estudada.

A tese aborda como os aspectos espaço-temporais da modernidade de São Paulo - destruição/construção, segregação socio-espacial e preservação - são articulados pela memória coletiva e individual, constituindo a identidade de um outrora bairro operário, atualmente marcado por um caráter multicultural, o Brás. Analisa como estas memórias são construídas por diferentes sujeitos (o Estado, a universidade, as associações, os movimentos sociais, a população) a fim de legitimar os seus lugares e o lugar do outro na vida cotidiana, bem como nas situações de conflito em torno dos projetos de preservação arquitetônica e urbana no bairro nos anos 1990.

Vários estudos foram realizados nas últimas décadas, tendo por temática o Museu Paulista, o Monumento, Afonso de E. Taunay e suas coleções, contribuindo para o conhecimento teórico e prático do patrimônio arquitetônico, histórico, artístico e cultural de São Paulo e, possibilitando em muitos casos, intervenções pontuais. Uma questão sempre presente é a imagem do Museu-Monumento como Memória, Memorial, Panteão, lugar de História, pelo fato de estar no "sítio do Ipiranga" onde aconteceu a Independência. Forte ainda, muito relacionado com Afonso de Taunay, é a questão do Bandeirante, difundida em imagens e publicações. Outra refere-se a ornamentação do Museu, preparado e organizado por Taunay, para os festejos do Centenário da Independência em 1922, cuja permanência permite várias interpretações e leituras. A época foi propícia para que a ornamentação fosse executada, tendo em vista o apoio oficial, com recursos financeiros, em todas as instâncias e a participação da sociedade, da elite paulista. Este trabalho pretende reencontrar as várias partes desta ornamentação, descrevê-las e, através da análise dos vários segmentos, que a compõe, contribuir para conhecimento da sociedade dos inícios do século passado e dos estudos históricos que surgiram em decorrência dessa representação.

O trabalho analisa as variáveis ambientais com a finalidade de elaborar um diagnóstico de qualidade ambiental urbana como subsídios para o planejamento socioambiental. As variáveis socioambientais foram levantadas na Avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini, na cidade de São Paulo, em uma área de intensa urbanização e de importande centralidade econômica. O procedimento metodológico estabelecido para alcançar os objetivos do trabalho fundamentou os estudos de percepção ambiental, evolução socioeconômica e a análise espacial do zoneamento urbano e ocupação do uso do solo. Com base nos resultados obtidos, foram sugeridas ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população como: melhorar o trânsito, aumentar a segurança, fechar os buracos do canteiro central, cuidar das praças, estimular a arborização, dar assistência aos moradores de rua, criar espaço de lazer e cultura, expandir o comércio, conservar a limpeza na área, colocar mais cestos de lixo e aprimorar a iluminação.

Entre os últimos anos do século XIX e as primeiras décadas do século XX, a cidade de São Paulo entra num processo de transformações urbanas e modernização, decorrentes especialmente das novas configurações do capitalismo internacional e dos desdobramentos da Revolução científico-tecnológica. A intenção é a de tentar reconstituir o estranhamento / encantamento sentidos pela população paulistana em função do contato com os novos artefatos tecnológicos, que chegam à cidade nesse período. Utilizando, para isso, a documentação produzida pela empresa São Paulo Tramway Light Power Co., além da produção de cronistas e escritores contemporâneos, bem como memorialistas. Procuramos, também, relacionar as percepções sociais que ocorrem no nível do cotidiano com aspectos mais gerais das transformações urbanas, como a questão do trânsito na cidade, pensados aqui como protofenômenos da configuração urbana que surgira posteriormente. Pretendemos, assim, investigar algumas das práticas, formas de sociabilidade e representações geradas por esse processo histórico.

Analisando sete filmes paulistas produzidos nos anos 1980, este trabalho busca perceber os possíveis significados das imagens construídas sobre a cidade de São Paulo. São eles: Cidade Oculta, de Francisco Botelho; Anjos da Noite, de Wilson Barros; Anjos do Arrabalde, de Carlos Reichenbach; A Dama do Cine Shangai, de Guilherme de Almeida Prado; Wholes, de Cecílio Neto; Disaster Movie e Diversões Solitárias, de Wilson Barros. Num primeiro momento, apresento uma discussão centrada na representação fílmica das metrópoles e mais especificamente São Paulo. Em seguida, os 7 filmes ganham o primeiro plano e são trabalhados através de temas transversais como tempo, espaço e a relação indivíduo/cidade. Nesta análise antropológica a abordagem da questão do trânsito entre imagem, imaginário, memória e experiência tornou-se essencial sendo o fio que alinhava todo o trabalho.

Analisa como se constitui historicamente a migração de nordestinos. Tece considerações sobre de que forma a migração é tratada nas interpretações correntes a respeito do tema. O trabalho está baseado em informações coletadas em teses, partes de romances, letras de música e textos específicos a respeito do cotidiano na cidade. Não foram utilizados critérios de idade, sexo ou faixa etária, mas a presença no lugar e o acontecimento do encontro entre os migrantes e a pesquisadora. A experiência da migração dando-se geralmente na vida adulta preserva os quadros da memória da infância. No caso dos nordestinos migrantes, a formação de práticas de vida social fixadas de maneira objetiva na forma da fala, ritmo e sonoridade são mantidos pela continuação do contato familiar. Isso significa dizer que há um diferencial cultural e neste sentido ele persiste - uma diferença que não existindo na origem é re-encontrada como estrela-guia nas mais variadas histórias de vida.

A pesquisa tem por objetivo resgatar momentos da história da vida cotidiana do operariado paulista durante o período em que se desenvolveu a Revolução de 1932. Com base numa documentação escrita, composta por textos de jornais e relatos de ex-combatentes da guerra, reconstruímos uma narrativa sobre aqueles dias, procurando compreender o lugar dos trabalhadores num movimento definido pela historiografia tradicional, como burguês. Excluídos da memória histórica sobre 1932 tanto pelo discurso das elites burguesas quanto pelo discurso da produção historiográfica até a década de 1970, os operários aparecem nas lembranças sobre 1932 de forma ambígua: ou como um grupo que se negava a contribuir com o movimento ou como um grupo que, iludido pela ideologia dominante, lutava numa guerra que não era sua. Resgatando as falas de vários grupos, veículos e personagens envolvidos neste processo, nos aproximamos de um ponto de equilíbrio que nos permite compreender melhor asdimensões desta relação entre consciência e dominação, no período.