A Caridade e a Assistência: o processo de reordenamento socioinstitucional "vivido" no cotidiano de uma instituição religiosa espírita prestadora de serviços socioreligiosos localizada na Rocinha - cidade do Rio de Janeiro
Esta dissertação tem como objeto de estudo o processo de reordenamento socioinstitucional “vivido” no cotidiano de uma entidade espírita prestadora de serviços sociorreligiosos. O reordenamento, como um paradigma consignado pelo Sistema Único de Assistência Social – SUAS -, estabelece um padrão de gestão e de qualificação dos serviços socioassistenciais. Isto significa para as instituições do “universo filantrópico religioso” o imperativo de adequar uma prática tradicional sociorreligiosa para poder ofertar serviços e benefícios socioassistenciais, em conformidade com o marco regulatório do SUAS. O que implica, em um processo de mudança da cultura organizacional, mediante ações pedagógicas, a partir do qual a caridade permanece, mas em seu significado original de princípio ético que fundamenta um padrão de sociabilidade reconhecedor do outro como sujeito de direitos. A base teórica do estudo se estrutura na concepção de proteção social como experiência humana, levando em conta suas duas dimensões - proteção primária e secundária e, ainda tem como referência três conceitos, considerados fundamentais, por se constituírem em pedras angulares de três modelos de proteção social que marcaram a trajetória da assistência social no Brasil: CARIDADE, FILANTROPIA e JUSTIÇA. Para tanto, utilizou um tipo de investigação denominado de Observação Participante. No caso, aplicado em uma experiência singular de reordenamento de uma instituição religiosa espírita localizada na Rocinha – cidade do Rio de Janeiro – que tem, além da missão de estudar, praticar e divulgar o Espiritismo, assumiu como finalidade estatutária a de ofertar serviços e benefícios socioassistenciais previstos na Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS A Observação Participante constatou mudanças organizacionais mediante: a implementação da Unidade de Serviços e Benefícios Socioassistenciais que passou a integrar o Estatuto da Instituição; determinação de funções distintas para o Atendimento Espiritual (atividade religiosa) e a Unidade de Serviços e Benefícios Socioassistenciais (em conformidade com a Política Nacional de Assistência social) com o desenho de fluxos e procedimentos; definição de papéis específicos para a equipe de voluntários do Atendimento Espiritual e da equipe técnica do U. de Serviços e Benefícios Socioassistenciais; mudanças na “ cultura organizacional” com a constituição de um grupo de trabalho para elaborar agenda de formação de voluntários considerando a caridade como virtude eminentemente relacional que possibilita mediações entre a igualdade e as diferenças mediante a convivência.